terça-feira, 19 de agosto de 2014

Palavra de Escoteiro! Onde vi isto?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Palavra de Escoteiro! Onde vi isto?

                     - Palavra de Escoteiro! – O Doutor Moisés olhou demoradamente o seu novo funcionário. Olhou seu curriculum e decorou seu nome. João Silva. Um nome simples que não diz nada. Ele só perguntou se ele era um homem de confiança já que seu cargo precisava ser um. João Silva não pestanejou. - Pode confiar Doutor, Palavra de Escoteiro. Doutor Moisés já tinha ouvido falar dos Escoteiros. Nunca prestou atenção, pois na imprensa falada escrita e televisada que  ele lia e diariamente assistia na TV eles os Escoteiros nunca apareciam. Diziam que eles fazem uma boa ação, vendem biscoitos e adoram acampar. Doutor Moisés interessou em conhecer melhor. A tal Palavra de Escoteiro sempre era comentada em filmes americanos. Mas agora não era a hora de se abrir com João Silva. Ele não o conhecia e não podia dar demonstração de afeto e de conhecimento. Um dia dormitava em sua varanda e pensou em visitar o Grupo Escoteiro do João Silva. Porque não? Encantou-se com o que viu. Ele um alto executivo dono de muitas empresas nunca pensou que o escotismo fosse assim.

                      - Com licença senhor! Pode me dar um minuto do seu tempo? - Joel e Mara sentados naquele banco da praça olharam para os jovens meninos que estavam em sua frente. Era uma menina de azul, um lenço verde e amarelo no pescoço e um lindo boné azul com alguns distintos. – Joel e Mara sorriram. Eram seis. Todos educadamente postados um ao lado do outro. – Qual o seu nome? Joel perguntou – Me chamo Patrícia, este é o Pedrinho, depois a Noelí e o Sapa. No final da fila o Jurandir e a Marli. Todos nós somos da matilha vermelha. Estamos com nossa Alcateia aqui na praça fazendo um grande jogo. Temos uma tarefa que é a de convidar duas pessoas ou um casal para serem nossos tutores junto a Akelá que é a nossa Chefe. Os tutores devem mostrar que aprenderam a lei do lobinho, fazer o nó de escota e volta do fiel. Devem ter noção do grande uivo e para que ele serve. E depois falar quem foi o fundador do escotismo – Mas não sabemos nada disto! Respondeu Joel. - Fácil nos vamos ensinar. Vocês topam? Na semana seguinte Joel em sua empresa de Marketing pensava porque não tinha conhecido antes o escotismo. Amou o que viu. Sentiu que ali a verdadeira educação de jovens era uma constante e o escotismo precisava ser conhecido.

                Gian Paulo estava cansado. Naquele sábado ficou até as três no escritório. Precisava ver e rever um processo que na segunda ele iria enfrentar frente a um Juiz. Gian Paulo era dono de um dos maiores escritórios de advocacia do país. Tinha prometido a Rubinho seu filho de sete anos que iria levá-lo à noite ao Parque das Flores. Quantas vezes ele prometeu e não realizou? Atravessava a rua proximo a Igreja do Bom Jesus quando ouviu alguém dizer: – Senhor pode me dar um minuto do seu tempo? – Gian Paulo olhou pensando que era um destes pedintes e já ia dizer que não quando viu um jovem de chapéu Escoteiro, bem uniformizado, com um lenço verde amarelo e um belo sorriso. Ao seu lado uma jovem Escoteira sorrindo. – Pois não? Disse. – Olha senhor tivemos uma solicitação em nossa carta prego em encontrar alguém de idade, se possivel que estivesse de terno e gravata, para fazer dele um Escoteiro por dez minutos. Só dez minutos! Podemos contar com o senhor? Dizer não? Gian Carlos foi com ele até o pátio que dava entrada na igreja.

