terça-feira, 20 de março de 2012

O SISTEMA DE PATRULHAS II (CONTINUAÇÃO)


Eu sou parte de uma equipe. Então, quando venço, não sou eu apenas quem vence. De certa forma termino o trabalho de um grupo enorme de pessoas!

O Sistema de Patrulhas parte II (continuação)


Eu gosto do tema. Gosto de debater, discutir e tentar mostrar a mim mesmo até onde tenho razão. Lendo sobre o que significa razão vi que seria a capacidade da mente humana chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas. A razão seria por assim dizer associada à natureza humana, e que é único e definidor do ser humano. Ela permite identificar e operar conceitos em abstração, resolver problemas e encontrar coerência ou contradição entre eles.

Vejamos. Existe uma gama imensa de escotistas e dirigentes, sejam os que estão atuando em tropas, seja como assessores ou mesmo os Formadores que tem grandes conhecimentos do Sistema de Patrulhas. Estes últimos podem ver o tema de uma maneira ampla, já que possuem vasta experiência além de material didático de primeira qualidade. Se não é assim pelo menos deveria ser. Mas porque falhamos tanto no Sistema de Patrulhas? Porque ele ainda não foi absorvido completamente por toda a comunidade Escoteira que lida com tropas?

Bons programas, técnicas escoteiras, crescimento individual nada mais são na minha modesta opinião que um bom Sistema de Patrulhas aplicado corretamente. Outro dia li um artigo, onde um Escotista conhecedor do ramo discorreu sobre a falta de motivação dos jovens, tentando mostrar que tudo isso era proveniente de bons programas, agradáveis, chamativos enfim tudo aquilo que sabemos ser a pura verdade. Alerta o Escotista que os chefes deviam se preocupar muito com seus programas, procurando ler e conhecer melhor a literatura Escoteira, participar mais de cursos de formação e claro, ter um bom “estoque” de fichas de jogos atrativos.

Continua o "Chefe" Escoteiro que um bom Escotista é aquele quem mantem sua tropa dentro de padrões pelo menos razoáveis, dando a eles não só a alegria de continuar participando, mas encorajando-os a trazerem seus amigos às lides escoteiras. Se os chefes conseguirem fazer programas tecnicamente agradáveis os jovens terão mais motivos em continuar. Sim, para ele a chave do sucesso será a confecção de bons programas.

Nada contra. Muito antes pelo contrario. Risos. Mas digam-me, como conseguir tudo isso? Afinal sempre fomos amadores, sem muito tempo livre, dedicando com alguma dificuldade nos fins de semana. Sempre corrido na área profissional familiar, social e ainda colaborar dentro de um Grupo Escoteiro. Vi por diversas vezes escotistas em reunião, seja na sede ou em casa de um deles, se “matando” para fazer bons programas. Na época assim como hoje tinham a preocupação de fazer programas pensando crescimento individual de cada um jovem participante.

Ufa! Que luta. Pensava comigo, se isso é o certo, porque os dirigentes não deixam pronto programas para um, dois ou três anos já escritos e testados em forma de manuais? Não seria melhor? Você pega o manual vai para a sede e ali está: - Duas horas, bandeira, oração, inspeção. Duas e quinze jogo ativo. Duas e quarenta... E assim até o final. Como dizem – Maneiro! Assim até eu! Risos. Claro que não. Não é o caminho. Mas então qual é o caminho? Não é certo? Por quê? Não seria meio caminho andado? Afinal se os entendidos sabem como deve ser uma boa reunião de tropa, que vai prender os rapazes e moças seria bem mais fácil entregar para eles um material perfeito nos seus objetivos.

Se isso fosse feito será que a evasão que assola de maneira impiedosa as tropas escoteiras não só no Brasil, mas em muitas nações que praticam o escotismo, não iria diminuir? Porque não o fizeram até hoje? Claro sabem que não é benéfico. Não é assim que deve ser feito. Mas como então? Não sei hoje, mas no passado, o Questionário parte III da Insígnia da Madeira era sucinto neste tema. Se você colocava uma resposta fora do contexto era devolvido. Vi casos que um Escotista teve que refazer onze vezes as respostas.

Mas o que está acontecendo então para que muitos me questionem que não sabiam que o Sistema de Patrulhas era assim (vide Sistema de Patrulhas I). Achavam que não era possível realizar programas e desenvolver com os rapazes e moças a maneira como descrevi. Um pelo menos apresentou uma dezena de razões. Fiquei pensando que aprenderam infelizmente com alguém que nunca dirigiu tropas nestes moldes. Sem criticas. Desculpe. Mas ninguém é sã consciência pode ensinar um tema se não fez e sentiu os resultados. Resultados que demoram anos para aparecer.

Há alguns meses tive a oportunidade de dialogar com rapazes e moças no MSN no Orkut e até através do meu e-mail o que eles achavam de opinar e sugerir sobre as reuniões ou deixar por conta dos chefes o programa. Sabe o que responderam? Gostamos da surpresa do programa. Não interferimos. Eles sabem mais que nos! Beleza! Acabaram com o método Escoteiro. Esses jovens não tiveram a oportunidade de aprender que eles são os responsáveis pelo seu crescimento. Eles nunca iram guiar, pois são guiados. Mas aí vem a pergunta: - Quanto tempo vai durar essa surpresa?

