domingo, 30 de setembro de 2012

Finalidades de uma Organização.


Finalidades de uma Organização.
Um pequeno desabado de um velhote Escoteiro. Risos.

            De vez em quando sou atropelado por formadores de opinião ou mesmo escotistas quanto as minhas ideias que muitos julgam estapafúrdia, aboletas e desrespeitosas. Acredito que boa parte ainda não me conhece pessoalmente e fazem julgamentos apressados ao meu respeito. Já disse aqui que não tenho registro na UEB simplesmente para poder dar vazão as minhas razões e argumentos visando única e exclusivamente à expansão do escotismo brasileiro. Só assim ele terá o respeito que merece e terá o apoio por parte da nossa sociedade de uma maneira geral. Em tempo algum o escotismo aceitou uma forma de oposição mesmo que sadia e carregada de princípios éticos. Colocam nossa organização como intocável, sem defeitos, e até uns acham que ela é nosso pai e como tal somos uma família e que família contesta seus pais?

           Li uma vez uma definição sobre a palavra Organização. Trata-se do escritor Aldous Huxler, vejamos:

“Uma organização não é consciente nem viva”. Seu valor é instrumental e derivado. Não é boa em si; É boa apenas na medida em que promoveu o bem dos indivíduos que são partes do todo. Dar primazia às organizações sobre as pessoas é subordinar os fins aos meios.
Tudo estaria a salvo se toda a população fosse capaz de ler e se permitisse que toda espécie de opiniões fosse dirigida aos homens, pela palavra ou pela escrita, e se pelo voto, os homens pudessem eleger um legislativo que representasse às opiniões que tivessem adotado!

          Aldous não é o dono da verdade, mas suas palavras para mim trazem um fundo inspiracional. Se não houver contestações, divergências ou oposições sadias seria isto o que deseja Baden Powell quando organizou e criou o escotismo no mundo? Vejam abaixo um comentário seu sobre democracia:                                        

“A maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar pôr si mesmo e não quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como aprendeu a andar em linha reta”. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais será salva enquanto os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos. Eles não querem pensar, desejam apenas ir para frente, seguindo a ponta do nariz através da vida. E geralmente, estes, alguém os guia puxando-os pelo nariz!
- Saia da sua estreita rotina se quer alargar sua mente.

         Claro, em ambos os casos estamos sujeitos a interpretações. Isto é válido e democrático. Mas será válida uma organização que por anos a fio dirigiu, alterou, modificou e apesar de acertos não teve o escotismo um crescimento significativo como se espera dentro das premissas do crescimento populacional? Não podemos contestar? Discordar? Criamos uma forma de obediência que nos obriga a aceitar tudo que vem determinado pelos dirigentes e sem poder discordar? Não me venham dizer que somos obedientes e disciplinados e que juramos servir a União dos Escoteiros do Brasil. Se não houvesse disciplina seria o caos. Mas isto não nos tira o direito de mostrar mesmo que erroneamente o caminho que acreditamos poder atingir o sucesso esperado.

         Eu poderia dizer que se tudo que foi feito tivesse sido feito democraticamente, com a participação de pelo menos boa parte dos nossos membros adultos, poderia sem sombra de duvida concordar e dizer que o caminho percorrido valeu ou não valeu, pois houve consenso de todos. Mas não é isto que acontece. As normas, estatutos, RI e muitas outras decisões foram feitas e aprovadas por menos de 0,5% do nosso efetivo adulto Escoteiro. Nunca houve consenso nacional. Nunca todos os grupos escoteiros foram consultados e só uma pequena minoria participou. Os novos que estão chegando não sabem do passado, e quando são informados são dados incompletos cheios de interesses pessoais e que dá uma impressão errônea da verdade.

         Não sou de outra organização e nem serei. Nasci na UEB e vou morrer nela. Mas nunca deixarei de lutar pelas minhas ideias. Podem dizer que guardo mágoas do passado, mas quem me conhece pessoalmente sabe como sou. Nunca fugi da luta. Não aceito estes feudos que se formaram na Direção Nacional, nas regiões, distritos e até em muitos grupos escoteiros.  Se aqueles que se sentem satisfeitos com o estado atual, se eles vivem me dizendo que nossa meta é o jovem, se acham que devem dizer amem a tudo que vem de cima, nada posso fazer. Isto também é democrático. Mas precisamos mesmo de coragem. Não para desmerecer tudo, não para ficar só criticando, mas temos que pensar se podemos melhorar. Para isto enquanto não se fizer uma mudança geral em todas as normas estatutárias, enquanto não chegarem à conclusão que a participação e decisões devem ser motivadas por uma ampla pesquisa nacional, seremos este movimento que não tem respaldo na sociedade e nem ocupa o lugar que merece nos meios educacionais em nosso país.

             O escotismo não pertence a alguns privilegiados que se encastelaram no poder. Ele é de todos. O dia em que não pudermos mais discordar, sugerir e brigar pelas nossas ideias então acabou por completo o sonho da democracia. Aí se verá que a ditadura está implantada. Calam-se todos. As vozes não mais se levantarão. O desejo de muitos políticos que hoje querem calar a imprensa para mandarem e desmandarem será uma realidade Escoteira. Não podemos aceitar isto. A UEB tem homens de valor. Muitos. Merecem nossos aplausos pelo sacrifício, mas que respeitem uma oposição sadia. Esta história de Comissão de Ética para os revoltosos se acontecer como já aconteceu no passado não pode ser aceita. Que as opiniões de norte a sul sejam respeitadas. Claro dentro do principio legal, e da nossa Lei Escoteira!

PS. Quero deixar claro que não sou candidato a nada. Não consigo andar direito, tenho problemas pulmonares e não posso sair de casa por mais de duas horas. Risos. Portanto se não pudesse expor minhas ideias enquanto vivo não mereceria ser chamado de Osvaldo, um Escoteiro!