domingo, 20 de novembro de 2016

Nem sempre ser moderno é o melhor caminho.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Nem sempre ser moderno é o melhor caminho.

           Não se discute. Quem fica parado é poste. Temos que evoluir, mas como? Estou me referindo ao novo escotismo. Tem mesmo um escotismo novo na praça? Alguns dizem que sim outros dizem que não. De uma coisa eu garanto os sonhos do escotismo do passado ainda prevalece até hoje. Quando eu ou algum dos meus amigos que postam aqui no Facebook artigos relacionados à técnica escoteira, métodos, simbolismo e místicas além de programas dos anos sessenta, Manuais de diversos de campismo escritos por Chefes há muitos anos e outros principalmente relacionados com Baden-Powell a leitura e a procura duplica. Por quê? Bem dizem alguns cursantes de hoje que não se encontra mais nos cursos realizados principalmente os que adotam o sistema moderno de ensino que hoje se pratica no escotismo.

           Quem sabe não estamos vendo com olhos de lince o caminho que estamos percorrendo. Sempre fomos ontem e hoje dependentes do conhecimento dos nossos chefes. A base principal que é a formação dos Insígnia de Madeira mudou muito do passado para o presente. Se antes o curso avançado era fatiado em três partes, sendo uma de campo, outra de um questionário e a última de observação hoje não existe mais esta exigência. As técnicas foram suprimidas por discussões modernas voltadas para preocupações atuais como o ECA e temas Institucionais. Se antes nossos chefes tinham grande conhecimento do método de Baden-Powell e os cursos eram voltados para o programa de sessão hoje não mais. Pelo menos é assim que alguns comentam.

           Se para ser um IM havia um longo caminho a percorrer hoje foi encurtado. De um curso de 8 a 10 dias hoje se faz em três dias e alguns estados já estudam fazê-los por correspondência. Se antes os pretensos cursantes se preparavam com antecedência principalmente reservando parte de suas férias para participarem hoje basta participar em fins de semana alternados. Se antes havia uma exigência de conhecimentos básicos na liderança da sessão hoje são poucos estados que assim o fazem. Basta dizer que um curso de modalidade ou ramos não tem mais a exigência de estar participando diretamente na sessão (salvo o Diretor Técnico). Ver in-locum nas sessões eram condições primordiais para se receber a IM.

            Houve sim uma melhora na apresentação dos manuais, mas na minha modesta opinião desvirtuou-se o conteúdo. O curriculum principal do método de cada ramo foi substituído em partes por temas que se julgam mais modernos, como se todo pretenso voluntário tivesse a obrigação de conhecimentos de leis institucionais, principalmente a obrigação de saber como manusear técnicas de computação, como se isto fosse mais importante que vivenciar um Sistema de Patrulhas ou mesmo a Mística da Jângal, pois são as bases do escotismo em todos os tempos.
           Por outro lado a preparação de um futuro formador eram cercadas de cuidados para evitar que o curso se enveredasse por trilhas senão aquelas oriundas de Gilwell Park. Um DCB (Diretor de Curso Básico) teria que mostrar excelentes condições e ter experiência necessária no ramo que seria escolhido. Como dar vasão a conhecimentos se o pretenso candidato não tivesse conhecimento suficiente e êxitos na liderança de sua sessão escolhida? Como alguém poderia dirigir sem saber o caminho que deveria seguir para ter êxito? O escolhido ficava pelo menos um ano participando e aprendendo com os mais velhos formadores até ser observado em dois ou três cursos se estava apto a liderar no futuro qualquer curso dentro de sua especialidade.

           A escolha de um DCIM (Diretor de Curso da Insignia de Madeira) era composta de exigências bem maiores. Pelo menos não poderia ser um amador no ramo que iria colaborar. Anos e anos para ter esta condição. Disseram-me que hoje os avançados para formadores dão a todos os participantes direitos de serem escolhidos mesmo que a experiência em tropas ou alcateias não tenha sido comprovada de fato. O tempo foi outro fator preponderante nas técnicas consideradas modernas. Enquanto no passado conforme já comentei se vivenciava em uma matilha ou uma patrulha por longo tempo de aprendizado, pois o Velho chavão de B-P Aprender a fazer fazendo era real e vivenciado na prática de novo vou no caminho da informação de terceiros que em alguns casos pouco se dá atenção a isto nos dias de hoje.

            Se antes um curso da IM no campo era realizado em oito dias e com manuais mimeografados e traduções escritas a caneta para melhor compreensão (eram em Inglês e oriundo de Gilwell) levando em consideração de cinco dias para o IM de Lobos, hoje cada vez mais se diminuem estas exigências. A formação e preparação de um Escotista tem deixado muito a desejar e mesmo com as novas formas de ajuda pessoal como o APF (Assessor Pessoal de Formação) o que acontece é que a maioria das sessões tem perdido ano a ano os jovens que ingressaram no escotismo por considerarem os programas não chamativos como no passado. Claro que tínhamos também naquela época chefes sem qualificação, mas em menor escala.


          O tema é longo. Comentar aqui como era desenvolvido o programa em cursos no passado para poder ter um comparativo com o atual prefiro o fazer em outra ocasião. Os cursantes daquela época recebiam conhecimentos necessários para sua atividade nas modalidades e ramos a que pertenciam visando o método e o aprender a fazer fazendo. Sei que muitos que lerem estes comentários irão discordar o que é um direito a todos. Mas fica sempre minha observação final: - E os resultados? Eles estão sendo bons? Os cursos dão condições aos novos de desenvolver os programas? Existe uma preocupação com a evasão? Os jovens estão sendo consultados ou mesmo questionados o porquê estão saindo? Sem maiores delongas continuo em próximo artigo mesmo sabendo que estou malhando em ferro frio e sem uma perspectiva melhor do nosso crescimento em qualidade e quantidade. Sempre Alerta.