Sempre disse aos chefes que antes de tudo, procurem se informar melhor o que fazem os jovens em seus bairros. Se eles tem programas escritos, a curto médio e longo prazo (risos) se algum adulto ajuda ou se os pais tem participação ativa. Não tem. Conheço turmas de bairro que estão juntos há muitos anos, sem ninguém abandonar a turma e todas as noites estão lá. Firmes. No escotismo não. A Patrulha é formada e ela não passa de uma massa de manobra de adultos que acreditam estar fazendo o certo. Criticar? Nunca. Eles aprenderam assim.

É difícil, eu sei como é. Já vi vários chefes que quando chega à sexta feira começam a se perguntar: O que farei amanhã? O trabalho me absorveu tanto na semana que nem tive tempo de preparar alguma coisa. E no sábado o “coitado” lá está com um programa improvisado, tentando agradar e vendo a maioria dos seus jovens faltando. Será que eles voltam na próxima? Mas não era para ser assim era? Afinal ele fez muitos cursos e aprendeu que os jovens só permanecem enquanto os programas forem melhores que os seus em seus bairros. Nada como uma boa “pelada” com a turma, ou bom filme a ser visto com as amigas ex-escoteiras.

Mas vá dizer para eles, os chefes – Olhem, o Sistema de Patrulha é o caminho. É a salvação. Trabalhar com monitores. Dar vida a tropa. Ouvir mais do que falar, prometer menos. Chega de promessas não cumpridas. Saia da sua estreita rotina meu amigo. (isso foi BP quem disse).  Claro vai ser difícil agora. Você os ensinou a pescar na poça d’agua da rua e até eles verem que ali não tem peixe vai demorar. Mas nunca é tarde para começar. Ficha modelo 120 para todos. Que eles juntos com seus monitores sejam o responsáveis pelo seu adestramento. Que a Patrulha participe. Que A reunião de Patrulha aconteça em todas as reuniões. Façam de seus monitores os responsáveis pela Patrulha.

Mas já falei muito sobre isso. No meu ultimo artigo sobre o Sistema de Patrulhas fui enfático. E quem sabe com esse complemento ajudo em alguma coisa? Procurem ver a realidade. Somos amadores. Como amadores somos bons e como profissionais somos uma negação. Veja a coisa com simplicidade. Você não tem todo tempo do mundo. É preciso ver que o escotismo é um movimento de fim de semana e não semanal. Quando os jovens participarem ativamente dos programas que eles próprios criaram, vai ver que seu tempo será maior, que a evasão vai diminuir e que o crescimento deles com as provas de classe serão o que sempre você esperou.

Acrescento que você vai intervir sim no programa. Vai dar um colorido especial sem tirar o excencial que eles fizeram. Mesmo que achar que não é um bom programa. Será bem mais fácil do que fazê-lo por completo. E lembre-se sempre se eles fizeram o programa É PARA ELES E NÃO PARA VOCE! Eu mesmo acredito que não fizeram ainda um manual de programas de reuniões de tropa porque sabem que esta não é a finalidade. Não existem duas tropas iguais. Cada uma tem sua característica, seu estilo e suas necessidades. Desenvolver para que a maioria consiga suas etapas, conseguir o Liz de Ouro ou o Escoteiro da Pátria. Não será fácil, mas não é impossível. Chega de ter um ou dois que conseguiram e os outros não. 

Eu teria mais mil coisas para escrever aqui. Difícil falar tudo que sei. Afinal foram dezenas e dezenas de anos fazendo e dando certo. Quem sabe um programa só para fazer uma grande pioneirias por patrulha. Um programa para ensinar aos monitores como montar um campo de Patrulha, um programa para fazer um fogo espelho, fogo do lenhador, e tantos fogos que irão servir como o inicio de grandes atividades. Um programa gostoso lá no campo sem essa de dez minutos para isso e quinze para aquilo. Esqueçam o relógio. Eles nos seus programas em seus bairros nunca se preocuparam com isso. (a não ser a hora de retornar conforme instruções dos seus pais – risos).

E deixe a coisa andar. Caminhar. E o Caminho para o Sucesso tenho certeza será o caminho de sua tropa. Se isso for feito tenho certeza que estará no caminho certo e em poucos anos vais ver que agora é bem mais fácil fazer o escotismo andar! Com suas próprias pernas! E viva Caio Vianna Martins. Dê tempo ao tempo. Se você nunca fez assim vai demorar um pouco para que o Sistema de Patrulhas engrene. E não se preocupe com jogos. Vá lendo um e outro livro sobre o tema. Anote. Quando "Chefe" Escoteiro andava sempre com uma caderneta (risos, hoje os tais celulares de mil e uma utilidade) anotando quando tinha uma boa ideia.

Consiga o seu sucesso. Consiga o sucesso da sua tropa. E então irá dormir tranquilo depois da reunião. Do acampamento. É isto aí meu caro "Chefe" Escoteiro e minha cara "Chefe" Escoteira. E lembre-se, é você e só você pode fazer com que dê certo. O caminho para o sucesso é seu. Use-o como achar melhor!

Enquanto estiver em uma equipe, siga o exemplo de seus dedos e lembre-se de que eles não fariam nada sozinhos.