Conversa
ao pé do fogo.
Chefe
Tolon viu o outro lado da montanha.
Não haveria falhas. As mudanças
seriam para valer. Se em muitos grupos isto é real porque não no Grupo Estrelas
Cintilantes? Chefe Tolon sorria. Tinha ligado para Norman seu assistente,
fizeram algumas reuniões e planejaram passo por passo. Ele tinha perdido muitos
escoteiros e Escoteiras nos últimos dois anos. Nunca tinha se preocupado com
isto. Sempre tinha novos para matricular. Eram 24 na Tropa escoteira. Bem dizer
a Tropa não estava tão mal, ele e o Chefe Norman a seu modo tentavam levar a Tropa
conforme os princípios do método Escoteiro. Ambos fizeram cursos, aprenderam
muito e reclamaram por falta de cursos técnicos e ênfase no Sistema de
Patrulhas. Ele tinha conhecido tropas em que a Patrulha era a “Alma do Negócio”,
ou seja, fazia a Tropa funcionar e dificilmente perdiam escoteiros para os
amigos da sua rua. Não era assim que diziam? Se na Tropa não tem o que esperam
quando entrou o que ele estava fazendo ali? Na sua rua seus amigos que nunca
foram escoteiros sabiam planejar, faziam programas e se divertiam a valer, e
sem chefes por perto.
Como dizia um antigo provérbio
Navajo, os pensamentos são como flechas, uma vez lançadas alcançam seu alvo.
Mas completava: - Seja cauteloso ou poderá ser um dia sua própria vítima. Era
verdade. Na família escoteira que habitava não havia como se diz fraternidade e
cortesia entre os voluntários escoteiros e pais. Ele se manteve a parte quando
pode até que disse para si próprio: - Não dá mais. Ele confirmava o antigo proverbio
Mohawk que os meninos escoteiros e lobos não são nossa propriedade. Eles foram
confiados a nossa guarda pelo Grande Espirito o que para nós seriam seus pais.
Sabia que o Joshua o Diretor Técnico não ia gostar. Paciência. Tentaram tudo
ele e o Chefe Norman manter um dialogo, quem sabe reviver o Conselho de Chefes que
havia anos não se reunia. Sabia que sem bons monitores nada daria certo. Passou
meses engolindo literatura escoteira. Agora sabia de cor e salteado como formar
seus monitores e sub monitores.
Desta vez não haveria volta. Ou ele
e Norman eram os chefes da Tropa ou não havia razão para continuar. Que adianta
se ficam poucos meses, no máximo dois anos se vão e alguns gatos pingados
passados anos ainda se orgulham do seu tempo Escoteiro? Sempre um proverbio índio
para não deixa-lo esmorecer: - Que meus inimigos sejam fortes e corajosos, para
que ao ser vencido não me sinta envergonhado. Fazia questão de conseguir o
sucesso desejado. Começou com seus monitores. A cada quinze dias se reunia com
eles na sede. Fazia questão de explicar que a patrulha também devia se reunir
uma vez a cada semana ou quinzena para dialogarem sobre a patrulha, suas provas
e programas futuros. Tudo bem anotado e explicado na Corte de Honra. Fez três atividades
ao ar livre. Testou seus conhecimentos técnicos. Mesa, bancos, fogão suspenso,
lenheiro, WC, barracas protegidas de mau tempo. Depois um acampamento de três dias
só com eles. Nunca viu tanta vibração. Sabia que no próximo acampamento da Tropa
o sucesso era garantido. Monitores preparados nada havia para não acertar.
A “barra” seria com o Diretor
Técnico e alguns outros chefes das demais sessões. Queria reduzir o tempo de cerimonial
para no máximo 15 minutos. Perdiam muito tempo e o Diretor Técnico aproveitava
para seus comentários tão longos que a maioria se escorava no bastão, em algum
tronco de árvore e ninguém prestava atenção. Não adiantava fazer um bom programa
se não tinham tempo para realizar. Educadamente pediu a realização de um Conselho
de Chefes. Não aquele para julgar alguém nem fazer admoestações que não eram benéficas.
