Conversa ao pé do fogo.
Escotismo tradicional e Escotismo de resultados.
Escotismo tradicional. Sim. Este é o tema da moda. Cada um de nós
interpreta a sua maneira. Tem aqueles que leram toda a biografia de BP e
acreditam que assim deve ser feito. Outros aprenderam em seus Grupos Escoteiros
e acreditam que praticam o tradicional. E tem aqueles mais esclarecidos que
analisam pedagogicamente levando em consideração a evolução dos tempos. Para
esses o tradicionalismo não é importante. Estes últimos acreditam que o
escotismo tem de evoluir e não importa o método a ser empregado. Se ele o novo
método tem dado certo nos países de primeiro mundo aqui também vai dar. Disseram-me
uma vez que nosso movimento dentre outras necessidades pretende a formação e
adestramento de jovens e suas lideranças. Sem menosprezar que devemos fornecer
aos jovens boa cidadania, iniciativa e desenvolver suas potencialidades
físicas, mentais e espirituais. Seria isso?
Existem algumas
correntes interessantes no escotismo. Uma delas é que as técnicas utilizadas no
passado, que sempre atraiu o jovem pela sua própria simplicidade hoje não fazem
o mesmo efeito. Era uma linguagem fácil bem diferente dos termos técnicos e pedagógicos
utilizados hoje. Era uma época da escola do aprender a fazer fazendo, a prática
da demonstração e descoberta, recheada de atividades ao ar livre, aprendizado
por patrulhas que se tornam uma equipe onde cada um pode aprender vivenciando a
fraternidade e o aprendizado. Muitos acham que estas técnicas escoteiras
idealizadas por B-P deveriam se manter atuais até hoje. Alguns dizem que o
aplicado agora em termos modernos na prática ainda não deram bons resultados na
aplicação. Comentam que muitos repetem essas técnicas sem colocar novos
atrativos, e isto pela ausência do método a ser aplicado trouxe um enorme
desinteresse para os jovens.
Costumo pensar muito
no escotismo de resultados. Apesar de me manter fiel ao método de Baden-Powell e
ter lido que ele também acreditava se os resultados forem os esperados podemos
sem sombra de dúvida fazer e aplicar a nova metodologia e aplaudir. Entretanto
o que vejo é que no domínio da educação somos considerados um movimento atrasado
e ineficaz. Perdemos nosso rumo? Rumos definidos com crescimento satisfatório,
perfeita sincronia do jovem com o adulto, motivação constante e uma permanência
mais efetiva e com isto produzir os frutos que esperamos. Por mais que se diga,
se tente não estamos alcançando êxito. A
cada ano, a cada década novos lideres nos trazem experiências de outros países
e o que estamos vendo são resultados incompletos. São sessões vazias, entrada e
saída de jovens que permanecem por pouco tempo nas lides Escoteiras, programas
complicados e muito pouca atividade ao ar livre.
Não tenho dados dos
que dizem realizar o escotismo tradicional nas diversas unidades locais em todo
território Brasileiro. Aquele orgulho de um dia ter sido Escoteiro está se
arrefecendo. Testemunhos são dados por muitos que se ressentiram dos métodos,
dos chefes e da organização. Repetir que B-P considerava um tempo mínimo de dez
anos para que o método Escoteiro pudesse ter algum resultado nos dias de hoje
isto é utópico. Quando muito os jovens permanecem por um ou dois anos, mas a grande
maioria fica no máximo por seis a oito meses. Resultados assim? Esqueçamos os
dez anos, vamos pensar em um programa que dará consistência de permanência pelo
menos por dois ou três anos. Temos? Quando teremos um programa que a maioria
dos jovens quando adulto irão se orgulhar do escotismo que fizeram?
Quando B-P reuniu em
1907 na Ilha de Brownsea na Inglaterra vinte jovens de diferentes meios
socioeconômicos e educativos, ele trouxe uma enorme contribuição educacional
que na época estava estagnado. O escotismo veio dar uma nova visão mais
abrangente às escolas e elas é que estão atirando partido das técnicas Escoteiras
da demonstração, observação e dedução e aplicando em suas classes. Vejamos, o
escotismo é uma fraternidade livremente aceita, não tem caráter de obrigação e
o adulto só atua com supervisão. Alguns se ressentem pelo método idealizado por
B-P e até outros lideres de outros países são citados como os verdadeiros
criadores do movimento Escoteiro. Afinal era um método novo que se apresentava
de uma maneira simples e que atraia os jovens pela sua própria simplicidade.
Uma linguagem fácil muito afastada dos termos técnicos no mundo pedagógico e
sociológico de hoje.
Ajudar
hoje aos jovens para que amanhã eles possam se orgulhar de terem sido
escoteiros deveria ser uma meta. Se não esquecermos que o método de B-P sempre
se mostrou confiável e se o aplicarmos de maneira correta não há duvida que os
resultados vão aparecer. As técnicas de
aprender fazendo e tentar fazer sem saber, até descobrir o certo através do
erro, sempre foram partes do método Escoteiro. Confiar no rapaz para que ele
próprio seja responsável pela sua autoeducação e disciplina sempre fez parte do
Escotismo. Sempre pensando em dar liberdade ao jovem para que ele próprio seja
responsável pela sua autoeducação e disciplina. Liberdade ao espirito de
competição e da aventura, através de jogos, acampamentos e excursões. Este é o
Programa Escoteiro tradicional e que bem realizado se mantém na liderança das
técnicas até hoje empregadas.
Resultados
aparecem com bom escotismo. Com técnicas Escoteiras bem realizadas. Ainda não
temos personalidades brasileiras que no escotismo tiveram boas recordações e
hoje dão seu testemunho das vantagens da formação escoteira. Precisamos ter
profissionais a altura para nos representar nas diversas áreas, seja utilizando
o marketing corretamente na imprensa falada escrita e televisada. Precisamos de
bons profissionais para dar testemunho das vantagens do escotismo na formação
da juventude. Ressentimos com a falta de bons conferencistas, homens e mulheres
com trânsito livre nos meios educacionais e empresariais. Lutam por uma Frente
Parlamentar, mas os resultados dela são pífios.
É impossível hoje e cobrar um passado que mesmo sendo saudosista para
muitos não nos deixou grandes homens na liderança escoteira seguindo o caminho
do sucesso tão esperando.
Quando nos
entendermos do mais alto escalão ao mais humilde Chefe de uma unidade local que
conversando trocando ideias e sugestões ouvindo os jovens, pesquisando e sendo
transparentes nossos objetivos serão alcançados. Cobrar hoje o escotismo de resultados
é cobrar uma utopia. Nossa nação precisa urgente de homens e mulheres formados
no escotismo que possuem honra caráter, ética, responsabilidade, respeito às
leis, e claro formação não só moral como também ser exemplo na comunidade em
que vive.