quinta-feira, 18 de abril de 2013

Soy loco por ti, América! O chefe e o dirigente;

Eu sei que vossa excelência preferia uma delicada mentira; mas eu não conheço nada mais delicado que a verdade.

Soy loco por ti, América!
O chefe e o dirigente;

                           Escotismo para quem vive e participa é um vicio que “gruda” na alma,
no espírito e no coração. Dificilmente o deixamos. A gente entra e cada dia mais e mais vai sendo amarrado como se fosse uma prisão sem chance de sair dali facilmente. Talvez eu tenha feito uma comparação idiota e poderia copiar outras tantas de pensadores, poetas ou mesmo artistas de frases bombásticas. Mas não estou inspirado para tanto. Vejam bem, nosso movimento tem tudo para ser o maior movimento de jovens de todos os tempos. E por que não o somos? Onde está o erro? Porque as autoridades educacionais e politicas não acreditam em nós? Ainda nos olham como um movimento ultrapassado onde a meninada “vende biscoito” brinca de faz de conta e servem para limpar praças e plantar árvores? Sei que tem aqui e ali comunidades que acreditam e apoiam que poderíamos mudar este estado de coisa. Mas são poucos, muito poucos.

                           Converso aqui, ouço ali, vejo lá e pouca coisa mudou. Sempre os novos dirigentes exaltando suas novas ideias, suas qualidades, seus novos programas e o escotismo vai caminhando, caminhando e até hoje sinceramente não senti nada de válido em tudo isto. Como digo sempre, nada de novo no Front. De vez em quando se coloca um lenço no pescoço de um presidente, exalta-se um senador, um prefeito, um deputado e fico pensando, é isto que queremos? Aquele presidente, aquele senador, aquele prefeito ou o deputado foram do movimento e sabem suas qualidades na formação da juventude? Eles são os exemplos de caráter e ética? Fico mais naquela frase meio jocosa – “Me engana que eu gosto”. Mas tem os defensores. Milhares deles.  

                           Não é exemplo geral, nada disto. Mas quando vejo escotistas bem formados lutando para ser um formador, um novo Assistente regional, lutando para ter seu lugarzinho na Assembleia Nacional olho para o chão e penso: - Vale a pena? – Vejo em muitos estados dezenas de formadores. Outro dia disseram-me que poucos estão na ativa. Outro reclama que nunca é convidado. A maioria passa anos e anos sem atuar. Só para os amigos do Rei? Se for não mudou nada do passado. Mas o sonho de ver adultos em sua frente respondendo aos seus sinais manuais, em olhar nos seus olhos quando se faz uma palestra, pensar se atingiu o objetivo nem sempre é o caminho para o sucesso.

                        Eu me pergunto se não vale a pena ser um simples Chefe. Poxa, ele não é exaltado, venerado, tantas e tantas crendices que às vezes penso que estamos diante de um santo? Mas qual o valor dele para os dirigentes? São simples seguidores? Vaquinhas de presépio? Faça o que eu mando e não o que eu faço? – Fui um deles há anos e anos. Em sete anos na frente de uma região me encheram de condecorações e elogios. E quem não gosta? Depois voltei a ser um simples Chefe. Nunca mais recebi nada. A não ser pais que me olhavam e diziam – Obrigado Chefe. Mas porque fui esquecido? Por quê? Antes eu era mais importante que o Chefe? Porque noventa e oito por cento dos nossos adultos no escotismo, não são agraciados com nada? Tem método? Tem orientações e normas para isto? Só para o Chefe? E para o dirigente não tem? É... Melhor lutar para ser um dirigente.  Sei que tem aqueles que vão dizer que existem os caminhos certos. Certos? Diga-me meus amigos, quem vale mais o Chefe ou o Dirigente? Podes me dizer? Escolha um. Não vale dizer que ambos são importantes.

                        Olhe por este lado, o Chefe está com os jovens, luta com eles no dia a dia, motiva, ajuda, é um irmão mais "Velho", de vez em quando substitui o pai e a mãe, sente suas dores, seus sonhos e seus amores. E o dirigente? Ele faz falta? Não sei. Acho que nem tanto. Uma vez li um livro de Aldous Huxler (Admirável mundo novo) que ele sintetizava sobre uma organização, seja ela o que for:
“ Uma organização não é consciente nem viva”. Seu valor é instrumental e derivado. Não é boa em si; É boa apenas na medida em que promoveu o bem dos indivíduos que são partes do todo. Dar primazia às organizações sobre as pessoas é subordinar os fins aos meios.
Tudo estaria a salvo se toda a população fosse capaz de ler e se permitisse que toda espécie de opiniões fosse dirigida aos homens, pela palavra ou pela escrita, e se pelo voto, os homens pudessem eleger um legislativo que representasse às opiniões que tivessem adotado!

