terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. A experiência serve para que?




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
A experiência serve para que?

Nota – Dizia um padeiro da minha terra que quem não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão. Muitos dirigentes escoteiros hoje em dia se meteram na padaria escoteira sem saber fazer a massa e estão metendo os pés pelas mãos.

- A Experiência serve para que? - Um famoso pedagogo e pensador respondeu assim: Para muito pouco. Só que o pouco para qual ela se presta é muito importante. E completou: - “Experiência é aquela coisa maravilhosa que lhe possibilita reconhecer um erro quando você o comete de novo”. (aprender a fazer fazendo do mestre BP). Como ele eu acredito em experiência. Acredito em erros e acertos. E completou dizendo, ou melhor, lembrando novamente B-P que o erro seja o pai dos acertos. Experiência é como escrever um livro. Você vai juntando as palavras e quando vê está tudo completo. Temos hoje dezenas de novos lideres fazendo experiências no escotismo. Anos e anos e pouco resultado. Ou melhor, tem sim, a cada dia aparecem mais e mais voluntários cheios de vitalidade para fazerem novas experiências. O escotismo é uma fonte enorme para muitos aventureiros que acreditam mesmo que tudo precisa mudar. Fecham-se em seus “nichos” de poder e com um sorriso nos lábios vão apresentando suas novas ideias que não são mais que copias de outros que assim também pensaram e escreveram.

Francamente, eu não bato palmas para estes que se intitulam lideres e lá vão a fazer das suas. As fontes do poder é um prato cheio para os novos Templários que fazem de tudo para ter os títulos importantes que temos ser mais um da corte, quem sabe sorrir por saber que agora pertencem a casta dos Lordes Escoteiros. Adoram posições de liderança e depois começam a alardear suas ideias. Não pedem sugestões, eles já tem tudo definido. Como não existe uma punição para seus erros, pois ninguém irá cobrar no futuro (seus pares sempre apoiam seus atos), eles se sentem prestigiados. Falam bonito. Quem os vê na ativa fica admirado ou pasmo com seus conhecimentos (?). Sempre repito que não me considero experiente deste escotismo moderno, costumo dizer que não me empolgo. Afinal já vi tantas coisas nesta minha vida que nada mais me surpreende. Mas caramba! E a experiência deles? Porque não exigimos certezas e não dúvidas, resultados e não só experiências? Tudo bem. B-P já dizia: “Quem nunca errou nunca experimentou nada novo”.

Divirto-me quando leio Marisa Martins em seu blog – “Existem pessoas que tem o cérebro menor do que uma formiga, a boca maior do que um elefante, e ainda se acham os Reis da Selva”! Joaquim aquele português bonachão dono da padaria da esquina do meu bairro nunca foi Escoteiro vira e mexe me diz: – Chefe Vado, eu digo sempre para o meu padeiro: Quem não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão. Acho que ele tem razão. Estamos cheios de aprendizes de padeiro nas lideranças Escoteiras. Tratam seus associados como “vaquinhas de presépio. Não consultam, não fazem pesquisa, não são transparentes e nem reconhecem quando deu tudo errado. E mesmo assim lá estão eles com suas propostas incríveis para fazer do escotismo brasileiro um orgulho nacional”. (?).

 É triste quem se acha dono de tudo, dono das ideias e no futuro nem irão se responsabilizar pelas suas ações. Esquecem que as pessoas têm sentimentos, constroem sonhos, criam laços e não sabem que um dia o que acreditaram não existirão mais. O tempo passa, o Escotista desestimula, põe seu boné e lá vai ele para nunca mais voltar. Eles irão guardar os momentos mágicos que passaram com sua garotada. Nada, além disto, a não ser a decepção de pensar que poderia ter sido diferente. Vez ou outra encontra alguém, falam do passado e hoje no presente passa longe do que se acreditou ser uma filosofia de vida.    

