Conversa ao
pé do fogo.
Vale a pena
escrever artigos e contos Escoteiros?
Sei não. Tem hora que acho que
sim tem hora que acho que não. Quantos realmente leem o que escrevo? Quando a
história é gostosa, bonita e chamativa, algumas dezenas estão presentes, mas se
são artigos condenando atos de dirigentes Escoteiros e contrários do que penso
então quase ninguém. E as fotos? Um dia pensei em postar sem fotos. Não sei se
muitos curtem só olhando as fotos ou se estão lendo. Vai fazer quase cinco anos
que estou aqui postando. Resultados? Insignificantes. Uns me escrevem dizendo
que aproveitam muito do que escrevo em suas sessões. Citam exemplos. Bom isto,
sempre quando vejo um comentário assim dou um pulo no ar e grito: - Eureka!
Vamos continuar! O tempo passa os que comentaram vão sumindo e outros ficando
no seu lugar. Eu sei que a motivação acaba com o tempo e o escotismo perde com
esta enorme evasão. Disseram-me que a nata do escotismo não frequenta as
páginas do Facebook. Não se importam com o que se escreve aqui. Eles se julgam
onipotentes, donos da verdade e sempre a dizer que o lugar correto para se
manifestar são as Assembleias e não aqui. Desprezam os que aqui falam do que
pensam.
Não vou mais entrar nesta questão.
É perda de tempo. A Associação é cheia de verdades e direitos de uns poucos. Os
donos do poder nunca perdem a majestade. Se hoje outros são eleitos eles dão um
jeitinho brasileiro de permanecerem no poder. Mas isto nunca interessa a
maioria. Ninguém se preocupa se somos pequenos, se não temos apoio, se um grupo
perde sua sede e a liderança não faz nada. Será que ela poderia fazer? Onde
estão os antigos Escoteiros para colaborar nesta hora? E as histórias que
escrevo? Quantas escrevi? Milhares? Tiveram utilidade? Os conteúdos serviram
para ajudar? Outra dúvida. Mas sei que muitos adoram minhas fotos. São por elas
que minhas postagens são compartilhadas. Já escrevi aqui que estou pensando em
parar. Ando meio descrente do que vejo hoje no escotismo. Já vivi esta fase de
júbilo por muitos anos. A cada década os lideres escoteiros acreditando que iam
modificar o mundo. Outros procurando soluções e dizendo as ter nas mãos. Surge
um decreto, surge uma norma e lá vem os mesmos sempre a modificar dizendo que é
para melhor. Melhor? Sem comentários.
Agora mesmo teremos um encontro
nacional em São Paulo. Assembleia Nacional, como diz um amigo, a “estatuinte”
estará presente. Dois dias para discutir, sugerir e redigir novos estatutos que
irão determinar a vida de milhares de associados. Eu Macaco Velho já sei o que
vai acontecer. Enganarão uns poucos aceitando mudanças, mas aquelas que
regulamentam o poder e como continuar permanecerão firmes. E a taxa para
participar? Sem refeições quatrocentos e cinquenta, com refeições quinhentos e
oitenta. Mas caramba, um amigo me disse que conseguiram muitas facilidades,
várias empresas colaboraram, a taxa era para ser pequena. Mas o que aconteceu?
– Chefe, os dirigentes precisam que alguém pague suas despesas. Tem avião ida e
volta, tem taxi, tem hotel e o escambal. Afinal eles não podem ficar pagando do
próprio bolso. Mas eu posso? Afinal é um encontro nacional não deveriam
facilitar ao máximo a vinda de muitos?
Prometi a mim mesmo ficar calado.
74 anos de idade, 66 de escotismo e nada mudou. Ah! Os chefões. Os velhos
lobos. Com seus tacos, com seus sorrisos e acreditando que vão modificar o
Brasil Escoteiro. Centenas ou milhares de formadores que querem formar...
Melhor mesmo é escrever histórias, histórias onde os meninos são os heróis.
Histórias onde os verdadeiros chefes mostram um caráter ilibado. Chefe que tem
palavra e humildade. Eu sei que a maioria são histórias da “Carochinha” que
encantam alguns e outros nem se dignam a ler. Estes se preocupam sim com suas
poses, seus amigos no poder, a ambição graça entre muitos que sonham ter seus
tacos e dirigir cursos, ser alguém dentro do poder. Só assim eles serão um dia
formadores, dirigentes e presidentes. Presidentes? Risos. Melhor calar. Repito,
estou perdendo tempo. Mas sou um Velho insistente. Quero morrer com minhas
ideias e se são válidas ou não isto não me importa. Ainda sonho em ver neste
pais pessoas de bem que foram Escoteiros saudando o escotismo, apoiando,
lutando junto lado a lado sem esperar convites ou bajulações.
E minhas histórias? E meus
contos? – Chefe seus contos aconteceram? Não meu amigo ou minha amiga, é fruto
de uma ficção que um dia sonhei ser verdade. As fotos continuarão enquanto as
encontrar por aí. Nada de chefes posudos, o escotismo não é para eles, os
jovens sim, o Chefe é um orientador e não um fazedor de pioneiras, de gritos
histéricos de formar de se mostrar a vontade com a camisa solta e um belo chapéu
australiano. Chega por hoje. Estou mesmo estudando se devo continuar a postar
aqui. Isto está me cansando e os objetivos não sei se estão valendo a pena. Sei
que não vou parar, não sou de desistir. Quem me conhece desde os tempos que fui
Comissário Regional sabe que remei contra a corrente. Pura perda de tempo com
os donos do poder. Ninguém se preocupa. Termino com as palavras de um Chefe um
estudioso do escotismo e que está no topo da cadeia alimentar. Suas palavras
marcaram muito o que penso de muitos chefes que estão hoje atuando no escotismo:
- Chefe Osvaldo! Este comodismo é o que mais
me incomoda. Na realidade é uma omissão. Pense bem: - Como faço parte de uma
associação que não conheço bem? Será que estou no local certo? O que “ganho” em
participar do Movimento Escoteiro? Como a associação é de fora para dentro?
Isto não está afetando minha imagem? Como formar cidadãos úteis e
participantes, se não participo da vida administrativa e politica da
associação?