Foi à casa da Akelá, de suas assistentes e de Joel o Chefe Sênior. Comentou de
leve com o Senhor Florêncio Mestre Pioneiro. A reunião foi marcada. Valeu.
Explicou seus problemas com a Tropa. A evasão era assustadora. Na Tropa ele
descobriu o porquê. Agora precisava de
tempo para montar e realizar boas atividades com a escoteirada. Pretendia a
cada mês fazer uma atividade ao ar livre, saindo da cidade para treinar
atividades mateiras com eles. Sabia que estava na hora pois seus monitores e
subs estavam preparados.
Viu que a evasão na sua Tropa diminuiu
e quando alguém faltava ele ou Norman telefonavam para saber o que ouve.
Quantas vezes foi visitar os pais e trocar ideias? Ele sabia que chefia eram um
complemento na formação pois os pais sim eram os responsáveis. Fez amizades com
muitos. Leu várias vezes Escotismo para Rapazes, o guia do Chefe Escoteiro e se
maravilhava como Baden-Powell colocava as palavras certas. Em um ano só dois
deixaram a Tropa. Muito do que fez a Alcatéia e os Seniores copiaram. Nunca fez
na Tropa idéias que não foram testadas anteriormente. Sabia das dificuldades
das diferenças entre os escoteiros mas um proverbio Sioux mostrou o caminho: Todos os pássaros, até mesmo os da mesma espécie, não
são semelhantes, e o mesmo ocorre com outros animais e com os seres humanos. A
razão que o Grande Espírito não fez dois pássaros, ou animais, ou seres humanos
idênticos é porque cada um foi colocado aqui por Wakan Tanka para ter uma individualidade
independente e confiar em si mesmo.
Tolon e Norman se orgulhavam da Tropa
dos monitores e só com eles explicavam jogos, atividades, técnicas pois eles
sim eram os responsáveis pela sua patrulha. Não era assim que dizia aquele
condensado que pediram por e-mail a um Velho Chefe Escoteiro? O primeiro
acampamento de Gilwell foi sucesso absoluto. Nada de misturar seniores e
lobinhos juntos. Era só da Tropa. Um local lindo nunca perto da civilização. Hoje
é sábado, sei que Norman e Tolon estão lá com seus escoteiros. Sei que a
escoteirada está rindo, aprendendo, sabendo a trilha do seu futuro pois são
eles mesmos que irão um dia lembrar que cada passo, cada vitória era orgulho
dos seus pais, professores e chefes. Sabia que um dia eles seriam chamados de
escoteiros para sempre.
E para terminar nada melhor que
dizer as palavras de Búfalo-Bravo um Feiticeiro Sioux:
“Quando eu tinha dez
anos, olhei a Terra, os Rios, o Céu e os Animais ao meu redor, e não pude
deixar de ver que eles provinham de algum grande poder”. Fiquei tão ansioso
para entender esse poder que comecei a indagar às Árvores e os Arbustos. Era
como se as Flores estivessem me falando e eu queria perguntar; “Quem fez você”?”“.
Eu olhava as Pedras cobertas de musgo; algumas delas pareciam Ter traços de
Homem, mas não podiam me responder. Então tive um sonho, e neste sonho uma
pequena Pedra redonda apareceu e me disse que o criador de tudo era WAKAN
TANKA, e que, a fim de honrá-lo, eu deveria honrar seus trabalhos na natureza.
A Pedra disse que minha curiosidade me havia tornado merecedor de ajuda
sobrenatural e que, se eu estivesse tratando uma pessoa doente, deveria pedir
seu auxílio, que todas as forças da Natureza me ajudariam a encontrar a
Cura." – E você, o que está
fazendo para chegar ao Caminho do Sucesso?