quarta-feira, 22 de abril de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Ser ou não ser...




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ser ou não ser...

... – Sem rumo, sem direção, escrevi para alguns e não para todos. Tiro o chapéu para muitos que levam a sério seu papel de Chefe no Movimento Escoteiro, seja a do Brasil, seja os tradicionais ou mesmo os desbravadores, bandeirantes e florestais. Precisamos de exemplos, mas tem muitos por aí que esquecem sua promessa sua Lei e sua ética. Fraternos abraços.

Plagiando Shakespeare estou aqui pensando em copiar a sua frase célebre: - Ser ou não ser eis a questão! A minha seria, postar ou não postar eis a questão! Dizem que Shakespeare como Hamlet encontrou um crânio no meio da terra e começou a refletir quem ali esteve com vida, energia, família etc. Shakespeare pensou e questionou a sim mesmo: Se ele fez errado, se fez coisas boas sempre acaba na mesma coisa, a morte e só restam ossos no meio da terra. Magistralmente ele criou a frase “Ser ou não Ser!”. Bem não sei se a expressão é correta, pelo sim pelo não, não sou dramaturgo ou poeta como ele. Aqui costumo postar contos, artigos e inversamente ao contraditório às vezes uma mísera crônica pensando em ajudar a nossa bela criação chamada de Escoteiros, ou muito imitada hoje em dia com nome conhecido em todo planeta: A Boy Scout of America. (Hasta la vista, baby!).

Fico batendo na testa o que fazia quando o vento jogava minha barraca ao chão apesar de estar bem pregada com espeques feitos de galhos, e no lugar de um cabo usava uma lasca de finas tiras para fazer uma embira trançada isto se não encontrasse um cipó-mariri que usava com prazer. Se fosse hoje iria dizer “Cair ou não Cair?”, mas como agora estamos quarentenando e usando o meu breve espaço de tempo escrevo a mais não poder e... Postar ou não postar? O que seria melhor? Postar para os lobinhos? Escoteiros? Seniores ou Pioneiros? Todos devidamente acompanhados das lindas meninas e moças devidamente uniformizadas ou vestimentadas? “Non”! Eles estão em outra. Correm das páginas do Facebook. Aqui estão orgulhosamente os seus próceres, chefes ou lideres alguns devidamente fardados e outros não.

Eles sabem que poucos serão os escolhidos. (Em Mateus 22:14, Jesus disse que “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”). Isto mesmo, eles os jovens sabem que aqui neste mundo do faz de conta chamado Facebook poucos deles serão comentados, fotografados, elogiados já que nem sempre correspondem ao que seu Chefe nos seus atos e relatos, suas escolhas pessoais, seus chamados políticos darão o exemplo para eles copiarem. Ali estão eles saudando seus belos dotes de fazedores de notícias. E nos entretantos preferem outros caminhos para trilhar. Sinceramente sem ser indelicado eu gostaria de postar para eles, os jovens, as crianças, pois sei que eles sim gostam de alguém para contar uma boa história. Agora se sou lido por eles desconheço. Às vezes aparece uma humilde escoteira ou um Sênior para dar seus pitacos nos meus escritos. Opa! Ainda bem que não curtem nem lascam lá aquele “homizinho de azul batendo palmas” ou uma mão de emoji para dizer: “Chefe tô com você, gostei”.  

Talvez eu tenha culpa. Costumo elogiar aqueles que acho que merecem e mesmo alguns me decepcionando lasco uma foto, uma frases esperando que isto mostre que somos irmãos aqui na lua no sol ou nesta terra bendita. Posto poucos elogios aos jovens há não ser quando aparecem brilhantemente uniformizados, recebendo uma comenda ou promessando com orgulho e sabendo que este é seu dia especial. Copiar suas fotos não sempre é fácil. Preciso de autorização e na maioria os pais ou chefes discordam o que acho natural. Afinal a Escoteiros do Brasil tem norma, dizem até que pode ser processado quem autorizar. Mas o Chefe? Ah o Chefe! Tem fotos prá todo lado. Uma pena que o que mais atrai a escoteirada não aparece nenhuma. Fotos deles no campo, no sertão, nas bandas de um vale, no alto da montanha, no campo campestre, em matas verdejantes andando entre flores silvestres, na sua barraca, no seu habitat com plena liberdade de fazer para aprender... Mesmo errando... E “devidamente uniformizados ou vestimentados”.

Sabemos que isto não acontece. Ele o menino, a menina o jovem ou a jovem estão em outra, diz o Mestre Chefe treteiro. Orgulhosamente me dizem: - “Grande Chefe”! (note que só tenho 1,67 portanto não sou grande). São novos tempos, os cursos, os livros, os alfarrábios ensinam agora a nova pedagogia escoteira! Açoito-me com um ramo de oliveira no pescoço cheio de rugas e peles mexidas que dizem chamar de pisadura, gilvaz e mossa (putz!). (O ramo de oliveira é um símbolo conhecido segundo a religião que traz consigo a ideia de piedade, sendo também a derrota do pecado). Nem sei o que é isto. Não discuto, não vale a pena. Coitado da cambada de pirralhos que hoje pisam no tal Escotismo Moderno. Na escola uma cadeira, um quadro negro, no Grupo Escoteiro muitas cadeiras e um quadro negro! E vá dizer que isto ninguém quando miúdo quer. Mas eles os agora chamados de docente educadores no alto de sua sapiência dizem; Eles adoram, ontem fiz um jogo que foi um sucesso! Precisava ver o sorriso deles! E eu boboca finjo que acredito...

Mas será que estou perdendo o fio da meada? Sei não. Prefiro não postar técnicas de campo, de acampamento de jornadas nas matas do meu Brasil. Melhor é jogar Amarelinha, pois sei que é sucesso garantido. Se precisar de material uma faca para o chão de terra, um giz para o pátio da sede se tiver cimentado eu agacho, apanho a pedrinha e pulo para fora do caracol! Melhor mesmo é pegar minhas biroscas que alguns diziam ser bolinhas de gude, meu finquinho ou melhor, tá ventando, vou empinar meu papagaio, pois voltando nos meus velhos tempos isto sim era batuta, era melhor!