Reminiscências
de uma "Chefe" Escoteira.
Uma tarde
gostosa de sol, conversava despreocupadamente com uma Escotista de tropa em um
parque da cidade e ela me dizia. "Chefe" fiz um ano no Grupo
Escoteiro. Ele cresceu. Cresceu tanto que ouve necessidade de dividir as
tropas. Mas sabe, estou vendo que falta muito para atingirmos o ideal. Faltam
boas atividades e outras que envolvam as técnicas escoteiras. Estamos muito
ligados só em atividades específicas de afetividade, atividade social etc.
Para lhe
ser sincero, eu recebi certa critica de uma mãe, que o filho estava lendo o
livro escoteiro e parou. Disse-me que não adiantava nada ler o livro porque
eles (nós) não faziam aquilo que estava escrito! (tudo bem que ele e novo no
grupo). Mas veja é um tema válido, e eu me senti mal com isto.
Não sabia o
que dizer a ela. Uma amiga que sempre me procurou nas horas difíceis. Ela
continuou - Eu sei que estamos tendo muitas atividades fora da sede, mas não
acho isso totalmente ruim. Claro, ainda não meditei bem sobre isto. Acho ruim
quando eles não participam, eu me baseio de certo modo na minha própria
evolução dentro do grupo, pois entrei sem saber nada de nada, não fui escoteira
e nem sou mãe pra saber como lidar com uma "criança", percebo que
sempre aprendo mais nos acampamentos dos que nas atividades em sede.
Ela chegou
ao ponto ideal. Não precisava dizer muito. Mas deixemo-la continuar – Em um grande
jogo que realizamos, eu vi que ainda existe algumas dificuldades, como por
exemplo; Fazer nós, atividades que usam o raciocínio lógico... Nem todos sabem
usar a bússola, é eles ainda estão despreparados porque não sabem o que levar
na mochila para um pernoite. Acredito "Chefe" que não estamos
trabalhando bem os monitores. Olhe quando fomos para um acampamento, muitos nem
sabiam o que levar. Veja um canivete, uma bússola, um cabo Escoteiro enfim nada
sabem. Mas quem deve ensinar a eles? Claro, sei que já me disse e aprendi em
cursos que isto é feito pelos monitores e nós somos os responsáveis pelo
adestramento dos monitores.
"Chefe" vou lhe falar sinceramente.
Com a divisão de tropas alguns deles já me procuraram pedindo para ir para a
nova. Não sei, mas acho que o "Chefe" Escoteiro que está lá é mais
simpático e eles esperam mais dele. E isto me deixa chateada, pois ficamos um
ano juntos e não somos os preferidos. Ainda bem que temos muitos na tropa que
se destacam. Se não fosse isto não sei
não. Não sei quanto tempo ainda vamos conseguir fazer com que os escoteiros da
tropa se evoluam, pois estão reclamando muito. Os monitores tem falando sempre
que existe uma grande desmotivação. Ainda não os vi (os monitores) em Corte de
Honra comentarem assim abertamente. Não sei por quê.
Lembro bem de algumas atividades que fizemos
no passado. Foram muito divertidas e variadas. Desde que entrei já vi muitos
escoteiros saindo do grupo porque na mente deles, ele encontraram coisas
melhores pra fazer com seus amigos fora do escotismo, aula de música, cursinhos
etc... E ainda ouço alguns falando que irão mudar de grupo. Estamos falhando
muito no Sistema de Patrulhas. Se não tomarmos providencias logo vamos perder
muitos no decorrer deste ano. Eu tenho feito de tudo para acertar, mas no
início era meia inexperiente, não sabia me expressar tecnicamente com eles o
senhor sabe esta coisa de ser "Chefe" não é fácil.
Precisamos
mudar, e já. Se não nossa tropa vai ser totalmente reduzida claro, mesmo com a
entrada de novos o que não significa nada. Pensei em fazermos uma Indaba, só
nos chefes das tropas, abrindo é claro a vinda de outros membros adultos do
grupo. Mas não uma Indaba por fazer e sim com fins específicos. Quem sabe levar
literatura própria, discuti-las, trocar ideias, falar sobre jogos, sobre
adestramento de monitores, sobre reuniões de patrulhas, sobre Corte de Honra.
Temos muitos temas interessantes para discutir.
Olhe
"Chefe" eu tenho muitas ideias. Quanto entrei aqui era uma Pata
Tenra, mas estou amadurecendo. Estou mesmo pensando em fazer um acampamento só
com monitores e subs monitores. Um acampamento onde vou ensinar e aprender. Dar
a eles liberdade de construírem um campo de Patrulha, uma mesa, um fogão
suspenso, ver o cozinheiro agir, fazer um almoço sem sal, arroz queimado não
importa. Aprender a fazer fazendo.
Não quero
desistir e tenho por princípio motivar os chefes novos. Afinal um ano é muito
não acha?
Dizer o
que? Ela está no caminho certo. Ainda dá tempo. Consertar o errado faz parte da
nossa vida Escoteira. Se perdermos alguns devemos lutar para não continuar
perdendo outros. Ela finalizou dizendo – Sei que posso fazer a diferença,
ajudar, aprender e lutar contra minhas limitações. Afinal foram um ano no
grupo. Eu "Chefe" não vou desistir. Continuo e continuarem a
acreditar no poder do escotismo.
Bravôô!
"Chefe" Escoteira. Se todos os chefes tomassem esta atitude o
escotismo seria outro. Mas não falei para ela. Só desejei sorte e que ela
consiga vencer esta fase, pois a derrota não faz parte do nosso vocabulário
Escoteiro.
E disse a
ela no final. Caso queira minha amiga, um plano ou programa para uma Indaba de
chefes fale comigo. Estou pronto a lhe dar quantas ideias quiser.
Em frente,
vá, veja, pense, discuta e vença! Afinal você não é Escoteira?
“Qualquer
semelhança com a vida real, é mera coincidência!”