sábado, 14 de abril de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. São Escoteiros?



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
São Escoteiros?

                 Ontem passeando nas páginas do Facebook deixei de lado as Fake News horríveis, muitas postas por membros da EB (o que não devia acontecer) e me deparei com uma desavença de alguns sobre a posição de um determinado Grupo Escoteiro. Comecei a ler os comentários a favor e contras. Tudo começou com um revoltado membro da EB com um Presidente do Grupo que não registrou os membros da diretoria. A discussão chegou às raias da ameaça e da punição.

                 Algumas explicações foram entrepostas e um que me parece ser um líder do distrito disse que todas as providencias estavam sendo tomadas. Ameaças veladas no ar. Fiquei pensando nas normas, nos artigos de um estatuto que rege os papa escoteiros de hoje. A discussão foi evoluindo. Se estivem no mesmo local sairiam para o sopapo sem dúvida. Não sei o motivo real, mas seja o que for este tipo de comportamento não coaduna com os princípios escoteiros.

               Contra meu modo de agir coloquei minhas ponderações sobre o motivo da contenda. Falei da amizade, do sexto artigo do direito de agir, falei da fraternidade, da irmandade tão usada pelos dignitários escoteiros. Disse da minha perplexidade de tal discussão ser lida por milhares e milhares de escoteiros do Brasil e do Mundo. Não gosto de dizer que roupa suja se lava em casa... Mas...

               Parece que se tocaram e retiram a postagem alguns minutos depois. Já vi esse filme. Alguns poucos me escrevem reclamando a mesma coisa. Sou um velho escoteiro de setenta anos de escotismo e não um Salomão Escoteiro. Costumo pensar que apesar de ser um leitor emérito de Baden-Powell nunca li que ele disse que para ser escoteiro tem de ter registro, que a associação do país tem de ser reconhecida e registrada por um órgão internacional.

               Li sim muito do que escreveu que o escotismo bem aplicado tem tudo para dar certo na formação da juventude. Deu a fórmula através de um método perfeito. Deu uma Lei e uma Promessa. Disse que para crescermos devemos aprender fazendo. Sempre repetia em seus escritos que o Chefe é exemplo. Os jovens farão o que seu líder faz. Não disse nada sobre registro, sobre Presidente, sobre Diretores e outros badulaques. Falou muito do Chefe. Do Chefe...

               Às vezes me olho e olho em volta perguntando? São Escoteiros? São fraternos, convivem em harmonia, procuram ajudar, ouvem muito e falam pouco? Pensam primeiro nos outros? A lealdade acima de tudo, à cortesia e a irmandade do sexto artigo prevalece em suas ações? Acreditam mesmo que são exemplo para conduzir escoteiramente esta moçada no porvir?

                 Falamos de ética, de honra, de caráter de personalidade de Servir, falamos tanto que essa preocupação em condenar, em exigir o registro para ser reconhecido sem nos dar o direito de agir como acreditamos não é um bom exemplo. Não seria melhor o dialogo em vez de ameaças? Essas ações dos Dirigentes demandam gastos e processos. Interessante é que colocaram na promessa sem consultar BP: “Servir a União dos Escoteiros do Brasil”. Ufa!

                  Se eu quero ser escoteiro e prefiro fazer dentro dos parâmetros que acredito não tenho esse direito? Se não estou agindo dentro da lei existe um caminho correto para resolver. O que não pode é essa intolerância, essa opressão pensando que somos todos soldadinhos do que dizem os estatutos e os mandatários da EB. Ah! Esses líderes de grupo que se acham dono da verdade.

                  Se uns acreditam que ter o registro é melhor, que o faça. Não discuto as vantagens, mas quando acusar pense primeiro em você se está agindo como um escoteiro leal, cortes, amigo e irmão dos demais. Sei que minhas ponderações pouco vão resolver. Sou ainda a favor do direito de escolha, do direito de acreditar nas palavras de BP. De uma coisa em sei, em tudo que li sobre ele não vi escrito que ele tenha dado procuração para falar e agir sobre seu escotismo a ninguém.

Nota – Hoje tem reunião. Alegria de montão. Que haja paz, que haja amor, que haja união e boa vontade em todos os adultos que ali estão dando seu exemplo de como ser ético e ter a vivência escoteira nos princípios da Lei e da Promessa que nos deixou Baden-Powell. Feliz reunião, um ótimo sábado e não esqueçam: Boas ações dignificam o caráter!