sábado, 17 de dezembro de 2011

CÁ ENTRE NÓS, CHEFES


EImer Souza Pessoa
  "Viver como Escoteiro é crescer como indivíduo!".

Reflexões de um “Velho Lobo”
26 - CÁ ENTRE NÓS, CHEFES
Como Chefe em um Grupo Escoteiro, tive várias vezes à oportunidade de abordar, nos Conselhos de Chefes, um tema que considero de muito interesse para o Escotismo, que acredito ser conveniente resumi-lo em umas tantas linhas para serem repassadas, a fim de fazê-lo chegar a um maior número de Chefes.

“- E que assunto tão importante será esse?” estará você perguntando.
Pois bem, meus caros Chefes, tratam-se da falta de variedades nas atividades escoteiras! O risco das reuniões maçantes!

O jovem ingressa no Escotismo atraído e entusiasmado pelo ambiente de aventura, pelo anseio de vida ao ar livre, pelo desejo de fazer alguma coisa bem diferente do quotidiano da sua vida rotineira e monótona da escola e até mesmo do lar.

Porem, o que acontece? O ideal seria que o jovem conservasse sempre aquele entusiasmo inicial; que para ele, cada reunião ou cada excursão fosse uma nova aventura, uma nova experiência de algo interessante e útil.
Assim, os jovens ao invés de perderem o entusiasmo, o aumentariam ao irem vivenciando e compreendendo, cada dia mais, as maravilhosas aventuras que o Escotismo oferece.

Na maioria das vezes, as seções vão entrando por um caminho de monotonia e rotina que, em poucos meses, liquidam com o entusiasmo do melhor dos Escoteiros.
E isso é lógico se o jovem sabe que, nas reuniões, sempre se faz a mesma coisa; que as excursões e acampamentos são realizados sempre nos mesmos lugares e com umas pequeninas variações em algum jogo ou atividade.

O Escotismo para ele vai perdendo esse romance, esse espírito de aventura, de novidade, até chegar inevitavelmente o momento em que o jovem passa a considerá-lo como quaisquer outras tantas associações e clubes e, então, prefere empregar melhor o tempo que gastaria nas reuniões e atividades, indo ao cinema, a praia ou qualquer outra espécie de passa tempo ou até de outra índole...
Neste momento estará se instalando a evasão na seção e só não fecha porque a procura também é grande, mantendo uma alta rotatividade. Um sai e outro entra, permanecendo por algum tempo, até cansar.

Para o jovem, o importante é o “divertimento” que a aventura proporciona! Se ele não encontrar essas qualidades, ele sai. Vira rotina na seção. Eles não estão preocupados com a formação de seu caráter...
Contribuir para a formação do caráter é problema nosso, dos adultos, e para isso temos que mantê-los na seção.

Não podemos estabelecer por princípio de que os Chefes sejam os únicos responsáveis de tal situação, pois existem muitas outras causas que também influenciam.
Porem, falando francamente, na maioria dos casos, os Chefes são realmente os responsáveis. Culpados? Nem sempre... Mas responsáveis, sim!

Umas vezes, por falta de tempo, outras por falta de entusiasmo e até por falta de preparação. Muitas vezes os Chefes ainda estão em processo de capacitação.
Mas, onde a falha está sempre é na falta de novas atividades; na falta de iniciativa para dar o toque de variedade, de novidade nos jogos e nas atividades e aventuras já conhecidas.

Esquecem com freqüência a trilogia da boa programação: tem que ser atraentes progressivas e variadas!  
Sabemos que é relativamente trabalhoso manter atualizado o repertório de jogos e atividades apresentando sempre novidades, mas também é certo que o repertório existente e já conhecidos, com um pouquinho mais de trabalho e criatividade, podem receber variações interessantes. E, não esquecer que o efetivo muda, no máximo, a cada quatro anos...

O mesmo acontece com os cardápios. Um mesmo alimento pode ser apresentado de formas diferentes, dando a impressão que estamos comendo algo de novo.
Um bom Escotista não deve contentar-se em apenas possuir uma boa caderneta de jogos e canções. O que deve, acima de tudo, possuir a inquietude e iniciativa suficientes para fazer e apresentar programas diferentes nas reuniões, excursões e acampamentos.
Buscar novas idéias que as tornem mais atrativas e que tenham algo de mistério e aventura. Bolar um fundo de cena desafiante, que desperte a curiosidade e tenha um toque de conhecimento das técnicas escoteiras...

Trazer uma nova música, mesmo adaptando a letra a uma canção popular de sucesso, aproveitar o conhecimento de outros Chefes e outras pessoas que desejam colaborar, sempre traz um ar de novidade. É o ato famoso de “dourar a pílula”! 

Quantas brincadeiras que aparecem na internet e a transformamos, sem muito esforço, em um bom jogo para “Dia de Chuva”?
Enfim, o Chefe eficiente está sempre “ligado” para reconhecer uma nova atividade em sua rotina profissional e deve ter sempre a ansiedade de conseguir algo novo e diferente para apresentar aos seus Escoteiros na próxima reunião.

Atos simples, como mudar constantemente a forma de inspeção da Tropa antes do Hasteamento da Bandeira já diferencia o início de uma reunião. Uma canção com movimentos já completa esse início, dando mais vida e alegria. Eliminar logo no início aquele que erra o “Jogo Quebra Gelo” é um ato que desanima quem vem de sua casa para se divertir na Tropa. Deixe-o continuar jogando agachado...

Técnicas para tornarem as reuniões eletrizantes existem aos milhares e se você é novo na chefia, consulte um Chefe mais experiente e recorra aos livros de jogos. Se você se empenhar em melhorar suas reuniões, verá que a cada dia vai tornar-se mais fácil e logo terá uma resposta positiva de sua seção!
Tente com força e verá o resultado!

Ilmar S. Pessoa – DCIM - 1984/2011.
55º MORVAN – Santos/SP.