Crônicas
de um velho Escoteiro.
O
maravilhoso mundo da fraternidade escoteira.
Exalta-se por todos os lados,
em todas as nações onde o escotismo é praticado que ter a alegria de por um
lenço, fazer uma promessa, sair por aí enfrentando o vento, olhando o céu azul,
amigos juntos, são particularidades de nós escoteiros que praticamos o
escotismo. É mesmo um movimento maravilhoso e único. Perguntem aos Florestais.
Perguntem aos meninos da FET ou perguntem aos jovens da AEBP. Perguntem aos
Desbravadores ou as Bandeirantes. Não se esqueçam dos Escoteiros independentes.
E finalmente aos jovens da UEB. Eles não se importam de onde são, pois assim
como todos tiveram um dia a ventura de acordar em uma montanha, ou em uma
campina e verem o nascer do sol. Eles puderam ver à tardinha em um acampamento
a fome chegando a fumaça da lenha queimando no fogão o olhar faminto, mas
contente de um dia que se foi. Isto meus amigos não é privilegio de ninguém. É
de todos que abraçaram os ensinamentos de Baden Powell.
Francamente eu não entendo
apesar de que querem ter muitas explicações o porquê desta animosidade por
aqueles que abraçaram a causa Escoteira em outra organização ou se consideram
independentes. Caramba! Afinal não dizem que somos todos irmãos? Que adianta
dizer que o Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros? Ninguém é
dono do escotismo. Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Meu
passado Escoteiro desconhecia tais atitudes e hoje estou vendo uma luta surda
que nunca presenciei na minha vida escoteira. A luta é de um só lado, da UEB.
Os demais vão Badeniano e escoteirando por este país. Se antes éramos um só, em
volta de uma organização que nos preenchia tudo que esperávamos do escotismo e
hoje outros escolheram outro caminho, mas sempre sob a égide de BP? Nunca
naqueles belos tempos fizemos registro, e ninguém se importava se existíamos.
Infelizmente nossa associação também é sujeita a erros, não é onipotente e insiste
no caminho de ser a dona da verdade. Se alguns quiseram abraçar e fazer outra
escolha, outra associação é um direito deles. Se eles estão fazendo o escotismo
conforme nossa Lei e Promessa deixarão de serem nossos irmãos?
Convidem todos os jovens de
todas as organizações e associações Escoteiras do Brasil e os coloquem em um
grande acampamento e verão como são irmãos. Verão como irão sorrir e se abraçar
mutuamente. Não ficarão lá dizendo que minha organização é melhor que a sua. Que
eu sou o dono de tudo e você não. Que eles são Escoteiros e os outros não. Que
eu sou certo e você errado. Que vocês fazem isto e aquilo. Esta bela juventude Escoteira
de ontem e hoje são puros nas suas maneiras, nas suas palavras e nas suas
ações. Quem fica implicando e batendo no peito que eu estou no lugar certo e vocês
no lugar errado são os adultos. Não todos adultos, pois em todas estas
organizações tem chefes escoteiros maravilhosos.
Se um dia pudessem
mais de perto ver aquele Chefe Escoteiro, seja em que organização for, lutando
pela formação dos jovens, dentro dos padrões e métodos escoteiros iriam ver
quanta beleza existe no coração de cada um. Seja homem ou mulher que orgulhosamente
vestem seu uniforme. Quando eles sacrificam suas horas de lazer, quando
sacrificam seu trabalho profissional, quando eles deixam de dar a alguém
próximo de sua família para doar seu amor ao escotismo, existem diferenças
entre uma e outra organização? Afinal temos ou não o direito de escolha? Eles
escolheram seu caminho, agora continuam fazendo escotismo e nossa obrigação é
aplaudir. Continuamos sendo irmãos escoteiros. O futuro daqueles meninos que um
dia vestiram um uniforme, que fizeram uma promessa, correu pelas campinas em
busca de aventuras nunca serão diferentes dos demais.
Acho que devemos pensar um
pouco. Quem se acha dono dos seus direitos esquece que o direito de um termina
onde começa o do outro. Dizer que o distintivo é meu que os termos Escoteiros são
meus dá a impressão de exclusividade. Não li em lugar nenhum que BP deu
preferencia a alguém. Parodiando Paulo Miranda, ele diz que somente com a
legítima liberdade de expressão, pluralidade de informação; respeito à
cidadania, e permanente vigilância contra as tentativas de cercear o Estado
democrático de direito, é que podemos pensar em transformar regimes de força,
em regimes de direito. Diderot também dizia que existe apenas um dever, sermos
felizes!
A UEB não é onipotente. Não tem
o direito de cercear através de uma maciça lavagem cerebral de muitos chefes,
esta luta contra as outras organizações que fazem o escotismo. Ela deveria
olhar melhor para dentro de sí. Deveria
ter como exemplo o respeito, a boa convivência e o amor que existem em muitos
países europeus. Lá como aqui também tem aqueles que resolveram escolher outro
caminho, mas como mesmo objetivo da chegada – Formar bons cidadãos com o nobre
princípio da Lei e da Promessa originária de Baden-Powell. Sei que minhas
palavras podem não ser entendidas por muitos. Mas está crescendo esta luta.
Antes que ela se transforme em uma bola de neve, devíamos pensar melhor e
aceitar a todos como irmãos escoteiros. Não importa onde estão! Uma vez
comentei aqui em um artigo que me senti pressionado várias vezes a acatar
ideias que não eram de meu agrado. Poderia ter saído do escotismo como fizeram
e estão fazendo hoje milhares de escotistas e até jovens insatisfeitos com o
que estão vendo e sentido nos seus superiores hierárquicos. Sou da UEB mesmo
sem registro. Mas não aceito sua maneira autocrática e muitas vezes ditatorial.
Ninguém é dono do escotismo.
Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Tiro meu chapéu para
todos os chefes e as chefes que lutam por um escotismo melhor. Que ele seja de
qualquer associação Escoteira no Brasil e no mundo. Sei que palavras nem sempre
dão os resultados que esperamos. Dizem que elas são levadas pelo vento e nunca
mais voltam. Mas vendo aquele Chefe ou aquela Chefe sorrindo junto aos seus
meninos e meninas, se sacrificando, dando tudo de sí para a juventude, me levanto
e grito bem alto: - Aplausos gente! Grande Palma Escoteira para eles. Se forem
da AEBP, da FET, Desbravadores, Escoteiros Cristãos, Florestais e ou independentes não importa. Nesta
hora estão fazendo escotismo e muitas vezes com o sacrifício pessoal que merece
nosso abraço e o nosso Sempre Alerta!
E para terminar eu digo aos meus
amigos e amigas: - Eu não quero saber se o Pedro chama João ou se o Antonio se
chama Joaquim. Os motivos de cada um não importa. Importa sim o bom escotismo
que fazem. Sinto-me orgulhoso em ter amigos em todos eles. Amo o escotismo. E
vejo nele uma maneira de se alcançar a felicidade plena. Pobre daqueles que se
julgam dono de tudo. Pobre daquele que alardeia o sexto artigo da lei, mas não
tem princípios fraternos. Que o caminho que vão seguir dentro dos princípios de
BP é o que importa. Palmas Escoteiras para os que lutam em fazer de nossa
juventude homens e mulheres de bem!