sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ainda existem sonhos escoteiros? O belo que a natureza tem.


Ainda existem sonhos escoteiros?
O belo que a natureza tem.

                        Estão a me dizer que os sonhos agora são outros. Repetem a todo o momento que o mundo da simplicidade, da natureza, da fonte de água limpa e do canto dos pássaros que um dia foi um pedaço do céu e a voz de Deus para os escoteiros, hoje são poucos que conseguem ouvir. Quem sou eu para julgar que os jovens não têm mais o estilo de apreciar gostar e amar a natureza vivendo cada momento, cada pensamento, tudo que recebemos de Deus e da natureza a vida. Já me disseram que o exemplo, o aprendizado o estilo e o hábito nos faz amar e sentir a natureza em todo seu esplendor. Um poeta dizia que é acreditando nas rosas que as fazemos desabrochar. Já nos perguntamos qual o propósito dos pássaros cantarem, pois o canto é o seu prazer uma vez que foram criados para cantar? Devemos voltar à mente humana sem se inquietar com a extensão dos segredos dos céus? A diversidade do fenômeno da natureza é tão vasta e os tesouros escondidos nos céus tão ricos que quando chega à primavera e com ela o espetáculo do desabrochar das flores tudo se comprova: - Vale a pena cultivar o melhor e assim florescer para a vida.

                         Quantos de nós chefes nos voltamos para levar aos nossos jovens a beleza e o encantamento da natureza? Será que ainda vivemos para dar aos jovens sonhos de uma vida no campo, deixar que eles viagem pelas estrelas, pelo firmamento e sentir o aroma da floresta em flor? Do cheiro da terra, de apreciar o silencio e o ronronar da mata? Quantos de nós ensinamos aos nossos jovens a dormir sob o manto da noite, ouvir o vento e tentar entender porque ele viaja nos trazendo a brisa, deixar que ele nos leve para longe. Ah! Dormir sob as estrelas, uma barraca cheia de beleza que sempre fica armada no firmamento. Como é bom dormir sentindo o tempo e o vento ao nosso lado, acordar com o lusco fusco da manhã, rosto molhado do orvalho do amanhecer. Os pássaros acordando, cantando, voando em bandos para mais um dia de esplendor.

                        Quem sentiu a fresca nevoa subindo de um riacho, correndo entre cascatas, água fria que brota da serra, assustar sem se sentir ameaçado com um lobo guará que aparece, um olhar firme como a dizer: - Somos irmãos tu e eu! Não importa o tempo, se soubermos amar a natureza amamos a liberdade, a tempestade o frio e o calor. Mesmo com seus perigos a selva nos ensina e nos mostra o som da chuva, o clarão dos raios que pipocam no céu. O medo do trovão acaba o vento acalma, os grilos repicam canções de ninar. O pisca-pisca dos vagalumes é uma doce visão para nunca mais esquecer. O cantar da cigarra, o ribombar surdo, ressoando fortemente na queda de águas cristalinas de uma cachoeira encantada. Viajar, pés no chão a caminhar olhando cada passo que nos leva para as criações do Criador. Um animal que passa, um beija flor que para no tempo a ver onde pode ter o seu caule da vida.

                       Nada se perde tudo se transforma quando se ama a natureza. As delicias de uma sombra embaixo de uma árvore centenária, ouvir o ranger dos seus galhos ao ver e sentir o vento passar. Procurar através de suas folhas uma nesga do sol ou pássaro cantante invisível que canta tão belamente. É lindo sentir a harmonia, a estética da mata que foi feita para nosso deleite de sombras e cantos invisíveis só para os que não querem acreditar. Bom demais ver os insetos apressados, um frescor diferente do aroma das flores silvestres tudo é lindo tudo parece dizer que a natureza quer falar com você. E o cheiro da terra? Impossível descrever. Coisas de velhos mateiros que aprenderam a viver com a natureza no respeito que é devido de um Escoteiro.

                     Acampe, em montanhas, em vales, em serras ou várzeas onde os animais pastam, onde a busca da sobrevivência faz parte da vida daqueles que são os donos da natureza. Acampar em uma praia deserta é extraordinário. Sons maravilhosos do mar ao subir ou descer da maré uma obra tão bem feita que sabemos que ali mora o Redentor. O bater de asas de um albatroz, de uma gaivota a se exibir no ar, de um trinta-réis ou de um Atobás. Se tiver sortes quem sabe aparece uns tesourões gritando no espaço a procura de um cardume que lhe dará o alimento do dia. Ah! Sonhar com a natureza, viver com a natureza, sentir todo seu esplendor entrando em seus poros e fazendo sentir o espetáculo que um dia Deus nos deu e nada cobrou. É como as tempestades que deixam cair às folhas verdes assustadas ainda no outono que um dia brotaram no desabrochar dos lindos campos, suas essências... Deixadas como folhas em vendavais. Voando, vagando, sem destino; por entre pensamentos, como mãos que tocam almas, fazendo das harpas sons siderais.


                      Não há como esquecer o som do regato, dos peixinhos que pulam a procura de um inseto, no coaxar de um sapinho, do lindo som de uma cachoeira fantástica, do bater de asas de papagaios coloridos.  Os sons das abelhas e dos beija flores a procura do néctar nas flores, de olhar uma campina verdejante e ver o vento tocar as folhas do capim, das flores silvestres e elas como se fosse uma onda verde vão e vem no horizonte. São tantos os sons da natureza que é impossível dizer que Deus não está ali. Sons e sons. Da noite do dia. Do nascer e do por do sol. Sons da chuva, da terra molhada, do riacho manso que corre para o mar. Sons das ondas, das gaivotas, dos falcões, dos macacos guinchando nos galhos como se estivessem a rir de nós. Sons das estrelas, da lua, do sol. Sons imperdíveis da nevoa da madrugada. Quantas saudades daqueles dias que o som da natureza me invadia e tomava conta do meu ser. Um som como se estivesse ouvindo melodias nunca antes tocadas por nenhuma orquestra deste mundo. Sons da natureza!