domingo, 17 de novembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Associações Escoteiras no Brasil. Somos sim, todos irmãos!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Associações Escoteiras no Brasil.
Somos sim, todos irmãos!

... – Palavras de Baden-Powell: - O nosso objetivo é descentralizar a administração tanto quanto possível, a fim de evitar a burocracia e atribuir o máximo de autonomia democrática às autoridades locais. Somos mais uma Fraternidade do que uma organização, fraternidade mais movida pelo espírito e por uma lei não escrita do que por normas e regulamentos impressos.  

                  Andei me perguntando: - Porque a Escoteiros do Brasil não dá o primeiro passo para formar ou então manter um bom relacionamento com todas as Associações Escoteiras existente no Brasil? Porque essa birra, essa pirraça, processando tentando subjugar a quem quer ter liberdade de ser escoteiro onde quiser? Porque essa obstinação em querer que elas passem a serem suas afiliadas, com os mesmos deveres, com registros e aceitar sua liderança? Afinal, elas tem ou não tem direitos de ser como são? Se escolheram este caminho porque não dar as mãos como irmãos? Que tipo de Associação é a Escoteiros do Brasil que se acha onipotente, autônoma, soberana e autosufiente por não estender as mãos como deveria agir se ela tem uma lei e um artigo que diz que o escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros? Este artigo para ela é enfeite? Os outros não são escoteiros? Será que ela acredita que ser escoteiro só estando sob sua égide? Quem lhe deu este direito? Seria Baden-Powell? Onde foi que ele escreveu tal disparate? As outras associações tem que se subjugar submeter-se ou vergar para ela? Ora bolas, as explicações até hoje não me satisfazem. E uma burrice sem tamanho não tê-las como amigas e irmãs.

                 Muitos de nós sabemos como surgiram as novas Associações escoteiras no Brasil. A maioria porque seu líder discordou das normas e muitos na tentativa de mostrar um novo caminho, foram condenados ao ostracismo. Afinal dizem que devemos ser leais e obedientes as regras da Escoteiros do Brasil. Mas onde está o direito de ser oposição, de lutar pelo que acredita de ter liberdade de pensamento nas suas ações? Os defensores ou como se dizem por aí os politicamente corretos defendem os estatutos (que a EB reluta em discutir entre seus correligionários) e as normas vigentes. Alegam que existem os fóruns próprios para sugerir e propor as mudanças que julgam ser corretas. E quem acredita nisso? Se eles mesmos permanecem por anos e anos no topo do poder, podemos acreditar que possa haver alguma mudança? Sempre com o velho mote de que a WOSM (World Organisation of the Scout Movement) lhes dá este poder. Esquecem-se da WFIS (World Federation of Independent Scouts Federação Mundial o Escotismo Independente) que dá suporte a todos que querem ser escoteiros em qualquer parte do mundo.

                  Sabemos que em outros países as diversas correntes de associações escoteiras vivem harmonicamente, fraternalmente se respeitando sem impor suas diretrizes aos demais. Afinal é um direito de escolha. Quero ser escoteiro, fiz minha promessa como escoteiro não concordo com as diretrizes da minha associação, não tenho direito de me associar a outra? Afinal existe ou não no Brasil o direito a associação e escolha? Será que a Escoteiros do Brasil é a legítima proprietária do nome Escotismo e de outras denominações escoteiras? Porque os Juízes que julgaram os processos a pedido da Escoteiros do Brasil contra muitas associações não aceitaram suas ponderações? E isto em diversas instâncias? E o pior, muitas delas pretendem entrar com ação criminal em um processo Cível de reparação de cunho indenizatório contra a Escoteiros do Brasil. Belo Marketing para o Escotismo Brasileiro.  

                 Não seria maravilhoso aceitar e respeitar a individualidade de cada um? Mostrar aos Brasileiros que eles fazem atividades em conjunto, conversam, aceitam opiniões e cada um vive sua vida escoteira como escolheu? Maravilhoso seria ver todos com o mesmo pensamento de Baden-Powell, visando unicamente o jovem mostrando a ele que no escotismo ou fora dele somos todos irmãos. Esta intransigência da Escoteiros do Brasil na obrigatoriedade de exigir aos seus associados documentação para qualquer atividade é de uma tremenda inépcia. Tanto que se contam nos dedos a estupidez quando meninos foram mandados de volta por não documentar como queriam os dirigentes para fazer atividades escoteiras em suas diversas modalidades. Belo exemplo para o jovem que sonhava em participar.

                 Não sou um emérito conhecedor das outras associações escoteiras no Brasil. Infelizmente elas pecam pela transparência e é difícil se inteirar de suas atividades, seus efetivos, seus programas e seus balancetes. Se tiver eu desconheço e peço desculpas. Uma vez pedi a elas o efetivo para um artigo que estava escrevendo. Exceto de uma delas das demais não recebi resposta. A maioria vive sob a liderança de seu líder fundador e ele é imutável no cargo supremo permanecendo para sempre como o Líder Chefe. Muitas destas novas associações apregoam que fazem o Escotismo Tradicional de Baden-Powell. Merece uma boa conversa amiga este tema que não é tão praticado como dizem. Pelo menos é melhor que esta cisma hipotética de dizer que o escotismo hoje deve ser feito com a metodologia educacional moderna. Sou enfático em dizer que BP não deu procuração a ninguém para falar em seu nome. Suas palavras parece que não foram bem entendidas: - Não gosto de dar ordens: não é esse o nosso estilo, nos Escoteiros. É o sentido do dever vindo de dentro de nós que nos guia, e não deve ser imposto do exterior. Que se dane o Regulamento! “Chamem-lhe uma experiência”! E porque não se lembrar de sua frase preferida? -“Primeiro tive uma ideia. Depois vi um ideal. Agora temos um Movimento, e se alguns de vós não tiverdes cuidado acabaremos por ser uma simples organização”.

                 Quando aprendermos que no escotismo somos todos irmãos não importa a associação então com fé e amor poderemos fazer um belo movimento voltado para o jovem na sua formação moral e cívica pensando que estamos ajudando a formar uma juventude sadia para um Brasil melhor. Como seria importante podermos rezar juntos, acampar juntos, lutar juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que agora somos irmãos de sangue e ideal. Como disse Martin Luther King... Neste dia iremos aprender a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, e seremos irmãos de sangue para sempre...