Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Nem sempre ser moderno é o melhor caminho.
Não se discute. Quem fica parado é poste. Temos que evoluir, mas como? Estou
me referindo ao novo escotismo. Tem mesmo um escotismo novo na praça? Alguns
dizem que sim outros dizem que não. De uma coisa eu garanto os sonhos do
escotismo do passado ainda prevalece até hoje. Quando eu ou algum dos meus
amigos que postam aqui no Facebook artigos relacionados à técnica escoteira,
métodos, simbolismo e místicas além de programas dos anos sessenta, Manuais de
diversos de campismo escritos por Chefes há muitos anos e outros principalmente
relacionados com Baden-Powell a leitura e a procura duplica. Por quê? Bem dizem
alguns cursantes de hoje que não se encontra mais nos cursos realizados principalmente
os que adotam o sistema moderno de ensino que hoje se pratica no escotismo.
Quem sabe não estamos vendo com olhos de lince o caminho que estamos
percorrendo. Sempre fomos ontem e hoje dependentes do conhecimento dos nossos
chefes. A base principal que é a formação dos Insígnia de Madeira mudou muito
do passado para o presente. Se antes o curso avançado era fatiado em três partes,
sendo uma de campo, outra de um questionário e a última de observação hoje não existe
mais esta exigência. As técnicas foram suprimidas por discussões modernas
voltadas para preocupações atuais como o ECA e temas Institucionais. Se antes
nossos chefes tinham grande conhecimento do método de Baden-Powell e os cursos
eram voltados para o programa de sessão hoje não mais. Pelo menos é assim que
alguns comentam.
Se
para ser um IM havia um longo caminho a percorrer hoje foi encurtado. De um
curso de 8 a 10 dias hoje se faz em três dias e alguns estados já estudam fazê-los
por correspondência. Se antes os pretensos cursantes se preparavam com antecedência
principalmente reservando parte de suas férias para participarem hoje basta
participar em fins de semana alternados. Se antes havia uma exigência de
conhecimentos básicos na liderança da sessão hoje são poucos estados que assim
o fazem. Basta dizer que um curso de modalidade ou ramos não tem mais a exigência
de estar participando diretamente na sessão (salvo o Diretor Técnico). Ver
in-locum nas sessões eram condições primordiais para se receber a IM.
Houve sim uma melhora na apresentação dos manuais, mas na minha modesta
opinião desvirtuou-se o conteúdo. O curriculum principal do método de cada ramo
foi substituído em partes por temas que se julgam mais modernos, como se todo
pretenso voluntário tivesse a obrigação de conhecimentos de leis institucionais,
principalmente a obrigação de saber como manusear técnicas de computação, como
se isto fosse mais importante que vivenciar um Sistema de Patrulhas ou mesmo a
Mística da Jângal, pois são as bases do escotismo em todos os tempos.
Por outro lado a preparação de um futuro
formador eram cercadas de cuidados para evitar que o curso se enveredasse por trilhas
senão aquelas oriundas de Gilwell Park. Um DCB (Diretor de Curso Básico) teria
que mostrar excelentes condições e ter experiência necessária no ramo que seria
escolhido. Como dar vasão a conhecimentos se o pretenso candidato não tivesse
conhecimento suficiente e êxitos na liderança de sua sessão escolhida? Como alguém
poderia dirigir sem saber o caminho que deveria seguir para ter êxito? O
escolhido ficava pelo menos um ano participando e aprendendo com os mais velhos
formadores até ser observado em dois ou três cursos se estava apto a liderar no
futuro qualquer curso dentro de sua especialidade.
A escolha de um DCIM (Diretor de
Curso da Insignia de Madeira) era composta de exigências bem maiores. Pelo
menos não poderia ser um amador no ramo que iria colaborar. Anos e anos para
ter esta condição. Disseram-me que hoje os avançados para formadores dão a
todos os participantes direitos de serem escolhidos mesmo que a experiência em
tropas ou alcateias não tenha sido comprovada de fato. O tempo foi outro fator
preponderante nas técnicas consideradas modernas. Enquanto no passado conforme
já comentei se vivenciava em uma matilha ou uma patrulha por longo tempo de aprendizado,
pois o Velho chavão de B-P Aprender a fazer fazendo era real e vivenciado na
prática de novo vou no caminho da informação de terceiros que em alguns casos
pouco se dá atenção a isto nos dias de hoje.
Se antes um curso da IM no campo
era realizado em oito dias e com manuais mimeografados e traduções escritas a
caneta para melhor compreensão (eram em Inglês e oriundo de Gilwell) levando em
consideração de cinco dias para o IM de Lobos, hoje cada vez mais se diminuem
estas exigências. A formação e preparação de um Escotista tem deixado muito a
desejar e mesmo com as novas formas de ajuda pessoal como o APF (Assessor
Pessoal de Formação) o que acontece é que a maioria das sessões tem perdido ano
a ano os jovens que ingressaram no escotismo por considerarem os programas não
chamativos como no passado. Claro que tínhamos também naquela época chefes sem
qualificação, mas em menor escala.
O tema é longo. Comentar aqui como
era desenvolvido o programa em cursos no passado para poder ter um comparativo
com o atual prefiro o fazer em outra ocasião. Os cursantes daquela época recebiam
conhecimentos necessários para sua atividade nas modalidades e ramos a que
pertenciam visando o método e o aprender a fazer fazendo. Sei que muitos que
lerem estes comentários irão discordar o que é um direito a todos. Mas fica
sempre minha observação final: - E os resultados? Eles estão sendo bons? Os
cursos dão condições aos novos de desenvolver os programas? Existe uma
preocupação com a evasão? Os jovens estão sendo consultados ou mesmo questionados
o porquê estão saindo? Sem maiores delongas continuo em próximo artigo mesmo
sabendo que estou malhando em ferro frio e sem uma perspectiva melhor do nosso
crescimento em qualidade e quantidade. Sempre Alerta.