 Sou um Velho Chefe Escoteiro calejado já vi coisas do arco da velha. Dou-me ao luxo de desaprovar, censurar e condenar tais lideres que para mim não sabem “fazer a massa e querem fazer o pão”. Posso falar de cátedra. Já fui um dirigente regional, e mesmo nos meus tempos da diligencia participei diretamente de muitos Indabas, cursos, encontros regionais onde a mola mestra era consultar e ouvir as duvidas levantadas pelos participantes. A duras lutas conseguíamos patrocínios e não fazer caixa. Havia uma preocupação com os grupos que estavam fechando, com os chefes que estavam saindo. Muitas vezes enviamos correspondência perguntando: - Porque saiu? Podemos ajudar? E hoje? Esqueceram muito das boas maneiras, da fidalguia escoteira, do respeito e da ética. Malham os antigos que desejam retornar. Fazem de tudo para impedir que estes participem novamente com suas ideias e sugestões.

Não sou um amador. Vivi o escotismo e como eu diversos antigos escoteiros também viveram. A maioria deles desistiram de condenar estas ações estapafúrdias da liderança nacional. Tem outros que aplaudem escondidos atrás da cortina do Teatro Escoteiro. São poucos que ainda lutam para manter o simbolismo e a tradição. Temos uma gabolice de alguns que se intitulam doutores, pedagogos e não passam de copiadores do mau escotismo em alguns países aonde vão buscar experiências para aplicar às cobaias brasileiras de um escotismo que em nível nacional não tem o menor reconhecimento. Arrostam-se de um crescimento fictício, se seguram em normas estatutárias feitas para permanecerem no poder. (como estão a fazer agora em uma atividade de campo, nada há ver com o principio democrático que deveria existir).  Quando digo isto muitos se revoltam. Mas revoltar por quê? Quem nos reconhece como um movimento educacional? Temos o reconhecimento nas esferas educacionais, governamentais e empresariais? Qual é mesmo o nosso marketing escoteiro? Marketing tem. Entre eles mesmos e em seu site pouco lido.

Não vejo também nenhum crescimento nas associações e grupos escoteiros isolados que se dispõe a fazer escotismo. Alardeiam fazer um escotismo tradicional. Poucos realmente entenderam o que é tradição e simbolismo. Não conversam entre si, não trocam ideias, eu mesmo sinto que entre eles existem enormes distâncias. Alguns alardeiam a fraternidade, mas como um velho informante do Escotismo Brasileiro em muitas redes sociais não vi entre eles nada que merecesse aplausos escoteiros. Um deles se mostra educado e racional. Os Florestais vão dando seu pitaco no crescimento e são mestres marqueteiros. Os demais ficaram isolados na defesa da autocracia estupida da Escoteiros do Brasil. Nem parece que o Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros, não importando, que país, classe ou credo, que o outro possa pertencer conforme nos instruir nosso Líder Robert Baden-Powell.

- E assim vou encerrando minhas modorrentas reclamações, que sei ficarão perdidas sem interseção dos possíveis dirigentes que poderiam ouvir mais e falar menos. Como sempre minhas sugestões ficarão perdidas no céu de brigadeiro. Nunca verei o dia onde a democracia terá efeito no Escotismo Brasileiro, e em torno de uma mesa à moda da Távola Redonda, vai existir uma discussão sadia como dar voz e voto a todos os adultos praticantes do escotismo em nosso Brasil. Quanto ao respeito, cortesia e fraternidade entre todos que praticam o escotismo no país sei que demorará tempo, tempo que não mais tenho para assistir e aplaudir aqueles que deram um passo a frente para a unificação de ideias e aceitação dos demais.  Se tivesse o dom de voltar atrás e decidir estes momentos fraternos que vivem na memória eu não mudaria uma vírgula que fosse. Mesmo que as reticências do presente assim o exigissem. Meu passado me ensinou sim, pois aprendi que “Quem não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão”.