domingo, 7 de fevereiro de 2016

Estarei eu no caminho certo? E você?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Estarei eu no caminho certo? E você?

Quer saber? Não sei. Tem hora que sim e tem hora que não. Eu tive uma vida diferente e no escotismo me diverti e aprendi como muitos que hoje labutam pelo seu engrandecimento. Mas sempre fui um contestador. Sou um espiritualista convicto e nossa filosofia nos explica bem o “Livre Arbítrio”. Sei que traçamos uma meta todas as vezes que aqui viemos, mas para isto somos lembrados que podemos seguir o caminho que escolhermos diferente daquele que planejamos. Sempre amigos Escoteiros me perguntam se pessoas como eu que somos formadores de opiniões acreditamos que o que fazemos é para um crescimento e um reconhecimento do escotismo, e não uma forma de prejudicar o que alguns tão nobremente vêm fazendo. Bom questionamento. Se pensar que deverei dar o primeiro passo não devo pensar se eles também estão no caminho certo ou se estão prejudicando o crescimento e reconhecimento. Um bom evangelista não pode pensar assim.

Temos que primeiro pensar em nossas ações, os outros serão julgados pelo que fizeram e não por mim. Tenho que ser responsável pelos meus atos e responder quando chegar a hora. Uma busca na história do mundo nos mostra que nenhuma organização pode crescer isolada, sem aceitar aqueles que pensam diferente. A verdade da ação não está nos escritos e nem na palavra. Outro dia li o que Paulo Coelho escreveu sobre a verdade: - “Certos discípulos vivem me perguntando onde está a verdade”, disse Maal-El. “Então, certo dia, resolvi apontar para uma direção qualquer, tentando mostrar que o importante é percorrer um caminho, e não ficar pensando sobre ele”. “Ao invés de olhar para a direção que eu apontava, os discípulos começaram a examinar meu dedo, tentando descobrir onde a verdade estava escondida”.

 “Quando as pessoas procuram um mestre, deviam estar em busca de experiências que possam ajudá-las a evitar certos obstáculos. Mas, infelizmente, a realidade é outra: estão usando a lei do menor esforço, tentando encontrar respostas para tudo.” “Quem deseja beneficiar-se do esforço do mestre para poupar suas forças, nunca chegará a lugar nenhum, e acabará por decepcionar-se.”.

Eu acredito nas vantagens do Movimento Escoteiro. Talvez ele não me desse à fortuna, o sucesso empresarial que muitos tiveram, mas me deu a alegria de viver de ser feliz e poder participar de aventuras que em outro lugar nunca teria. No entanto me tornei um contestador. Sempre fui assim. Alguns dizem ou diziam que sou fato do contraditório, um rebatedor do jogo correto. Porque não me alinhar com a corrente que marcha pensando estar no caminho certo? Huxley disse que em tempos normais, nenhum individuo são pode concordar com a ideia de que os homens são iguais. O Código Samurai afirma que a perfeição é uma montanha impossível de escalar que deve ser escalada um pouco a cada dia. Nosso movimento tem escalado há tempos esta montanha. Demora demais para chegar ao topo. Acho que tenho o direito de pensar que existem outras trilhas e que nos levarão ao outro lado e a forma correta de se chegar mais rápido ao que pretendemos.

Eu gostaria de pensar que o outro lado do eu pensassem como Voltaire: - Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las. As palavras do nosso Líder são claras quanto a isto. Ele defendeu a democracia até o fim. Não me podem tirar o direito de contestar e tentar mostrar onde estão os erros que eu por acaso acho que existem. Nosso movimento tem uma finalidade tão séria que não pode pensar que é de alguns poucos. Os milhares que dele participam deveriam ter uma forma de se sentir também proprietários com ações voz e voto. Eu luto de forma diferente. Às claras. Dentro das minhas possibilidades tento vender aos outros meu pensamento. Tão difícil esta venda. A uma proibição forte, uma lei que fizeram e que eu não fiz. Chamam-na de Disciplina e Lealdade. Por ela temos de aceitar as regras do jogo. Jogo que me foi imposto sem me dar o direito de contestar. Dizem que quem participa tema obrigação de obedecer. Eu não dei opiniões. Como Confúcio eu vou aos poucos batalhando. Ele dizia que se transportarmos um punhado de terra todos os dias, nós faremos uma montanha.

Porque estou dizendo tudo isto? Porque é necessário que eu faça uma reflexão dos meus atos. Afinal estão a dizer que sou um Formador de opiniões e tenho que tomar cuidado com minhas palavras. Pode ser, mas até hoje são poucos os amigos que acreditaram nas minhas palavras. Se como disse Cora Coralina eu fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores e ainda não vou ver se meu objetivo foi alcançado. De uma coisa tenho certeza, toda a oposição é válida. Dizem os críticos que Governo, oposição e democracia se houver unanimidade é burra! Se os nossos irmãos Escoteiros acreditam que a nossa associação é uma democracia, ela sem uma oposição competente e credível é uma fraca democracia. Frágil e doente. Sem ela os dirigentes podem fazer como acreditam. Dizem os poetas que sem oposição o governo tende a governar como quer, o padrão de competência será definido pelo próprio governo e não há memoria de nenhum governo se ter demitido por ter feito uma má avaliação de si próprio.

Finalmente tenho que acreditar que possa estar colaborando para o desenvolvimento do nosso movimento de outra forma. Não posso sair a campo para dizer a todos o melhor caminho. Não tenho mais condições de sair “a escoteira” por aí, não tenho mais condições. Afinal o melhor caminho não é o que aponto. O melhor caminho seria o que democraticamente a unanimidade dos associados iriam apontar. Engana-se quem acha que opositores são perigosos para a organização. Dizia Disraeli que nenhuma organização pode ser sólida por muito tempo se não tiver uma oposição temível. Confirmemos Heráclito que dizia – A oposição produz a concórdia. Da discórdia surge a mais bela harmonia. Fiquemos por aqui com algumas palavras do nosso fundador:

 Tem gente que é um gansinho daqueles quem vão atrás, nas pegadas do pai ganso vai seguindo o filho atrás.
"Não se contente com o que, mas consiga descobrir o porquê e como."
“O homem não é apenas um plano, é vida uma espécie de barco que todo mundo tem que levar a bom termo.”
"Nunca um homem que nunca cometeu erros fez nada."

O Cuco-humano é geralmente uma espécie de gente superior que, numa questão, só vê o lado que lhe interessa e o de mais ninguém. É um homem interessado em si próprio, que quer apenas impor a sua vontade ao mundo; aproveita-se do trabalho de gente mais humilde ou então afasta os outros que possam estar a caminho de conquistar as coisas que ele deseja.
Você vai encontrar o Cuco-humano sob várias formas: fanáticos, políticos demagógicos, pedantes intelectuais, esnobes sociais e outros extremistas e até no escotismo.
Quanto a estes Cucos a dois perigos:
- Um é que você pode ser iludido a seguir a sua liderança.

- O outro é que você pode se tornar num Cuco.