quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Hoje tem almoço grátis no Escotismo!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Hoje tem almoço grátis no Escotismo!

                Não tem jeito. Se viro para norte tem taxa, se viro para o sul tem mensalidade para pagar, se viro para o leste tem mudanças no ar. Tem taxa para tudo. Agora cobram até as condecorações. Já estou até vendo uma sortida delas e na loja escoteira alguém da UEB gritando: Pague uma leve duas, pague duas leve cinco. E Tapir de Prata? Pode ser pechinchada como dizia o comediante turco do Chico Anísio? – Zenhor! Vazemos qualquer negócio! – No futuro elas pelo que eu soube estarão nas prateleiras das Casas Bahia. Pois são eles os come-quieto sempre com mil ideias para faturar. Faturam com a vestimenta. Você pode escolher entre dezoito ou dezenove tipos. Tem preços para tudo. Agora não apoquente a moçada de lá da loja, afinal eles não são responsáveis pela confecção que é desastrosa. Costura que nem se sabe se é mesmo uma costura. A gente pensa que e uma costura de arremate da mesa do campo dos castores. Mas o melhor mesmo é o tamanho. Você pede pequeno recebe grande pede grande recebe pequeno. Como o caqui sumiu das prateleiras, pois eles nunca foram um bom negócio (costureiras por todo Brasil podiam fazer) a vestimenta agora é o ganha pão da turma.

                    E surgiu outra forma de fazer dinheiro. Fizeram nos dias 5 e seis (nem sei se foi cancelado) um Congresso de Educação Escoteira. Convidaram gente importante tais como o Diretor Presidente da WOSM João Armando Gonçalves e uma trupe de bambas no escotismo. Eles irão palestrar comentar, discutir (discutir o que?) – Ops me esqueci de dizer, tem taxa. Taxa Moço! Vê se não me cansa! Claro que tem que ter, quer de graça? O que é 450 mangos para ouvir os palestrantes e biscoitar um voismecê de cumidaria? Será que lá vai aparecer um gaiato rico para dizer a célebre frase de um Chefão do Escotismo que ficou famosa: - Se o garoto não tem dez reais no bolso, ele não pode ser Escoteiro! Bamba o camarada. Esta turma de hoje é supimpa chulipa, como dizia o papagaio da piada? Ou paga ou se manca. Risos. Era outra frase, mas melhor não dizer aqui.

                     Eu tremo na base com esta riqueza escoteira. Se falo dela vem logo um gaiato que nunca fez escotismo de pobre a dizer: - Chefe não tem almoço grátis. Bem isto não tem discussão tudo tem despesas, mas e o menino ou a menina? Se eles não podem comer um torresminho grátis então nós temos que fazer tudo para eles comerem. Nem começo a pensar e lá vem um outro gaiato querendo postar em um dos grupos que colaboro: - Quer acampar? Venha conhecer o sítio da Dondoca, lá tem tudo, banheiro, mesas, refeições prontas, e se quiserem temos uma turma só para armar as barracas! Preços módicos! – E não é que soube que tem gente que paga? Bem se o “borso” como diz o “Nerso da Jacutinga” está cheio que pague. E agora empresas de sabidos estão as turras para levar turmas de chefes ou seniores ou pioneiros para aprender a caminhar, andar em trilha, observar a floresta, sentir a natureza, poder nadar sem perigo, pegar cobras com a mão e o escambal. Quanto? Se inscreva no meu site. Assim você paga mais baratinho! Quer pagar? Então bufa e pague e não me apoquente!

                    Bem isto é moderno. Faz parte do novo escotismo da UEB. Soube que agora, ou melhor, tem vinte anos que a UEB adotou um tal de Macpro. Sei lá o que é isto. Comida eu sei que não é. Li que alguém fez profundas revisões nos diferentes aspectos culturais e comportamental da vida humana. Discutiram as pampas a educação e teóricos e metodólogos aprofundaram estudos sobre a formação do jovem de hoje nos termos educacionais. Soube que os escoteiros não queriam ficar de fora destas discussões. Dizem que muitos famosos dirigentes e pedagogos afirmavam que o então Programa Escoteiro não atendia as necessidades educativa da juventude. Chegaram a dizer que o novo programa iria superar e muito o método e programa de Baden-Powell. Os novos Badenianos do presente diziam que o Macpro iria suprir todas as necessidades pedagógicas e propuseram uma trabalho a médio e longo prazo.

                    Assim dizem que o escotismo foi então absorvido não mais pelo método de B-P, mas pelo tal de Macpro que nem sei o que é. Risos. (para entender melhor leiam no blog Café Mateiro o excelente trabalho escrito pelo expert em escotismo nacional e mundial Fernando Robleño, vale a pena). Eu pergunto: - Alguém está sabendo disto? A UEB tem feito proselitismo sobre tal tema e tal ação? Afinal se isto está sendo praticado é ou não uma realidade? Se for então somos cobaias? Não temos direito a opinar? Claro que sei que não, opinar não faz parte do vocabulário dos dirigentes escoteiros nacionais e regionais. Enfim, este escotismo moderno, esta parafernália dos novos profetas escoteiros com seus saberes e seus estudos fantásticos eu fico pensando se não são os falsos profetas como Cristo profetizou. Em vez de milagres de cura agora é o milagre de fazer o escotismo como o maior movimento de jovens do mundo. Quá! Mas já não somos?

                      Estou a ver as mudanças que acontecem no escotismo. Como cegos estamos sendo conduzidos para o caminho que os novos profetas escoteiros escolheram para nós. Já é fato notório que muitos cursos de formação estão deixando para trás o sistema de patrulhas, o método, a arte de aprender fazendo e a fraternidade escoteira. Aquela que o quarto artigo diz: - Somos irmãos de todos e amigo dos demais. Se meditarmos um pouco veremos que a saída do movimento de milhares de antigos ou mesmo os que resolveram se manifestar contra o que está acontecendo parece um jogo marcado. Não há interesse no retorno destes. É mais fácil mostrar um programa novo com técnicas modernas (assim eles dizem) aos que estão chegando do que os que já estão há tempos aqui sabendo o que e um escotismo de verdade na trilha que Baden-Powell nos deixou.


                     As mudanças foram todas premeditadas. Nada foi deixado de lado. Ninguem da liderança se preocupou quando as criou em saber do pensamento dos demais. Tudo foi imposto, quase obrigatório. As unidades locais sabem que a distancia entre elas e as lideranças regionais e nacionais é grande demais para tomar qualquer atitude. Enfim, o melhor mesmo é aceitar, fingir que está tudo bem. Afinal não é assim que dizem? Estou aqui pelos meninos, e por eles aceito e faço tudo que me pedirem. Só falta completar o que o grande líder Escoteiro disse: Se o garoto não tem dez reais no bolso, ele não pode ser um Escoteiro!