               Quando viu o que estava fazendo sorriu. Ele com um par de bandeirolas transmitindo semáforos a outro adulto como ele. Os Escoteiros e as Escoteiras orientavam. Depois fez um tampo de mesa com uma costura de arremate. Nunca ouviu falar. Depois aprendeu a hastear uma bandeira em um mastro. Por fim aprendeu o aperto de mão esquerda, o que significava e o sinal Escoteiro. – Agradeceram dando a ele um certificado de participação onde estava escrito: – O Grupo Avante agradece a sua participação em ser Escoteiro por dez minutos! Gian Carlos foi para sua casa pensativo. Gostou do que viu. Da educação e cavalheirismo das crianças. Do porte altivo no uniforme que envergavam. Pensou consigo porque isto não está na imprensa? Na TV? Isto sim faz parte da formação do jovem que pouco recebe de organizações governamentais. Tomou um decisão, Rubinho seria um Escoteiro. Pegou o endereço e no sábado seguinte o matriculou.

              O Doutor Paulo Vinicius não parava. Diretor do Hospital infantil São Judas dedicava inteiramente sua vida ao trabalho com os jovens. Quase todos carentes e sofrendo com as doenças que lhe foram reservadas na terra. Não tinha tempo para nada. O hospital era sua vida e Dona Luiza sua esposa sabia que não adiantava reclamar. – Doutor! – Era Darlene a enfermeira Chefe. – Estão aí fora quatro Escoteiros solicitando dez minutos do seu tempo. – O Doutor Paulo Vinicius não tinha como negar. Mandou-os entrar. Um deles um jovem alto e simpático apertou a mão esquerda dele e o Doutor Paulo sorriu. – Algum truque? Ele disse – Todos os demais Escoteiros sorriram. – Doutor Paulo meu nome é Aniceto, sou o Monitor da Patrulha Pico da Neblina, e venho em nome de nossa tropa sênior lhe fazer um pedido. Somos oito Escoteiros seniores de 15 a 17 anos. Temos ainda cinco jovens guias da mesma idade. Nossa tropa sênior em Conselho de Tropa aprovou uma atividade de boa ação uma vez por mês. Achamos que aqui temos um manancial que nos seniores e guias podemos ajudar. Fazer as crianças aqui internadas sorrirem e quem sabe acreditar em uma vida melhor.

             O Doutor Paulo Vinicius não sabe até hoje como foi à história contada pelos Escoteiros. Mas ele mesmo se diverte quando no último sábado do mês eles aparecem, cantam com os meninos internados, dançam danças esquisitas, fazem jogos que participam inclusive aqueles que não podem levantar da cama. Darlene a Enfermeira Chefe participava e cantava e sorria e brincava como se fosse uma menina de dez anos. Os seniores e guias sabiam que muitos deles nunca mais voltariam ao seio de suas famílias. Mas fazer a felicidade de alguém nem que seja por um breve tempo valia os sorrisos, a alegria e o sonho que um dia passou pela mente deles. Até o ultimo dia de vida na terra, aqueles meninos agradeceram a Deus por ter enviado os Escoteiros em seu meio. Vale a pena dizer – A felicidade dos outros é que me faz feliz!


             Marketing. Quantos grupos fazem e mostram o escotismo para sua comunidade? Seria a UEB a responsável para isto? Uns dizem que sim outros dizem que não. Mas se tivéssemos um profissional na área, alguém que tivesse o dom da oratória, a fazer palestras em fábricas, em organizações ou mesmo aos políticos que pudessem ajudar, seria perfeito. Já tivemos isto no passado, uma época que não tinha a facilidade de hoje dos meios de comunicação. Quem não se lembra dos santinhos da Coca Cola, da Varig, da Gillette, do Banco Lar Brasileiro, e o manual do escoteiro Mirim. Belos tempos. Tivemos centenas e ninguém esquece as musicas cantada pelo Trio Irakitan. Eles de uniforme caqui, calça curta e chapéu com um violão foi sucesso na época. E olhe que eles eram os melhores no seu gênero.  Quem sabe a Toyota, a Votorantim, a Vale ou mesmo a Petrobras irão lá ao site para conhecer e valorizar o escotismo? Se a montanha não vem a Maomé, que Maomé vá à montanha. Enquanto isto como sempre os Grupos Escoteiros fazem o que podem.