quarta-feira, 26 de abril de 2017

O destino de uma linda árvore frondosa que amei.


Apenas um conto… Nada mais.
O destino de uma linda árvore frondosa que amei.

             Eu a descobri por acaso. Não mais que a um quilômetro da minha residência. No final da Rua dos Afonsos. Nada que uma pequena caminhada para chegar até ela. Vi que era uma linda figueira. Enorme, Copada, uma sombra incrível ela produzia. Estava no meio do nada. Um matagal no final de rua. Apaixonei-me por ela. Durante três dias limpei o mato e o lixo em volta de sua sombra. Alí aprendi a ficar e me esconder do mundo. Pensei em plantar gramas e flores. Até que plantei uns chapéus de couro, lírios, flor de laranjeira, crista de galo e todas se deram bem. Era meu cantinho. As tardes pegava um livro qualquer, jogava nas costas uma cadeira de praia e lá ia eu. Sentava-me, respirava fundo. O ar era desigual. Alí era o paraíso. Sem sons a não ser um vento passante pássaros arredios e beija flores nenhum outro som se ouvia. Então viajava no meu livro em suas páginas mágicas que me levavam a terras longínquas de um mundo fantástico. Li uma dezena de livros acobertados por aquela árvore que passei a amar.

             Minha bela vida de tardes sombreadas durou pouco. Um ano depois quando lá cheguei encontrei uns homens da prefeitura. Faziam medidas aqui e ali. – Oi! O que é isto? Perguntei. - A nova avenida. Isto aqui vai ficar mais agradável. Muitos carros, ônibus, novas casas você vai gostar! Olhei para ele. Coitado. Não sabia que a civilização não trás a felicidade. E minha árvore? Perguntei. Vai ser cortada. Ela fica bem no meio da avenida. – O que posso fazer para vocês deixarem ela viva? – Nada meu amigo. Nada.

             Demorou seis meses. Vi com tristeza em uma manhã de segunda, caminhões, tratores a caminho do meu sonho das tardes assobradadas. Minha árvore ia partir. Ainda bem que estou "Velho". Logo, logo também irei partir. A natureza não é mais a mesma. Não há respeito. Ela é jogada como lixo em todos os lugares. Voltei para minha varanda. Ainda tinha meu canto. Mas que saudades da minha linda árvore que um dia achei que ia durar para sempre!

  • “A árvore que está sendo cortada observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira”.