segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Programas de reuniões de Tropa.


Conversa ao pé do fogo.
Programas de reuniões de Tropa.

                  Você gostaria que tivesse um livreto com mais de cem programas de reuniões de tropa para você utilizar? Será isto mesmo correto? Bem se você está acostumado a se matar as noites com seus assistentes para preparar programas a curto médio e longo prazo pode até ser que sim. Claro que enquanto você der um deles sua Tropa vai sorrir e muito com o estupendo programa do seu Chefe. Lembro que este tema sempre foi levantado em Indabas e cursos quando os alunos chefes discutiam em bases sobre tais assuntos, eram tantas ideias que ao debater em plenário ficávamos abismados com tantas sugestões. Mas se quer mesmo saber este não é o caminho. Afinal se todos recebessem hoje um programa assim poderia ser ótimo, mas o tempo iria demonstrar que o que pretendemos na formação dos nossos jovens Escoteiros não é o caminho.

                  Não gosto muito de dar muitos pitacos em programas de reuniões de tropa. Como na minha vida de Chefe fiz centenas deles e participei como jovem sugerindo outros tantos hoje posso ter uma ideia como é. Aprendi que programas só são bons quando tem a mão dos escoteiros e principalmente dos monitores da tropa. Confiar neles é tão válido como parabenizar as conversas que eles têm com seus amigos de rua ou do bairro. Lá fazem eles fazem excelentes programas. Se lá eles fazem porque a patrulha não pode sugerir o que gostariam de ter? Agora lembre-se se você não gostar não dê pitacos. Deixa-os fazerem e depois que discutam entre si as vantagens e desvantagens. Eles sabem o que deve ser o melhor para eles, sem esquecer que você está ali para orientá-los no caminho certo. Não foi assim que BP criou o método escoteiro? – Programando o Programa tem de ser a preocupação máxima de um Chefe Escoteiro, mas sem seus monitores e as patrulhas nenhum bom objetivo vai ser alcançado. Vejamos alguns tópicos como são desenvolvidos programas de tropa:

- Muitos chefes na semana ou no mês, com auxilio de assistentes (ou mesmo só) prepararam o programa. Costumam fazer até cinco ou seis e conheci alguns que faziam para todo o trimestre. Sempre eles decidindo tudo. Como o adestramento ou formação das atividades técnicas e etapas progressivas ficam nas mãos dos monitores, podemos imaginar que tal programa vai deixar a desejar no crescimento individual de cada um. – Não vamos esquecer do sábio que deixa tudo para o sábado. Antes ou depois do almoço ele rabisca o que acha que será seu programa de Tropa. Alguns perdem muito tempo e estes na maioria ainda vestem o uniforme na sede. Bonito exemplo ele está dando.

- Tem aqueles que jactam-se de ter tudo na memória. Sabemos que ele é um ótimo Chefe, com muitos conhecimentos e sabe como improvisar quando preciso. Ele já decorou – BOIA! – Bandeira, oração Inspeção e caramba, esqueci o que seria o A. risos. Seria chamada? A garotada se diverte com um “racha” de bola, ou jogos já batidos, mas que fazem sucesso sempre que colocados em ação. No sábado seguinte ele verifica que alguns não vieram e sempre mandam um aviso ameaçando os faltosos disto e daquilo. Mas tem aqueles que dão um belo sorriso ao ver que não ouve faltas. Usaram o Sistema de Patrulhas para isto. Eles sabem que na tropa são orientadores. Se a tropa aplica o sistema de patrulha não tem erro. É tão simples que em qualquer reunião de tropa é dado tempo para que as patrulhas se reúnam para apresentar sugestões. Os monitores já aprenderam com o Chefe como seria liderar. É nesta hora que surge boas ideias e se dá liberdade aos patrulheiros de opinar e divergir. Quem sabe a tropa ainda funciona no verdadeiro sistema de Patrulhas? E mais:

 - Conselho de Patrulha – Reuniões programadas pelo monitor, semanalmente, antes ou depois da reunião, onde se discutirá além de outros assuntos de interesse da patrulha, as sugestões de programas, visando à continuidade do adestramento progressivo, e sugerindo outras atividades extra sede que porventura podem dar mais conhecimentos a patrulha. Muitas patrulhas bem formadas costumam fazer suas atividades ao ar livre sem a presença dos chefes. Sei que aonde vão sem supervisão da chefia o local deve oferece condições para isto e conhecido do chefe.

- Conselho de Monitores – Ideal para montar programas de reunião, com sugestões apresentadas pelas patrulhas. Um Conselho de Monitores não precisa da presença do Chefe afinal ele é informal, sem místicas, apenas uma reunião de amigos para colaborar com o Chefe. Tudo ali discutido vai passar pelo crivo da Corte de Honra. Ele pode ser feito na sede ou na casa de um dos monitores. Algumas tropas fazem mensalmente e outras de dois em dois meses. Os monitores podem convidar o Chefe ou assistentes quando acharem que precisam da opinião de alguém mais Velho. Sendo informal não ter poderes de decisão e ali são discutidos sugestões somente.

                      Aprender a fazer fazendo, faz parte do programa escoteiro e talvez um dos principais. Se a patrulha não tem esta liberdade ela não cria, não cresce individualmente e muitos jovens se sentem alijados, motivo pela qual muitas vezes por não participarem preferem deixar o escotismo. Posso até dizer e a experiência tem demonstrado que as tropas que fazem seu próprio programa e em alguns casos atividades ao ar livre sem a supervisão direta dos chefes, mantém em suas fileiras por mais tempo seus membros e isto diminui a evasão. Conheci Grupos Escoteiros que nunca dispensavam a colaboração dos monitores e dos próprios escoteiros.

O Sistema de Patrulhas e o método deixado por BP. Sabemos que o escotismo foi idealizado para os jovens. Os adultos são meros colaboradores e responsáveis pelo desenvolvimento da Tropa e de cada Escoteiro individualmente. Não cabem a eles fazer e nem tomarem a frente de tudo. Existem tropas que em muitos casos os monitores são partes importantes nos programas e em todas as atividades da tropa. Eles valorizam muito quando tem sua própria patrulha de monitores e acampam com seus chefes aprendendo e trocando ideias. Um bom Chefe lidera como irmão mais velho sua tropa e anda de mãos dadas com a Patrulha de Monitores. Acampamentos, atividades e passeios com os monitores e subs fazem do chefe um líder amigo cujos benefícios são facilmente reconhecidos com a permanência maior na Tropa dos escoteiros.


                  Sei de muitos chefes que procedem de outra forma. Não sou contra. Copiando Baden-Powell eu também acredito que o importante é o resultado. Se ele acontece nada deve ser alterado. A melhor maneira de analisar se tudo vai bem é ver se a evasão é pequena. Ela sim pode dar a visão exata do sucesso na Tropa escoteira. Aqueles que têm boas patrulhas, bons monitores, patrulheiros/patrulheiras motivados e com mais de um ano de atividade estão no caminho certo do sucesso. A melhor tropa é aquela que está sempre se motivando, procurando fazer o que gostam se sentindo parte do todo e dificilmente deixando as fileiras escoteiras.