                       Poderia abrir um leque sobre tudo isto, mas vale a pena? Há anos que venho dizendo que precisamos olhar melhor nossos dirigentes, discordar se preciso, fazer boas escolhas de adultos até no próprio grupo escoteiro. Estamos como dizem por aí no limiar de uma nova era. Novos dirigentes (exceto os donos do poder na equipe de formação que são eternos e não duvide, são eles que estão mandando nos últimos quarenta anos) e me dizem que existem uma nova safra. Não sei se nova pois na maioria são indicados pelos que saem (não saem, ficam na liderança sem ninguém
observar) E quem foi eleito? “Situação” ou “oposição”? Nem precisa perguntar. E olhe que sempre são eleitos por uma boa maioria. Falar o que? Interessante que nem um mês se passou  e lá estão os novos Assistentes mostrando serviço. São atividades distritais, regionais e ali está ele, se dirigindo aos jovens, motivando-os para suas atividades. Chefes, oh! Chefes. Entrem na fila. Espere sua vez. Ele sabe que seu caminho o conduzirá a vida eterna (risos) ele é mais importante que você. Você não é nada. Não vai demorar e seus meninos nem vai precisar mais de você. Basta acompanhar o que se passa nos sites que falam sobre escotismo.

                        Mas de quem é a culpa de tudo isto? Dos chefes é claro. Eles aceitam sem discutir e os que discordam preferem ficar na sua. Alguns acham que a disciplina os obriga a isto. Dizem por aí que tudo aquilo que o comunismo fazia para saber a vida de todo cidadão existe um pouco no escotismo. Sempre tem alguém para informar, monitorar e por aí vai. Sou duro? Estou vendo fantasmas? Risos. Quem sabe estou ficando “gagá” “senil” e posso até estar errado? Mas claro, estou errado. Não existem sonhos de chefes em ser formador, em liderar outros adultos, pois já lideraram tantos os jovens que agora vão partir para novos caminhos. Não existem sonhos de chefes de ser um líder distrital, regional e nem tampouco existe o sonho de ser um dirigente e de pertencerem à elite, a casta, a verdadeira força do escotismo nacional. Se conseguires o quarto “taco” meu amigo, será elevado a rei e chefes são chefes, nada mais que isto.

                       E se prepararem todos. Vem aí brevemente uma “enxurrada” de novas atividades distritais, regionais e nacionais. Claro para os ricos, pois os pobres dificilmente poderão participar. Não foi sempre assim? Se sua tropa é pobre se contente com seu acampamento, apesar de ele sim mostrar toda a força do escotismo. Mas continuando sobre estas atividades dos nossos dirigentes, é assim que se dá uma força no caixa. E seja tudo o que Deus quiser.  Agora é motivar a moçada nos Facebook da vida. Quem vai? Os mais humildes chefes dificilmente terão seu valor reconhecido. Nunca irão poder dizer no voto ou no pensamento o que sentem, se estão de acordo ou não com as mudanças. Esqueçam-se do reconhecimento. Seja por um certificado de agradecimento pelo seu trabalho, seja por uma condecoração ou mesmo um elogio verbal. Isto não vai acontecer. Afinal você é Chefe, vá trabalhar com seus meninos e não se preocupem conosco. Não é isto que todos dizem? Ou será que não?

                        E cuidado jovens e chefes. Sempre tem alguém monitorando vocês. Cuidado com o que  escrevem e falam. Cuidado com suas posições radicais. A vida escoteira é maravilhosa. Pena que ainda não soubemos ser à força da mudança que se espera. Entra ano e sai ano sempre tem alguém para defender o que está aí. Seus argumentos são sólidos. – Chefe Osvaldo agora tudo está mudando. Aguarde e verás! Risos. Falaram-me isto nos últimos quarenta anos. Vamos bater palmas para todos que lá estão na liderança. Vamos ver se pelo menos dez por cento das promessas que fizeram serão realizadas. São Tomé que me ajude. Não sei se verei o sol Escoteiro brilhando para os meus quinhentos mil escoteiros no Brasil! É mentira Terta? Verdaaade! (Chico Anísio).      
                       
O grande inimigo da verdade não é muito frequentemente a mentira (deliberada, controvertida e desonesta), mas o mito - persistente, persuasivo, e não realista.