quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

78 anos de vida. Valeu e se valeu!


78 anos de vida. Valeu e se valeu!

Todos passam por isso... Afinal nascemos e morremos queira ou não. Quando pequerrucho sonhava em crescer, andar por aí, viver a vida de um menino de 3, 4, 5 e seis anos. Quase entrando nos sete Lobeando eis que entrei nos escoteiros. Nunca mais quis sair de Seeonee. Achei que iria viver lá para sempre. Mas o dia chegou. Na promessa Escoteiro orgulhoso eu prometi pela minha honra. Não iria fazer o Melhor Possível. Isso eu fiz nos lobos da Selva. E veio a segunda e a primeira classe. Eita vida boa! E os anos foram passando. Não queria crescer, a vida Badeniana na juventude era meu arco íris meu bem querer.

Mas um dia os quinze anos entrou na minha vida. Seniorando parti para as grandes aventuras. Bicicletei usei meu Vulcabrás, minha capa preta que Vovó me deu. Amava o que fazia. 17 anos... João Boca Larga, Tãozinho e Darcy me chamaram para uma reunião. Vado Escoteiro! É hora de Pioneirar. Serra da Mantiqueira, Agulhas Negras, Piedade, Mata do Tenente, Rio Doce, das Velhas, Velho Chico grutas sem fim. Raios que o parta, foram serras e aventuras demais. Cacique Itagiba era meu amigo e aconselhador. Adorava atravessar o Rio Doce em um caiaque em Crenaque para ir fazer uma visita. E foi então que eu fui fazer curso. Danado de CAB (curso de Adestramento Básico). Engoli ensinamentos pelas estribeiras e virei Chefe.

E assim cresci e gostosamente fui ser Chefe de lobos, de escoteiros. Chefaiando me divertia como se fosse menino escoteiro dos velhos tempos. Surpreendentemente convidaram-me para ser o chefão de um Estado. Deram-me um lenço esquisito dizendo ser de Gilwell e me encheram de medalhas. Ah! Nada como ser chefão as medalhas vem às pencas depois oh! Só registrado e se pagar! Kkkk. Três tacos, quatro tacos, nem sabia do quinto e o sexto taco de BP. Dava curso aqui, curso ali e um dia me mandaram embora. Outro Regional. Eu não nadava em suas águas. Foram cinco Grupos, um em Governador Valadares onde comecei minha saga escoteira, outro em BH, outro em Pirapora, outro em Coronel Fabriciano e dois em São Paulo.

E o tempo oh! O tempo não perdoava. 30, 40, 50 anos e larguei o cachimbo. Tinha uma coleção, inglês, Irlandês, italiano, australiano, alemão e dois feitos pela turma de Fidel. 60 anos hora de aposentar meus passos no campo escoteiramente. As pernas nas jornadas da vida não eram as mesmas. E supimpa! Tornei-me um pseudo escritor. Daqueles marrentos que só falam em escotismo. E veio os setenta. Até aonde chegarei? - Me perguntava. Esparramava-me na maquina Olivetti, até que fui presenteado por um bólido chamado computador. Um conto, dois, cem, mil, dois mil quatro e perdi a conta. Acordava as duas da madruga quando dizia “Eureka” e não podia perder a imaginação nas trilhas de uma história.

71, 74, 76 e gostosamente passei a frequentar Universidades do SUS e Pronto Socorro. Cada uma tirada das caldeiras infernais que os pacientes do SUS enfrentam. Melhorava, voltava, melhorava voltava, mas nunca sem dar meus passos, minhas jornadas de duzentos a mil metros todo dia. Adoro até hoje aprecio uma boa caminhada. 77. Achei que seria o último. Não foi. 78 chegou. Maldosamente escrevi 2018 em vez de 2019. Poucos que leram estavam Sempre Alerta. Tudo bem atravessei o 9 de 2019 maravilhado com tantas lembranças. Amigos encheram minhas páginas de parabéns. Fui obrigado a pensar em fazer 79 e quem sabe oitenta.

Ancião para mim é quando se chega aos oitenta. Pretendo ser um. Vou chegar? Já pedi ao meu papai do céu que me abençoe no dia 09 de janeiro de 2021. Prometo que vou vestir meu uniforme, pegar meu bastão, meu chapelão e pisar de leve na escadaria do monumento no Ipiranga e gritar Sempre Alerta dez vezes! Em seguida tirar minha faquinha mundial da cintura e gritar novamente - Independência Escoteira ou morte! Abaixo a Corte Escoteira! Serei preso? Considerado louco? Nessa hora me lembrarei de Martin Luther King e sua frase:

“É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder. Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade... Viver!”.

A todos que se lembraram de mim muito obrigado. Espero vocês em 09 de janeiro de 2020 e 2021. Não sei se até lá estarei dizendo adeus, mas a canção diz: - Turma, não é mais que um até logo, bem cedo nas estrelas tornaremos a nos ver!