sexta-feira, 12 de abril de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Os Velhos Lobos não perdem a razão.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Os Velhos Lobos não perdem a razão.

                     Não, não perdem. Perdem os dentes, mas a razão? Lembro-me do Chefe Topázio que dizia: - Vado Escoteiro louco não é o homem que perdeu a razão. Louco é o homem que perdeu tudo menos a razão. Vez ou outra um de nós velhos escoteiros partem para outras plagas, alguns dizem o Grande Acampamento no Céu, eu matuto mineiro fico “abestado” e digo que irei primeiro dar uma volta na galáxia, quem sabe ver um “buraco negro” que os cientistas descobriram e dão pulos de satisfação. Quem sabe volto ao Grande Acampamento, mas só para dar um Sempre Alerta um abraço nos amigos que foram antes de mim e no meu menestrel máster Baden-Powell. E depois partir. Mochila nas costas, Chapelão no cuco, ventos a favor e pegar carona no primeiro cometa que passar... Destino? “Confins do universo”!

                    Não sei quando será minha hora. Isto não depende de mim. Antes de partir para as conchichinas das mil galáxias, faço o que posso para dar minhas pitadas, escrever meus contos, deitar e rolar com minhas crônicas e no dia seguinte ver que elas não foram tão interessantes assim. Nenhum comentário, poucas curtidas e male-male um ou dois compartilhamentos. Tentei me reciclar, ficar mais moderno, até ganhei um celular do meu filho, mas caramba ele é cheio de incógnitas, tem percevejo e muitas coisas que não vejo. Estou vivendo um momento único, às vezes firme e forte como um ovo de Colombo, outras pensando o que vão escrever no meu epitáfio: - “Aqui jaz, um escritorzinho fajuto contador de histórias”.

                    Já pensando no meu futuro lá no céu, pego minha sela, arrio o meu cavalo e parto célere para uma viagem intergaláctica. Nada de Interprise. Chega de Doutor Spock, do Capitão James T. Kirk e do Doutor Leonard McCoy. Irei a cavalo mesmo, dar uma parada em Andrômeda e seguir em frente até a estrelas XB. 8414 (jogue no bicho se quiser) onde amarrei minha égua. Se encontrar alguém contarei potocas, vida assoberbada de um escoteiro feliz.

                    Mas chega de viajar, o motivo desta crônica é outro. É ver que amigos e irmãos escoteiros estão partindo deixando para trás um belo escotismo saudoso tradicional feito com mãos de escoteiros que souberam andar com suas próprias pernas. Caramba! E hoje? Jogaram no lixo a “expertise” de um grande ideal? Papo zero de escotismo moderno. Quase todos os dias tem um que partiu para as estrelas. Sempre alguém postando: - Se foi o Chefe tal, gente fina, gente boa, vai deixar saudades e muito que poderia ainda dar ao escotismo de BP.

                     Há tempos ando pensando que uma hora dessas será minha vez, preocupado arregacei as mangas, subi nas tamancas e me pus a escrever. Iria deixar meus leitores apalermados, três postagens diárias por vez. Demais? – Chefe? Não consigo ler nem uma que de lá três? Não me importo, não sei quantas ainda irei fazer. Todo ano passo uma temporada na gafaria, cama de ferro, colchão de escoteiro novato, refeições sem sal e pimenta feita pelo Mané Bolacha cozinheiro da Patrulha Serviço de Terceira. Reclamar? E que adianta? Aí vem o frio, quem sabe irei de novo esquentar a Patrulha dos abnegados do SUS? E sempre me pergunto: - Ida e volta? Começo fim de pista e bom retorno ao ponto de reunião? Pensando assim, meto o trazeiro no banco e lá vem histórias do além-mar ou quem sabe de uma bela “Ragazza” Escoteira que quase matou de amor o Escoteiro Pedreira.

                     Só fico pensando quando vou poder ler meu epitáfio, (se tiver) e ler os comentários dos amigos leitores nas redes sociais da falta que irei fazer. Verdade mesmo Moço Escoteiro? Falta? Um dois no máximo três dias e minhas histórias meu nome meus pendores partirão célere para a eternidade junto aos amigos que se foram e hoje estão morando na terra da Legião dos Esquecidos! Enquanto isso devo prestar atenção no que escrevo, dizem amigos leitores que às vezes troco nomes, troco alho por bugalho! Como dizia o Ariano Suassuna, os doidos perderam tudo, menos a razão. Têm uma (razão) particular. Os mentirosos são parecidos com os escritores que, inconformados com a realidade, inventam outras!

                     Será que entrei de gaiato no navio? Pelo sim pelo não enquanto aguentar continuo a escrever... Três? Chefe é demais! Pensando bem devo diminuir, tenho pronto trinta e tantas histórias, vinte e oito artigos e dezoito 18 “fuçario” de boa noite. Se bater as botas ninguém vai ler. Vão ser perdidos no tempo? Jesus de Nazaré me perdoa. Onde estiver, por favor, digam a minha neta para publicar! Será que ela sabe onde estão?