domingo, 18 de setembro de 2016

CONSTITUINTE OU ESTATUINTE ESCOTEIRA. Os Estatutos da União dos Escoteiros do Brasil.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
CONSTITUINTE OU ESTATUINTE ESCOTEIRA.
Os Estatutos da União dos Escoteiros do Brasil.

                A União dos Escoteiros do Brasil ou melhor Escoteiros do Brasil tem em seus estatutos toda sua diretriz funcional. Estatutos é um regulamento ou conjunto de regras de organização e funcionamento de uma coletividade, instituição, órgão, estabelecimento, empresa pública ou privada. Têm-se um conjunto de leis que disciplinam as relações jurídicas que possam incidir sobre as pessoas ou coisas. É nele que a EB dirige com seus dirigentes eletivos ou não toda a funcionalidade do escotismo brasileiro. Através de normativas, resoluções entre outros, tem como responsabilidade dirigir e determinar o que é bom ou ruim ao movimento Escoteiro do Brasil. A Diretoria Executiva Nacional órgão executivo da EB é responsável por tudo que diz respeito à gestão e orientação institucional. É escolhida (não eleita) pelo Conselho de Administração Nacional que tem plenos poderes sobre tudo que diz respeito ao escotismo Brasileiro.

               Temos nos Estatutos toda lógica administrativa e funcional da EB em âmbito nacional regional ou distrital e local. Não vou entrar nos detalhes dos Estatutos, pois ele está à disposição no site da EB para quem quiser ler ou tomar conhecimento (sei que muitos já o leram). A cada espaço de tempo ele é discutido sem uma participação de toda comunidade escoteira nacional. Sabemos que hoje menos de 0,3% do efetivo Escoteiro discutem e modificam quando solicitados. Tornou-se um círculo vicioso, onde poucos podem opinar alterar ou mesmo sugerir quaisquer mudanças desde que elas sejam necessárias. É um sistema viciado e não democrático se chamarmos o que hoje faz andar o Escotismo em nosso País. Vez ou outra se comenta de sua modificação, alteração ou mesmo modificação de seus itens. Sempre sem uma participação efetiva.

                Muitos defendem este sistema participativo, onde a célula mais importante o Grupo Escoteiro pouco pode participar das decisões da EB. Se os estatutos defendem até onde os membros da Associação Local têm seus direitos sabemos que na prática isto é quase nulo. A região escoteira também tem como base o que diz os estatutos e sabemos que na sua maioria (existem exceções) seu relacionamento com os membros nacionais tornou-se mais um “compadrio”. (qualidade ou condições de compadres, sentimento ou expressão de amizade e de cordialidade). Sabemos que os delegados eleitos nem sempre tem livre-arbítrio para decidir, votar ou mesmo discordar sem anuência da Diretoria que pertence. Vota-se quase que em bloco. São raros os casos de discordâncias e muitos desistem e preferem não mais participar como delegado ou mesmo por outra forma proposta pela diretoria regional. Sem entrar em detalhes sabemos que ele será sempre patrulhado ideologicamente por alguns dos seus pares.

               Há alguns anos tem-se falado sobre modificações dos Estatutos. Uma falácia pois quando em um Congresso ou Assembleia ele é lembrado é sempre “empurrado” para o ano seguinte sem que nada se confirme nas possibilidades de quando, onde e quem irá determinar um novo Estatuto Escoteiro. Como somos um movimento disciplinado, muitas vezes chegando às raias da subserviência (nem todos) e da descrença não prestamos atenção no que estão fazendo ou mesmo modificando, pois sabemos que a aceitação por parte dos adultos voluntários sempre será unanime e poucos irão reclamar. A chance de discordar ou sugerir é nula. Muitos dizem que temos direitos de voto e ideias nas Assembleias regionais como na Nacional. Já disse, isto é uma falácia. Dos mais de 12.000 adultos voluntários pouco mais de 0,3% poderá ter esta regalia de um dia participar de uma Assembleia Nacional com direito a voz e voto. Chamam isto de sistema representativo.

                 Não existe oposição no escotismo, ou você é amigo dos mais poderosos ou você perde a chance de subir não só na hierarquia como ser premiado em alguma comenda ou outra qualquer que teria direito adquirido. Alguns dirão que isto não é verdade. Bem eu passei por isto, pois nunca aceitei esta democracia participativa de que somente uns poucos decidem sem consultas, sem pesquisas muitas vezes fugindo da ética e do bom senso. Meus artigos sobem as dezenas sobre este tema e muitos outros que postei estão lá em meus blogs escoteiros. Mas e daí? Pensando bem se temos um bom número de seniores e guias maiores de 16 anos, temos pioneiros e mais de 13% do efetivo nacional de adultos na liderança em Grupos Escoteiros porque não fazermos uma CONSTITUINTE ESCOTEIRA? Não sei se deveria ser chamada de ESTUINTE ESCOTEIRA. Não seria possivel germinar uma ideia e assim fazermos um estatuto com a participação de todos?

                    A CONSTITUINTE/ESTATUINTE seria apenas uma ideia para termos um Estatuto exequível dentro de padrões democráticos mais moderno, mais atual e com pensamento voltado para os direitos dos associados. Como seria, quando seria e o que seria é tema para boas discussões em seminários nos grupos nos distritos e nas regiões. Culminando é claro com a votação e escolha dos Constituintes/Estatuintes escoteiros que darão sua contribuição final. A Constituinte/Estatuintes iria substituir hoje a Assembleia Nacional e teria poderes de avalizar, elaborar e aprovar um novo Estatuto onde poderíamos dizer que foi feita sem subterfúgios, sem imposições e democraticamente participativa.


                  É um tema que sei para muitos não tão importante. O escotismo está se tornando um movimento subserviente, onde poucos são consultados e tudo que é determinado pela direção nacional não tem respaldo opinativo dos seus associados.  Sabemos que os resultados da permanência e da formação escoteira deixa a desejar. Basta ver os homens que hoje temos na direção da nação, seja através dos políticos ou mesmo grandes lideres nacionais que só se lembram do escotismo na época das eleições. Sem resultados nunca teremos o escotismo que sonhamos. B-P recomendava que precisávamos pelo menos de dez anos para aplicar o método Escoteiro e obtermos os resultados pretendidos. Isto hoje se tornou uma utopia. A CONSTITUINTE/ESTATUINTE ESCOTEIRA não irá resolver tudo mas dará um grande passo para que um maior número de membros do escotismo possa usar seu direito democrático de votar e ser votado.