quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Conversa ao Pé do Fogo. Um dia como outro qualquer...


Conversa ao Pé do Fogo.
Um dia como outro qualquer...

               Não sou perfeito, tenho defeitos e muitas vezes errado na forma de comentar ou escrever. Sempre achei que o escotismo é fácil demais para praticar e realizar. Sempre soube que ele é dos jovens e sempre entendi meu papel quando me tornei adulto. Ninguem discute que o adulto está lá para ajudá-los na formação moral cívica e espiritual. Poderíamos dizer que seu método é simples demais. Quando B-P viu os jovens ingleses praticando seus ensinamentos nos seus fascículos “Scouting for boys” ele logo sentiu a chama de seu tempo em Charterhouse um aventureiro que se sentia bem nos bosques dos arredores. Suas ideias não tinham ainda sido pinceladas por psicólogos ou pensadores como hoje apesar de que teve muita colaboração de amigos militares ou não.

Dizer de sua experiência na Ilha de Brownsea, onde aprendeu com as patrulhas Maçarico, Corvo, Lobo ou Touro foi muito importante no que pensava ser um método não único, mas exclusivo para a formação dos rapazes. O Escotismo para Rapazes foi à base de tudo. Se considerarmos sua experiência na Guerra de Transvaal ou no cerco de Mafeking poderíamos dizer que Frederick Roussel Burnham teve grande responsabilidade pelo seu sucesso. Foi onde surgiu o Chapéu Stetson pela primeira vez e hoje no Brasil escondido por falta de interesse dos nossos dirigentes da EB. Não adianta pensar que os Ashantis os nativos que tanto o temiam o tenham apelidado de Impisa “O Lobo que nunca dorme”. Aids To Scouting (ajuda a exploração militar) percorreu mundo.

Se nos primórdios o escotismo era feito de forma simples, sem complicação, totalmente voltado para os jovens os tempos e os adultos se encarregaram de mudar a antiga idéia das atividades ao ar livre para uma escola de meninos que pouco difere das atividades escolares ou na sua vida pessoal. O fazer fazendo, o sonho do acampamento, as grandes aventuras estão agora estigmatizadas por normas e exigências. Os jovens estão indo embora. Quase não ficam muito tempo no escotismo.

Dizem que o escotismo no mundo de hoje globalizado não pode mais se prender as suas origens do passado. O passado se foi e o presente é outro. Se no passado de ontem os jovens eram mais acolhedores, mais sonhadores, mais participativos e mais educados, eles ao seu modo ainda sonhavam em ser um explorador de horizontes, um herói ou um conquistador de aventuras. Hoje os adultos lhe deram a pecha diferente. Quando digo os adultos é porque só eles falam pelos jovens. Não existem pesquisas, incentivo nada para que o jovem possa dar opinião no seu crescimento. Nossos lideres não procuram ouvi-los quando querem modificar ou impingir um novo programa para eles. Pensei que o Nucleo dos Jovens lideres teriam lugar nas mudanças que são feitas. Primeiro não são tão jovens (de 16 a 27 anos) e segundo ainda não vi nada importante que fizeram.

  Compare você mesmo como esta modernidade está impingindo na mentalidade da formação da juventude. Crianças politizadas, fechando escolas, crianças que não conversam presos a uma telinha de um celular. Crianças que não tem responsabilidades com horários chegando atrasados até mesmo no seu crescimento quando se prestam a fazer um vestibular ou ENEM. Crianças que chamam os mais velhos de você, de mano, de tio etc. E isto sob o aplauso dos novos pensadores e psicólogos que vem na sociedade moderna o melhor caminho.

Se antes os chefes eram apenas adultos crianças, capazes de se colocar ao mesmo nível dos seus jovens, compreender a suas necessidades, aspirações e desejos sem deixar de argumentar que a preocupação era com cada um individualmente, hoje nossos lideres pensam de maneira diferente. Falar no escotismo simples sem pomposidade ou grandiosidade, insistir no Sistema de Patrulhas que hoje é pouco divulgado, falar no escotismo dos jovens feito para eles e não os adultos que cercam, falar em saber ouvir e sentir o que pensam está tudo mudado. Os cursos hoje com raras exceções tem currículos diferentes. Quem sabe está mesmo chegando a hora do Escotismo Escola, o escotismo do SIGUE, o escotismo institucional nada que trezentos e poucos reais por dois dias possa ajudar ao novo Chefe no seu conhecimento, sem esquecer as várias formas de pagamento com cartões...

Enquanto isto vamos vendo os jovens sentadinhos ouvindo o adulto sabe tudo, ou fazendo o escotismo de filas como na escola para onde quer que vão ou até o escotismo de Camping que muitos insistem em fazer. Enfim, este não é e nunca foi meu escotismo. Agradeço a Deus pelas oportunidades que tive, de acampar centenas de vezes, de aventurar-se por lugares desconhecidos, por poder conversar abertamente com meu Chefe que não ficava a me dizer o que fazer. Ainda penso naquele escotismo que muitos dizem ser ultrapassado. Pois é “Aids To Scouting” ficou no passado.


 Difícil voltar no tempo e fazer escotismo de outras eras. Hoje o escotismo de demanda tem sua nova forma empresarial. Os valores vem em primeiro lugar.  Perspectivas de mudança ainda não surgiu no horizonte. A aceitação de tudo sem pedir a palavra ou emitir uma opinião nos tornou somente seguidores. Não posso afirmar se Baden-Powell concordaria com tudo isto ou não. Afinal temos aí centenas de chefes e dirigentes para contradizer suas ideias. Enquanto isto vemos um escotismo que vai aos poucos fugindo de suas tradições e que poucos participantes ainda guardam boas lembranças para propagandear ao mundo o que fez, aprendeu e as vantagens de ter sido Escoteiro!