sábado, 6 de agosto de 2016

Chefe Tolon viu o outro lado da montanha.


Conversa ao pé do fogo.
Chefe Tolon viu o outro lado da montanha.

               Não haveria falhas. As mudanças seriam para valer. Se em muitos grupos isto é real porque não no Grupo Estrelas Cintilantes? Chefe Tolon sorria. Tinha ligado para Norman seu assistente, fizeram algumas reuniões e planejaram passo por passo. Ele tinha perdido muitos escoteiros e Escoteiras nos últimos dois anos. Nunca tinha se preocupado com isto. Sempre tinha novos para matricular. Eram 24 na Tropa escoteira. Bem dizer a Tropa não estava tão mal, ele e o Chefe Norman a seu modo tentavam levar a Tropa conforme os princípios do método Escoteiro. Ambos fizeram cursos, aprenderam muito e reclamaram por falta de cursos técnicos e ênfase no Sistema de Patrulhas. Ele tinha conhecido tropas em que a Patrulha era a “Alma do Negócio”, ou seja, fazia a Tropa funcionar e dificilmente perdiam escoteiros para os amigos da sua rua. Não era assim que diziam? Se na Tropa não tem o que esperam quando entrou o que ele estava fazendo ali? Na sua rua seus amigos que nunca foram escoteiros sabiam planejar, faziam programas e se divertiam a valer, e sem chefes por perto.

            Como dizia um antigo provérbio Navajo, os pensamentos são como flechas, uma vez lançadas alcançam seu alvo. Mas completava: - Seja cauteloso ou poderá ser um dia sua própria vítima. Era verdade. Na família escoteira que habitava não havia como se diz fraternidade e cortesia entre os voluntários escoteiros e pais. Ele se manteve a parte quando pode até que disse para si próprio: - Não dá mais. Ele confirmava o antigo proverbio Mohawk que os meninos escoteiros e lobos não são nossa propriedade. Eles foram confiados a nossa guarda pelo Grande Espirito o que para nós seriam seus pais. Sabia que o Joshua o Diretor Técnico não ia gostar. Paciência. Tentaram tudo ele e o Chefe Norman manter um dialogo, quem sabe reviver o Conselho de Chefes que havia anos não se reunia. Sabia que sem bons monitores nada daria certo. Passou meses engolindo literatura escoteira. Agora sabia de cor e salteado como formar seus monitores e sub monitores.

             Desta vez não haveria volta. Ou ele e Norman eram os chefes da Tropa ou não havia razão para continuar. Que adianta se ficam poucos meses, no máximo dois anos se vão e alguns gatos pingados passados anos ainda se orgulham do seu tempo Escoteiro? Sempre um proverbio índio para não deixa-lo esmorecer: - Que meus inimigos sejam fortes e corajosos, para que ao ser vencido não me sinta envergonhado. Fazia questão de conseguir o sucesso desejado. Começou com seus monitores. A cada quinze dias se reunia com eles na sede. Fazia questão de explicar que a patrulha também devia se reunir uma vez a cada semana ou quinzena para dialogarem sobre a patrulha, suas provas e programas futuros. Tudo bem anotado e explicado na Corte de Honra. Fez três atividades ao ar livre. Testou seus conhecimentos técnicos. Mesa, bancos, fogão suspenso, lenheiro, WC, barracas protegidas de mau tempo. Depois um acampamento de três dias só com eles. Nunca viu tanta vibração. Sabia que no próximo acampamento da Tropa o sucesso era garantido. Monitores preparados nada havia para não acertar.

           A “barra” seria com o Diretor Técnico e alguns outros chefes das demais sessões. Queria reduzir o tempo de cerimonial para no máximo 15 minutos. Perdiam muito tempo e o Diretor Técnico aproveitava para seus comentários tão longos que a maioria se escorava no bastão, em algum tronco de árvore e ninguém prestava atenção. Não adiantava fazer um bom programa se não tinham tempo para realizar. Educadamente pediu a realização de um Conselho de Chefes. Não aquele para julgar alguém nem fazer admoestações que não eram benéficas. Foi à casa da Akelá, de suas assistentes e de Joel o Chefe Sênior. Comentou de leve com o Senhor Florêncio Mestre Pioneiro. A reunião foi marcada. Valeu. Explicou seus problemas com a Tropa. A evasão era assustadora. Na Tropa ele descobriu o porquê.  Agora precisava de tempo para montar e realizar boas atividades com a escoteirada. Pretendia a cada mês fazer uma atividade ao ar livre, saindo da cidade para treinar atividades mateiras com eles. Sabia que estava na hora pois seus monitores e subs estavam preparados.

                 Viu que a evasão na sua Tropa diminuiu e quando alguém faltava ele ou Norman telefonavam para saber o que ouve. Quantas vezes foi visitar os pais e trocar ideias? Ele sabia que chefia eram um complemento na formação pois os pais sim eram os responsáveis. Fez amizades com muitos. Leu várias vezes Escotismo para Rapazes, o guia do Chefe Escoteiro e se maravilhava como Baden-Powell colocava as palavras certas. Em um ano só dois deixaram a Tropa. Muito do que fez a Alcatéia e os Seniores copiaram. Nunca fez na Tropa idéias que não foram testadas anteriormente. Sabia das dificuldades das diferenças entre os escoteiros mas um proverbio Sioux mostrou o caminho: Todos os pássaros, até mesmo os da mesma espécie, não são semelhantes, e o mesmo ocorre com outros animais e com os seres humanos. A razão que o Grande Espírito não fez dois pássaros, ou animais, ou seres humanos idênticos é porque cada um foi colocado aqui por Wakan Tanka para ter uma individualidade independente e confiar em si mesmo.  

               Tolon e Norman se orgulhavam da Tropa dos monitores e só com eles explicavam jogos, atividades, técnicas pois eles sim eram os responsáveis pela sua patrulha. Não era assim que dizia aquele condensado que pediram por e-mail a um Velho Chefe Escoteiro? O primeiro acampamento de Gilwell foi sucesso absoluto. Nada de misturar seniores e lobinhos juntos. Era só da Tropa. Um local lindo nunca perto da civilização. Hoje é sábado, sei que Norman e Tolon estão lá com seus escoteiros. Sei que a escoteirada está rindo, aprendendo, sabendo a trilha do seu futuro pois são eles mesmos que irão um dia lembrar que cada passo, cada vitória era orgulho dos seus pais, professores e chefes. Sabia que um dia eles seriam chamados de escoteiros para sempre.

E para terminar nada melhor que dizer as palavras de Búfalo-Bravo um Feiticeiro Sioux:
 “Quando eu tinha dez anos, olhei a Terra, os Rios, o Céu e os Animais ao meu redor, e não pude deixar de ver que eles provinham de algum grande poder”. Fiquei tão ansioso para entender esse poder que comecei a indagar às Árvores e os Arbustos. Era como se as Flores estivessem me falando e eu queria perguntar; “Quem fez você”?”“. Eu olhava as Pedras cobertas de musgo; algumas delas pareciam Ter traços de Homem, mas não podiam me responder. Então tive um sonho, e neste sonho uma pequena Pedra redonda apareceu e me disse que o criador de tudo era WAKAN TANKA, e que, a fim de honrá-lo, eu deveria honrar seus trabalhos na natureza. A Pedra disse que minha curiosidade me havia tornado merecedor de ajuda sobrenatural e que, se eu estivesse tratando uma pessoa doente, deveria pedir seu auxílio, que todas as forças da Natureza me ajudariam a encontrar a Cura." – E você, o que está fazendo para chegar ao Caminho do Sucesso?