Conversa ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? Parte I.
“Ele entrou para o escotismo pensando que seria um
aventureiro, um explorador, um herói que sempre sonhou. Assustou quando viu que
não era. Tudo era igual a sua casa, a sua escola e ele tinha uma internet
melhor do que o que viu ali. Partiu para outra. Ali não era o seu lugar”. Seus
amigos de bairro tinham programa melhor.
Porque estão saindo?
Se isto acontece tem motivo. Mas quais? Até hoje ainda não temos uma politica
de contenção para diminuir esta evasão. Nem mesmo sabemos quais os reais
motivos. Temos sim bons chefes que com sua experiência apontam diversos
fatores. Vejamos o que esta evasão produz de mal: - A qualidade não cresce a
quantidade idem, o que pensava BP que precisaríamos segurar o jovem por pelo
menos dez anos não acontece mais. A evasão é tão grande que mais parece um
sistema rotativo de entra um sai outro. À medida que a juventude cresce, passa
a integrar a sociedade como um todo. Se aqueles que passaram pelas fileiras
Escoteiras e não tem boas lembranças, dificilmente serão os que irão fazer um
proselitismo das vantagens educacionais do escotismo. Sabemos que não somos
reconhecidos pelas autoridades em nosso país. Ainda não aprendemos a mostrar
nossa força claro, se há temos. Poucos estão devidamente preparados para em
poucas palavras, dizer o que somos e o que pretendemos.
Todos que tem uma
explicação ela para nos escaninhos da UEB. Não tem continuidade. Quem perde com
isto é o Movimento Escoteiro. Sei que muitos poderiam dizer o porquê não
crescemos, o porquê não existe mais aquela procura do passado e teremos outros
que bem formados no escotismo terão exemplos pessoais para dar. Sem entrar aqui
no mérito do conhecimento, ou da afirmação que está tudo bem, irei apresentar
em quatro artigos sucessivos, minha opinião vivenciada no escotismo que
conheci. Não pretendo entrar em desacordo com nenhum dos que discordam, mas
lembro de que só iremos estancar esta sangria quando nos dispusermos a
analisar, pesquisar, conversar e aceitar sugestões dos diversos núcleos
Escoteiros do país. Isto englobaria todos, desde o mais humilde grupo até a
Direção Nacional. Citaria de antemão quatro motivos do porque muitos estão abandonando
as fileiras do escotismo:
- Programa. Ele não atinge os objetivos para
motivar os jovens.
- Apresentação pessoal. A vestimenta não trouxe os
resultados esperados.
- Formação qualificação do Chefe. Os cursos hoje
estão mais preocupados em temas não técnicos e a metodologia Bipidiana foi substituída
pela modernidade.
- Ouvir sempre o ponto de vista do jovem. Dizem que
sim, mas não está sendo feito.
Abordarei proximamente em cada tema minha opinião sem fugir dos padrões
atuais. Não basta, no entanto escrever sem que haja uma discussão por todos que
participam do movimento. Complemento que para isto uma pesquisa de opinião de
âmbito nacional teria muita validade para se chegar a um meio termo. Não me
considero um expert no tema. O que deixo transparecer foi aprendido por uma
vida dedicada ao movimento. Deste os sete anos até hoje. Sem motivar,
valorizar, ouvir e elogiar não teremos uma participação efetiva. Se que se
analisarmos melhor cada caso é um caso. Cada Grupo Escoteiro tem sua
personalidade própria. Sem entrar no mérito de cada tema o que deixo para
análise dos leitores meus amigos não entro mais profundamente no mérito de cada
exposição. A charge em anexo vale mais que mil palavras.
O QUE ELE PENSOU QUANDO ENTROU NO ESCOTISMO?
Ele pensou que seria assim: Diferente de sua
escola, diferente do que fazia com seus amigos do bairro, ele poderia ter
aventuras que nunca teve, aprenderia no campo a vida de um explorador. Iria
colocar uma mochila e sair por aí a excursionar. Iria acampar muitas vezes,
iria dormir em barracas, ver a estrela no céu. Iria construir Ninhos de Águia,
escada de cordas, iria subir e descer de uma árvore por nós incríveis que iria
aprender. Atravessaria rios e vales em Falsa Baiana, em Comando Crow.
Aprenderia a fazer pontes, jangadas, iria explorar cavernas, bosques, montanhas
e tantos mais. Iria correr pelos campos, ver pássaros incríveis, seguir pistas
na floresta, descobrir uma nascente, pescar um belo peixe, e com sua bandeirola
iria enviar mensagens por enormes distâncias, o Morse à noite com sua lanterna
iria brilhar, e os jogos especiais? Ele um índio ou um soldado? Que bela
maquiagem faria. Os famosos boina verdes seria pé de chinelo perto dele. Iria
se preparar para o negrume da noite, acender um fogo, pular uma fogueira e
cantar! Representar com seus amigos, contar uma bela história. Iria aprender
dezenas de nós Escoteiros e marinheiros. Iria aprender a seguir o rumo, dominar
uma bússola, ler mapas e partir para grandes atividades aventureiras. Teria seu
cantil para beber água da fonte, teria sua faca mateira. Iria aprender a usar
seu facão, seu canivete e quem sabe gritar alto: - Madeira!
PORQUE ELE DEIXOU O ESCOTISMO?
Não foi o que pensava. Tempo demais na bandeira,
tempo demais do palavrório, Monitor mandão, sala com cadeiras e ficar sentado
vendo chefes escrevendo, desenhando sinais de pista. Tudo igual ao que ele
fazia todos os dias na escola. Um Monitor a sua frente ensinando sinais, nós,
tempo demais. E os jogos? Sem graça, ele preferia um racha de futebol. Pelo
menos se divertiria. Uma patrulha desanimada, poucos frequentando, a maioria
faltando ou saindo. E ele se lembrou do seu Professor a exigir silencio e
atenção. E as filas? Iguais as que fazia na escola todos os dias esperando uma
ordem de um adulto demorada. Lembrou-se das suas viagens pela internet, da sua
casa, e pensou que tudo ali era igual. E os sorrisos, os elogios e os abraços?
Quase nenhum. Queria fazer a promessa, mas como demorou. Chegou afinal à conclusão
que ficar com seus amigos do bairro era melhor.
Pois é, a charge diz tudo. Pode ser um dos principais motivos da saída
do Escoteiro, do Chefe que não teve respaldo, do diretor que nunca foi
elogiado. Não vou dizer do antigo programa de classes que foi suprimido e
substituído. Ele poderia ter continuado com suaves modificações que o tempo se
encarregaria de mostrar. Pelo menos era mais aventureiro. Mostrava como viver a
vida de um mateiro, um explorador. O que aconteceu foi que bruscamente mudaram.
Ninguém foi consultado. A UEB não se manifesta. Os cursantes não aprendem como
agir.
Fiquem a vontade para
comentar, copiar, compartilhar, discordar e sugerir. Não sou o dono da verdade,
a única coisa que posso afirmar é que a evasão no passado não foi tanta assim.
Era comum as patrulhas permanecerem juntas por anos e anos. Mas vamos descobrir
juntos a verdade. Conto com você! Aguarde a parte II.