domingo, 8 de fevereiro de 2015

A culpa de tudo é do Zé das Quantas.


Conversa ao pé do fogo.
A culpa de tudo é do Zé das Quantas.

               O escotismo é sui generis. Difere de tudo que se conhece em termos de estrutura, normas e regulamentos em outras organizações ou associações. Quem sabe isto fez com que a disciplina e a subserviência fossem uma realidade entre nós. Se assim for não dá para discutir, pois nem todos estão devidamente preparados para discordar. Mas sou insistente. Dizem que água morna em pedra dura tanto bate até que fura! Não sei se é verdade. Sabe o que temos de mais importante no movimento Escoteiro? Os chefes. Verdadeiros heróis e que já dão o nome de voluntários. Fica mais fácil assim. Voluntário você pode prescindir dele a qualquer momento, Chefe não.  Esta época moderna é fogo. Mas vejamos, o que seria do escotismo sem os chefes? Nada, praticamente nada. São eles o baluarte de sustentação do Movimento. Ainda bem que são obediente e disciplinados. Não sabem de sua força. Aquela metáfora onde se diz que uma andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo ainda não aconteceu entre nós. Ainda bem isto ajuda muito os poderosos.

                Veja, não é fácil a vida do Chefe. Por mais simples, por mais amor, por mais dedicação que tenha nem sempre têm seu valor reconhecido. Poucos sabem que muitas vezes eles está ali com o coração doído por algum fato particular, por algum motivo desconhecido, mas ele sempre pronto é presente, tentando mostrar aos jovens o sentido da vida, dar a eles um rumo em seus destinos futuros. Tem aqueles mais bem aquinhoados, pertencem a um grupo bem estruturado, amizades fortes, diretores cônscios de suas responsabilidades e tantas facilidades para aprimorar seus conhecimentos que ele sabe que nada vai prejudicar sua vida fora da jornada que escolheu. Mas meus amigos não se esqueçam dos outros. Os culpados de tudo. Para muitos que deviam estar ao seu lado, só o culpam pelas mazelas que o escotismo enfrenta. Estes chefes estão sós. Braços fortes ao seu lado não existe. Não conseguiram dar uma boa estrutura em suas bases de ação. Os pais não se preocupam, as autoridades também não. Claro que ele não desiste. Ele sabe que precisa ter fibra para levar adiante o seu ideal. E o que ele espera? Ele espera que um dia apareça um anjo de Deus para junto a ele dar a sustentação que precisa.

                Mas no fundo ele sabe que este anjo não vai aparecer. Ele sabe que tem de trabalhar sozinho. Seus meninos e meninas mesmo poucos e pobres precisam dele. Ele sabe que os pais não se preocupam. Ele não pode simplesmente abandonar tudo. Dizer: - Melhor fechar o Grupo Escoteiro. A luta é difícil. Ele sabe que não fará isto. Ele sabe que todos os sábados muitos estão a sua espera e sua lealdade ao espírito Escoteiro ele sabe que estará lá, faça sol ou não. Ele não pode dizer simplesmente que deixa o vento o levar. Não pode dizer isto. Não faz parte do seu vocabulário. Como muitos ele acredita que sua luta vale o sacrifício que faz. Nunca critica seus superiores. Dá um belo sorriso quando os encontra em alguma atividade regional ou nacional. Se sente prestigiado em dar a ele um aperto de mão e nunca deixa de convidar para uma visita. No fundo ele sabe que isto nunca acontecerá. Nestas atividades ele toma contato das novas regras, do que ele deve fazer, das novas exigências para o registro ele sabe que não vai ser fácil, mas ele não desanima. Perde horas fazendo o que nunca fez. Alguns pedem ajuda a amigos, outros chefes e lá está ele no computador fazendo as exigências que recebeu dos seus superiores.

                    Estes chefes quase nunca desanimam. Eles são frequentes nas reuniões e pouco faltam. Gastam do seu bolso o que não podem gastar. Alguns compram uniformes para seus jovens, outros pagam as taxas cobradas do grupo, da região e da Direção Nacional. Se eles tivessem uma boa diretoria seria mais fácil. Mas eles não tem. Não esperam recompensas. Estes chefes já sabem que dificilmente irão receber uma condecoração. Quiçá uma de Bons Serviços ou mesmo Gratidão. As outras ele sabe que só os lideres irão receber. Todas dizem que tem direito pelos relevantes serviços prestados ao escotismo. O dirigente é elogiado e recebe ele não, ele não presta relevantes serviços ao escotismo. Quantos Tapir, quantas Tiradentes, quantas São Jorge são distribuídas por ano? Quantos chefes humildes como ele receberam? Ah! Burocracia. Sem ela é pode desistir, mas olhe pergunte a ele e ele dirá que gosta do que faz, não está ali atrás de um premio. Seu prêmio é o sorriso pela vitória de cada jovem que ele conseguiu ajudar.

                     Dificilmente ele receberá elogios pelo seu trabalho. O mote hoje é dizer que não crescemos, não temos retorno dos dirigentes empresariais, políticos e governamentais por culpa dele. O Chefe. Se não temos alguém de expressão para dizer os valores do escotismo à culpa é dele. Se não temos bons conferencistas escoteiros, que recebem valores enormes para meia hora por uma palestra a culpa é dele. Se a imprensa falada escrita e televisada não têm bons programas, ou mesmo uma apresentação em seus jornais diários sobre o escotismo claro, a culpa é dele. Interessante a nossa liderança, a nossa entidade máxima não tem culpa. Ela faz o que pode. Ela presta relevantes serviços ao escotismo. Ela dita normas, ela cria sem consultas, ela resolve entre poucos o que fazer e se não é cumprido por todos é claro que a culpa é do chefe. Deveriam convidá-los todos estes chefes para uma atividade colocar todos em fila e dar uma boa bordoada em cada um para aprender!  


                       Mas sempre teremos aqueles que defendem nossa entidade máxima. Eles eu sei que pertencem a um escotismo bem feito, boas tropas, excelentes alcatéias, diretorias incríveis, sessões completas, uma fila de espera enorme para ser mais um com eles. A gente sabe e conhece muitos deles. Melhor não comentar aqui a verdade de cada um. É... Sempre haverá um sorriso dos humildes para os poderosos. Sempre haverá uma subserviência nas diretrizes que emanam poder. E os chefes, aqueles que estão firmes a colaborar com o escotismo sem nada em troca dos poderosos continuarão a existir. Quem sabe um dia irão dizer que isto não pode continuar? Acho que não. Uma horda de novos voluntários sempre esta aparecendo. Estes sabem que se quiserem participar tem que jurar servir a União dos Escoteiros do Brasil. Então meus amigos o melhor é calar, olhar para frente, ver um sorriso de seus jovens e saber que amanhã um deles poderá dizer: - Se sou o que sou, foi graças ao Zé das Quantas. Ele sim foi o Chefe que sempre amei. Haverá paga melhor que esta?