Apenas uma
mesa de acampamento.
Era uma mesa simples. Nada
diferente de tantas que ele um dia viu outros escoteiros fazerem. Era sua
primeira. Teve a permissão de construí-la só. Era um desafio que ele mesmo fez
para si. O Monitor lhe disse onde seria o campo da patrulha. Se ele fosse fazer
a mesa deveria ficar perto da cozinha. Viu os demais patrulheiros seus amigos
planejando e fazendo atividades mil. Sabia que sempre fora assim. Pensou como
seria. Quantas achas de madeira, quantos bambus. Multiplicou, fez da álgebra a
parte final para não errar as medidas de sua primeira construção.
Mãos a obra. Uma machadinha e
um facão eram instrumentos preciosos. Proximo ao bambuzal viu dois eucaliptos.
Estavam autorizados no corte. Quando o primeiro caiu ele ia gritar “madeira”!
Mas sentiu tristeza, pois ela ele sabia que a árvore morrera nas mãos de um
Escoteiro. Alguém lhe disse que cortando vinte centímetros acima da terra as
mudas ao redor dariam outras três. Não ajudou, mas deu para esquecer a tristeza
momentânea.
Arrastou-a por trezentos
metros. Longe. Não foi fácil. Voltou para os bambus e fez o mesmo. Tirou a
camisa escoteira tirou o lenço. Sabia que não se colocava o lenço sem estar
uniformizado. O sol a pino, mas não dizem que os Escoteiros não se assustam com
nada? Uma estaca e lá esta ele cortando e medindo sua madeira e bambus. Tudo
pronto agora era fazer os buracos. Seriam quatro. Quarenta centímetros de fundo
no mínimo para que a base fique forte. Uma hora, duas três. Estava agora
terminando. Quantas amarras deu? Quantos nós fez? Agora fazia simultaneamente
duas costuras de arremate no seu tampo da mesa.
O suor não perdoava. Correu
até o regato e lavou o rosto, deitou na beirada e bebeu a água cristalina
pausadamente com a própria boca. Olhou de longe sua construção. Foi mais perto,
pôs a mão na cintura fazendo pose. Olhou de um lado, passou para o outro.
Estava deslumbrado com o que fez. Ninguém na patrulha observou ou elogiou. Puderas
afinal isto era uma rotina de todos. Pegou a lona, jogou pela viga mestra, já
tinha fincado a primeira forquilha. Ele ria da lona torta. Aguarde dona lona,
ele disse. Mais quatro espeques. Pronto. Podia chover canivete. Sorriu quando o
monitor lhe deu uns tapinhas leve nas costas dizendo – Parabéns!
No jantar viu quando todos
pegaram seus pratos suas canecas e se dirigiram para a mesa. Ele foi o último.
Queria vê-los todos em volta e sentados. Um espetáculo a parte de quem fez.
Oraram. “Senhor obrigado por esta refeição, obrigado pela natureza bela que nos
deu para viver uns dias, obrigado senhor pela água límpida do córrego, obrigado
senhor pela noite, pelos vagalumes e pela Dona Coruja que vai nos olhar com
seus olhos espantados”. Amem! Ele baixinho completou: - E pela força que me deu
por ter feito a sala de jantar da patrulha. Obrigado Senhor. E ele dormiu
tranquilo. Os calos nas mãos iriam fazer efeitos no dia seguinte.
Os ossos do corpo doíam e iam
piorar, mas ele não se importava. Tinha feito sua parte. Ele não era o único
era mais um na patrulha. Dormiu feito um anjo e sabia que este dia seria para
ele o inicio de muitos outros que iria mostrar a força de um trabalho em
equipe. Amava sua patrulha e por ela daria sua vida. Agora ele sabia como era
bom ser Escoteiro e feliz ajudando aos outros e ajudando a sí mesmo!
É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve
aprender a fazer.