sábado, 10 de dezembro de 2011

A PROMESSA ESCOTEIRA


Não vamos tentar consertar a culpa do passado vamos aceitar nossa responsabilidade pelo futuro.

A PROMESSA ESCOTEIRA
                           
Vários fatores são importantes para evitar a rotatividade (entrada e saída de jovens). Um deles acredito ser a Promessa Escoteira, feita talvez sem conhecimento e que muitas vezes não marcam o dia para sempre.

Sem tentar modificar ou mesmo influir nos Grupos Escoteiros que realizam a Promessa, ela é ponto preponderante para que o dia seja muito especial para o noviço e que sua permanência seja frutífera por muitos e muitos anos. Seja ele lobinho (a), escoteiro (a) sênior, guia ou pioneiro (a) ou escotista.

Deve ser um dia esperado, contado, sonhado, marcado por ele (o (a) noviço (a)). É uma cerimônia individual e não coletiva. Ele é a pessoa mais importante naquele dia. Para isto os escotistas responsáveis devem seguir algumas pequenas regras e não tentar modificá-las sem conhecimento de causa, só porque a situação momentânea assim o exigiu.

Acredito e não tenho nenhuma sombra de dúvida que é uma cerimônia da sessão, privada, sem a presença de outras pessoas. A participação é exclusiva para o Chefe do Grupo (Diretor Técnico – não me acostumo com a mudança) e os escotistas da seção. Se houver mais de um pronto para a promessa, esta deve ser realizada em dias diferentes.

Entendo que em ocasiões especiais, até dois noviços podem fazer a promessa no mesmo dia, mas um de cada vez. Nunca para economizar tempo fazer simultaneamente.

No entanto quando é a entrega de algum certificado, seja de especialidades, de classe ou de tempo no movimento estes sim devem ser realizados com a presença se possível de todo o Grupo Escoteiro. É dia de festa, marcado por alegria e visto por todos para que a motivação seja constante.

Aproveito o adendo para afirmar que inclusive a entrega da Insígnia da Madeira deve ser feita com todo o Grupo Escoteiro presente e não em atividades nacionais, distritais e regionais. Está ortoga é importante demais para ser celebrada somente por aqueles que não participaram da vida e do crescimento do interessado em seu habitat natural.
 
Voltando pra a Promessa, pode-se até convidar os pais ou responsáveis e isto é interessante, pois, reforça o orgulho do (a) noviço (a) e claro dos pais, pois vão se orgulhar e muito daquele dia. Não convide autoridades, políticos, a não ser se estão de uma maneira ou de outra ligada na cerimônia. Repito, não é uma cerimônia pública.

A propaganda, o proselitismo e o marketing não fazem parte da promessa na comunidade. Existem outras formas para isto. Tenho dois artigos a respeito e que podem ser visto aqui mesmo neste blog.

Já vi diversas cerimônias sendo feitas por uma gama enorme de Grupos Escoteiros. Claro, como dizia BP o importante é o resultado. E se deram bons frutos não se muda o que está dando certo. Entendam-se como bons frutos a permanência do promessado por um período mínimo de 3 anos no movimento. Não um, mas todos os jovens ou adultos que fizeram sua promessa.

Não se faz uma promessa sem uma preparação com antecedência. Não importa quem seja. Do Lobinho ao Escotista. Surpresas devem ser para certificados, agradecimentos, elogios, condecorações entre outros. Nunca para uma cerimônia de promessa.

Acreditamos que as etapas solicitadas por cada sessão, foram cumpridas. Acreditamos também que no caso dos lobinhos, o responsável já conversou com ele, mostrou sua responsabilidade (lembrar sempre do melhor possível), o que se espera dele, o significado da Promessa e da Lei do Lobinho. O orgulho do uniforme (só veste neste dia), sua manutenção, apresentação, do garbo e finalmente se ele ou ela estão prontos para a Promessa.

Tanto nas seções escoteiras, seniores e guias, o caminho é o mesmo, alterando somente a responsabilidade do monitor e da Corte de Honra. Cabe ao monitor preparar o noviço (a), cabe a ele também comunicar ao chefe responsável que está preparado e na reunião da Corte de Honra é apresentado o noviço e esta aprova colocando no livro de ata o dia e a hora da Cerimônia da Promessa.

O Chefe da Seção deve ter uma conversa com o noviço (a), saber se ele entende a Promessa que vai realizar, dos artigos da Lei, que agora passarão a ter outro significado e após aconselhamentos a cerimônia é programada próxima reunião ou em data determinada, nunca no mesmo dia. Esta conversa é muito importante e é feita a sós, mostrando que o chefe confia que o jovem ou a jovem esta em perfeita condições para assumir mais esta responsabilidade em sua vida.

Lembramos que no caso de adultos as direções nacionais tem norma específica e esta deve ser do conhecimento não só do Chefe do Grupo (o tal de Diretor Técnico - desculpe) como do postulante a escotista.

BP era enfático ao dizer que qualquer um pode ingressar em um Grupo Escoteiro, mas ser escoteiro não é para qualquer um (disse em outras palavras). O Espírito Escoteiro, tão delineado e comentado faz parte da iniciação quando da promessa em toda a vida escoteira. 

