terça-feira, 4 de abril de 2017

Quanto custa ser um Chefe Escoteiro?


Conversa ao pé do fogo.
Quanto custa ser um Chefe Escoteiro?

                Você tem ideia quanto custa para participar como voluntário no escotismo? Eu sei que tem alguns grupos bem estruturados que assumem todas as despesas. São poucos infelizmente. Mas e os filhos? As mensalidades deles? Nos acampamentos? Também pagas pelo Grupo? Sabemos que os grupos humildes comem o pão que o diabo amassou para que possam atender aos voluntários nas suas necessidades escoteiras. Posso estar enganado, mas só no escotismo o voluntário paga para ajudar. Quem sabe este seja um dos motivos da evasão de adultos. Uma vez perguntei a vários chefes e as respostas me surpreenderam. Não vou repetir aqui todas, mas as principais se referem à tecnocracia de alguns dirigentes, ou mesmo a “arrogância de outros” “ou o profissionalismo de muitos” pensando que os gastos são absorvidos com facilidade pelos chefes escoteiros.

                Pelo sim pelo não alguns sempre afirmam que vale a pena gastar do seu próprio bolso para ajudar e colaborar com os filhos dos outros. Mas conheço alguns que quando chega o fim do mês olham as contas de água, luz, telefone, gás, internet, prestação A, B e C, colégio ou material didático dos filhos e ficam deveras assustados. Sei de outros tantos que estão desempregados. Não irão nas atividades nacionais e regionais programadas, fazer aquele curso, ir ao Jamboree, ao acampamento Contaram-me que em um grupo que os pais perderam o emprego e não podem pagar a mensalidade os meninos foram dispensados.

                Então como ser chefe desempregado? – Sei que existem os Chefes de Grupos que tem uma perfeita estrutura financeira. Sempre dão exemplos como fazem e pagam com prazer as despesas de seus voluntários. Não sei se pagam também as taxas dos jovens. Um deles sempre afirma que arcam com as despesas, viagens e cursos. Afinal a maioria deles tem entre seus associados uma classe média alta e podem ter todas as facilidades que outros não tem. Sei de casos onde ouve separação dos conjugues por causa do Escotismo. Se a esposa, ou a família não participa existe ressentimento. Ver a esposa ou o esposo gastando com o escotismo e sabendo da economia que fazem para arcar com suas necessidades de sobrevivência não é fácil. Mas o menino não tinha condições! Diz o chefe ou a chefe. Tinha de ajudá-lo. E o curso? Precisava fazer. E assim vai. – E tem aqueles que vão para os encontros nacionais e pagam para ser Staff. Ele paga com prazer para ficar a disposição do campo e nem se preocupam se houve despesas de transporte, alimentação ida e volta.

                   Todos nós sabemos que a UEB não aceita nenhuma atividade que dê prejuízo. Não importa qual sempre haverá a taxa dela. Fora do Brasil a taxa é em Dólar. Outro dia li que um chefe dirigente comentou que as taxas são menores que as diárias de um hotel quatro estrelas! Boa essa! Muitos não medem sacrifício. Principalmente se são dirigentes ou formadores não se acanham em aceitar convites, participar de palestras ou mesmo de cursos fora do seu perímetro urbano pagando do próprio bolso. Se você pergunta ele responde: Vale a pena ajudar a juventude do Brasil. Houve uma época que estive na direção escoteira de um estado brasileiro. Lutava para baratear a taxa. Brigava mesmo por isso. Afinal fiz meus primeiros cursos sem ônus, pois a região pagou todas as despesas. Tempo bom que não volta mais.


                  Hoje os profissionais substituíram os amadores do passado. Acho que eu era um amador. Lutava para conseguir auxilio em todos os lugares para ajudar aos jovens a participar de atividades regionais, ou mesmo distritais sem esquecer taxas de cursos com preço simbólicos. A Regional trabalhava com os órgãos públicos, com fábricas para conseguir diminuir as taxas que porventura fossem cobradas. Fazíamos várias atividades regionais e era uma alegria ver as patrulhas chegando completas, cantando, dando seus gritos para um acampamento distrital ou regional. Era diferente, sem tanta pompa de lenços distintivos e o escambal. As patrulhas levavam sua própria tralha, sua intendência e alimentos. Hoje é tudo estilizado. A individualidade prevalece sobre a equipe. Interessante que Baden-Powell quando fundou o escotismo sua preocupação era com os meninos ingleses pobres e humildes.

             Qualquer um sabe quanto pesa as despesas para ser um voluntário. E aqueles que tem dois, três filhos além da esposa participando sabe mais ainda. Não é fácil para alguns cujo salário não dá nem para as despesas familiares. E o pior de tudo que poucos dirigentes se dão conta que podem sim, trabalhar para reduzir custos. Ora bolas, tudo tem que dar lucro? Para que? Para ter um caixa gordo? Despesas existem qualquer um sabe disto, mas vejam bem, as lojas escoteiras são um verdadeiro manancial e o nome escoteiro é um chamariz para muitas empresas. Se você é daqueles que diz: – Eu amo o escotismo, trabalho por ele e acredito que posso ajudar e não reclamo em gastar você não é um bom exemplo. Eu sei que cada um faz o que gosta e eu aceito. Não vou ficar discutindo que não existem almoço grátis. Mas uma boa liderança deve fazer tudo para facilitar a participação dos seus associados em suas atividades.

                    Costumo brincar dando como exemplo o Escoteirinho de Brejo Seco e o seu chefe Zé das Quantas. – Ele na sua simplicidade me diz: - Chefe sou carroceiro, ganho pouco, mas sou honesto e trabalhador. Tenho honra e caráter. Procuro ser amigo dos meus escoteiros e ajudar em tudo que posso, mas não dá para pagar para eles! Parodiando minha Avó, “quem pode, pode, quem não pode se sacode”! Enquanto isto encha os bolsos se quiser ser um voluntário e colaborar para a formação de nossa juventude Escoteira.


Eu não sou pobre, apenas um rico em dificuldade...


Está foto anexa é uma das mais lindas que eu tenho. O sorriso das lobinhas é uma paga por ter sido escoteiro até hoje. Minha alegria em estar junto delas me fazem sim, um Velho Chefe Escoteiro realizado e feliz. Quando chefiava sessões arquei muito com despesas de jovens. Não sou daqueles de bater palmas para dirigentes que não se preocupam com seus associados. Eles são os responsáveis para ajudar os jovens mais humildes nas suas atividades escoteiras. Gosto do primeiro artigo da lei do Lobinho que se aplica bem ao dirigente: - O lobinho pensa primeiro nos outros!