domingo, 4 de novembro de 2012

Até que enfim! Vem aí o novo Uniforme da UEB!


A análise de memória social e memória individual é um tanto ilusória quanto fascinante, pois não pode se analisar uma sem a outra, visto que ambas estão ligadas, formando a história e cultura de um povo.

Até que enfim! Vem aí o novo Uniforme da UEB!

                Tanto se falou tanto se comentou que a UEB resolveu dar sua posição no tema. Afinal isto vem se arrastando. Uns dizendo que ela comentou com muitos, outros dizendo que não sabiam de nada. E ainda aqueles que defendem com unhas e dentes esta maneira de agir um pouco autoritária.  Prometeram apresentar no Congresso Nacional. Depois prometeram mostrar no Jamboree do Rio de Janeiro. Nada. Uma ata do CAN mostrou a divergência de alguns da maneira com que o tema era conduzido. Isto é próprio de dirigentes? Uma organização que dizem ter chegado aos 70.000 não pode ser dirigida assim. No passado mudaram tanto, muito do que se considerava tradição foi esquecido ou sepultado, por um simples ato de uma liderança de poucos. A memória individual e a memória social são um tanto ilusórias e não deixa de ser fascinante. Assim dizia um poeta que nunca poderíamos analisar uma sem a outra, visto que ambas estão ligadas, formando a história e a cultura de um povo.

           Mas os tempos são outros. Sentindo talvez a pressão de alguns dos seus milhares de adeptos, eis que a UEB se tocou e através de uma Nota de Esclarecimento explica a razão do novo vestuário no escotismo. Ela simplesmente deu suas razões, alega ter feito consultas e claro, dando como referencia a tendência mundial, resolveu mudar nosso Uniforme Escoteiro. Fico a pensar o que vai levar tudo isto. Centenas de jovens e adultos se afastando por acharem que foram tapeados pela organização. Sei de muitos IMs que não participam mais pelo autoritarismo imposto por eles. Quem ler com atenção a nota de esclarecimento publicada no site da UEB pode observar quanta incoerência com o dito anteriormente e sua explicação de uma decisão já tomada há tempos.

             Tentam analisar de varias maneiras o crescimento pífio que estamos tendo nos ultimos anos. Agora parecem dizer que o novo uniforme seria uma espécie de tábua de salvação. Em vez de fazerem uma grande pesquisa nacional com os membros registrados, pois eles são os interessados ela a UEB simplesmente escora numa explicação sem eira nem beira, dizendo que o SENAI de São Paulo, gentilmente se ofereceu gratuitamente com seus profissionais do ramo a dar as sugestões necessárias à implantação. “Insistem em dizer que foram feitas pesquisas “ocultas” e virtuais”. Ninguém sabe ninguém viu. Fico pensando que eles não iriam meter a mão na cumbuca em ouvir milhares de jovens de todo o Brasil com suas ideias estapafúrdias (risos). Seria um trabalhão. Bom isto. Agora já temos algum sólido. Antes eram conjecturas. Aqui e ali pequenas frações do assunto. Eu francamente não soube de nenhum Escotista ou Escoteiro que conheço que deu sua opinião. Isto ela diz em seu comunicado. Se foi assim não tenho como contradizer. Deve sim ter sido um número considerável que ninguém sabe quem é ou quem são. Repetindo, afinal foram pesquisas ocultas e virtuais. Interessante isto. E quem para contradizer?

          Sempre ouvi dizer por aí que muitos queriam continuar com seu caqui amado, outros com seu azul cinza. Alegres mesmos estão os do ar e mar, pois ninguém mexeu com eles. Porque será? Diz a UEB que neste mês será apresentado pelo DEN ao CAN todos os detalhes para a implantação. Mas e a ata passada que o CAN comenta o assunto? Diz ainda que acredita que na alteração isto fará com que nosso movimento tenha um novo significado e será muito eficaz para nosso crescimento quantitativo. Interessante que através deste novo traje Escoteiro alega a UEB que teremos maior solidez e maior aceitação pelos jovens nas lides escoteiras. Nunca achei que um traje ou uniforme poderia dar um salto estupendo na procura e na permanência de jovens no Escotismo. Claro sua explicação dá a entender que antes isto não acontecia com os uniformes que serão substituídos. Nunca pensei isto. 64 anos participando para ser esclarecido agora que o uniforme antigo é ultrapassado. Alguns sábios agora analisaram qual o melhor para o movimento e buscam o bode expiatório do uniforme antigo como culpado.