A apresentação do (a) noviço (a) no dia da cerimônia é feita pelo primo ou monitor. Apresentado ao chefe da seção dá-se o seu inicio. Forma-se em ferradura e no caso de alcatéia pode se escolher em circulo ou não (a critério da sessão.)

Muitos escotistas acham que a promessa deve ser repetida pelo jovem e não dita diretamente. Eu fico com a segunda parte. Acho que o jovem deve saber bem a promessa e dizê-la com toda clareza. Isto vai fazer com que o significado seja bem maior. Nesta parte, acho que cada um deve analisar qual é a melhor para a cerimônia.

Acredito que o que se diz e como é feito é do conhecimento geral. O responsável pela cerimônia é o chefe da seção. Compete ao chefe do Grupo colocar o lenço, ao chefe da seção o distintivo de promessa um assistente o certificado e ao primo ou monitor o de matilha ou patrulha.

O responsável dirigirá breves palavras aos presentes, uma palma escoteira, ou Grito da Tropa ou Grande Uivo. Nunca mais de que 10 ou 15 minutos. Será recebido pela matilha que vai abraçá-lo ou pela patrulha onde será cumprimentado e dado o Grito da Patrulha.

Tenho visto promessas de escotistas, que muitas vezes são pegos de surpresa, nem uniforme possuem (inclusive não devem usar antes da Promessa – vide normas regulamentais para se inteirarem melhor do assunto). Isto acontece porque o Grupo Escoteiro acredita que nesta cerimônia eles ficarão mais interessados na participação com as seções do grupo (leiam alguns artigos aqui publicados onde faço comentários sobre o assunto)

Claro que é um erro e não é uma cerimônia benéfica, pois aqueles que acreditam que poderão motivá-los e contar com sua colaboração imediata se enganam. Os interessados não têm uma idéia do que está acontecendo, ficam surpresos e no futuro caso permaneçam sua experiência vai prevalecer da mesma maneira quando forem chefiar alguma seção. Existem exceções, mas são poucas.

Acredito que tal assunto é muito comentado nos cursos aplicados pelas direções nacionais, pois tanto nos manuais antigos como os novos, os sistemas aplicados não devem diferir muito.

Cada um de nós escotistas, se fossemos firmes na maneira de agir, conforme nós aprendemos nos cursos, no aprendizado da escola da vida e em nossa biblioteca escoteira (você tem?), estaríamos contribuindo muito para o crescimento qualitativo e quantitativo do Movimento Escoteiro no Brasil.  

Infelizmente nem todos ainda se imbuíram desta responsabilidade. Aprendem mas executam de modo diverso. Estudam e não aplicam. Acreditam fazer o certo e mesmo vendo uma centena de jovens abandonando o movimento, acham que não são culpados. (alguns nem se preocupam com isto)

Mas todos nós temos culpa. Deixamos de fazer o certo por acreditarmos que o certo é o que fazemos. Nunca nos preocupamos porque tantos abandonam o movimento, porque somos tão poucos e apesar de acharmos o escotismo maravilhoso, a ponto de alguns dizerem que sem o escotismo não seriam felizes outros não dizem o mesmo. Estes não se interessam, podem ser amigos, vizinhos, conhecidos da comunidade, do trabalho, enfim não acreditam no que você está fazendo e sempre estão se desculpando por falta de tempo, desconhecimento, ou mesmo por achar que o escotismo não é o que esperam de um do trabalho voluntário.

Dizer que existem falhas na direção nacional na Região ou mesmo no Distrito e que estes são mal administrados é muito fácil. Observar os erros dos outros sem olharmos para nós próprios é muito comum em nosso meio. Quando passarmos a preocuparmos o porquê, como, quando e onde erramos aí sim teremos um escotismo melhor.

A promessa é somente a ponta do iceberg. Muito do que realizamos em nossos Grupos Escoteiros o fazemos sem olhar para frente e para o passado. Quantos somos e o que seremos fica uma incógnita. Isto vai depender de todos. De mim, de você e de todos os escotistas brasileiros.

Tente fazer sua própria pesquisa em seu Grupo Escoteiro. Seja leal com você mesmo. Não enxergue somente a alegria de hoje nos jovens que participam. Tentem ver os que não estão mais. Analise o por que. Procure meditar pesquisando a falta de adultos em seu grupo. Se o escotismo é formidável, se você não pode viver sem ele, se ele é a razão do seu modo de ser é interessante analisar porque também os outros não participam. Onde está o erro?

Você conhece uma seção do movimento escoteiro, onde seus membros, quase todos tem a maturidade adquirida por muitos anos ali, onde o chefe é veterano assim como seus assistentes? – Nestas as vagas são poucas. São preenchidas por jovens advindos da alcatéia, ou advindos da tropa escoteira. Os novos devem aguardar ou então claro, formar a segunda ou terceira alcatéia ou tropa. Que bom não?

E para terminar, pergunte a você mesmo o que pode fazer para ajudar. Plagiando John Kennedy repito - meus irmãos dirigentes adultos do Movimento, não perguntem o que o escotismo podem fazer por vocês. Perguntem o que vocês podem fazer para o escotismo. Que ele seja grande e forte e possa dar a juventude brasileira o que nós recebemos.


Não conheço nenhuma fórmula infalível para obter o sucesso, mas conheço uma forma infalível de fracassar: tentar agradar a todos