         Assim entendemos que o nosso antigo uniforme nada representa na sociedade atual. Com o novo as esperanças de crescimento terão agora maior firmeza. Como é uma tendência mundial (?) estamos sempre seguindo nossos irmãos do outro lado do oceano. Quem são eles não sei, pois a maioria dos países que mantenho contato. não pretendem fazer nenhuma alteração no uniforme. E crescem a cada ano. Nossos dirigentes sempre com uma explicação estapafúrdia para explicar a extinção e alterações de tudo que até hoje em nome de seus modernos estudos modificaram. Interessante. De uma época a outra eles são mestres em tentar tapar o sol com a peneira.

        Continua assim a maneira com que os membros da UEB são tratados. Sem consulta as bases, sem uma pesquisa nacional e uns poucos decidindo por todos. Agora é um novo uniforme. Quem sabe daqui a alguns anos a tendência mundial irá novamente dar nova ideia para um novo uniforme brasileiro? Quem sabe, quem sabe. A cada ano surge algum novo, uma nova ideia, um novo dirigente e assim vai evoluindo o escotismo em nosso país.

        Em vez de fazerem uma grande pesquisa nacional, não só do uniforme que na minha ultrapassada opinião nunca deveria ser alterado, quem sabe discutir o porquê da estagnação do escotismo? Porque este efeito sanfona de entra e sai? Porque não discutir ainda esta enorme evasão e que explica tudo que tentam contradizer? Claro, sempre vai sobrar para os chefes, eles sim são os responsáveis pelo crescimento. A UEB faz sua parte. Cursos à vontade. Modificações à vontade. Engraçado. Nosso movimento se sente culpado pelos desmando de uma organização. Poucos dizem alguma coisa. A maioria aplaude e diz que a culpa é nossa.

          Em uma nota que postei no face sobre o novo uniforme, além de dezenas de outros comentários e diversas opiniões, vi um que me chamou a atenção. Declino aqui seu nome. Posso dizer que estou autorizado para publicar o que escreveu. Na minha modesta opinião, perfeito. Explica tudo. Mostra que os argumentos da UEB não tem nenhuma base para sustentar esta troca da maneira com que estão tentando mudar. Vejamos o que diz o comentário:

- A nota publicada pela UEB se apoia em dois argumentos: em Jean Cassaigneau, alegando que “a mudança do traje era um dos principais focos do relatório” (vide relatório aqui publicado neste blog), o que é uma meia-verdade. Das 70 páginas, creio que somente uma ou duas falam de “nova imagem para a instituição”. As demais páginas tratam justamente da falta de transparência da associação e do tratamento indiferente ao associado. Neste quesito, entendo que não adianta mudar o traje se o ato em da mudança, a exemplo de outras decisões, não é feito as claras.

- Apoia-se, também, na “tendência mundial”, o que é outra meia-verdade. Os países que mudaram suas vestimentas já vinham de um bom efetivo e não tinham, em sua história, a inclusão de um traje (azul mescla nos anos 90) que resultou, entre outros motivos, na evasão de 20.000 mil escoteiros. Mesmo assim, para cada país que muda sua identidade visual, basta sair de nossas fronteiras para citar outros dois que mantem sua imagem exatamente como décadas atrás.


- Nem entremos no mérito das pesquisas, pois é uma jogatina “démodé” para que não tenhamos meios de comprová-las: pesquisa oculta, pesquisa virtual etc. Fiquemos com o fato que, ao menos em redes sociais e grupos de discussão, ninguém sabe ou viu nada. Cita, no final do documento, que a atualização da vestimenta “é tão importante quanto o programa e o planejamento estratégico”. Cabe lembrar que o planejamento estratégico não contemplava mudança alguma no traje e que a inclusão deste novo vestuário no documento foi feita às pressas DEPOIS de terem se decidido por um novo traje (vide ata do CAN nr.70).

- Mais do que uma nota informativa, é um texto que pode incendiar ainda mais as discussões. Se me permitem, discutir se vai ser azul ou verde, moderno ou tradicional não é o caminho. O importante é que decisões que afetam jovens e adultos (financeiramente até) não mais sejam tomadas a portas fechadas e que a opinião e participação do associado, patrimônio máximo da associação, possam ser levadas em boa conta.

                Acho que não preciso dizer mais nada. Que cada um pense a respeito. Sempre perguntei se por acaso a culpa de perdemos mais de quarenta por cento dos nossos jovens a cada ano, e a falta de interesse do programa que hoje foi implantado ou então não seria culpa da UEB pela sua falta de criatividade. Nesta hora milhares de vozes se erguem. Mas nenhuma tenta analisar porque erramos tanto. Cabe a cada um fazer um exame de consciência e dizer a sí próprio – Estou satisfeito com os resultados, ou – Não estou satisfeito com os resultados. Melhor deixar como está. Quem sabe poderia dizer a cada um: – Mãos a obra! Faça sua parte pois eu já fiz a minha!

As pessoas com privilégios preferem arriscar a sua própria destruição a perderem um pouco da sua vantagem material.

John Galbraith