Conversa
ao pé do fogo.
Ainda
o uniforme?
Um tema que tinha decidido não
mais comentar. As paixões as vissitudes e escolhas foram tantas que cheguei à
conclusão que não era mais um problema meu. Perdi a conta de quantos artigos
fiz e o retorno não foi satisfatório. Sei que muitos escolhem e decidem conforme
as regras atuais. Se uma direção nacional toma uma decisão sem consulta sem
pesquisa e autoritariamente decide em nome de todos não sou eu quem deve
contradizer. Afinal eu sou um Velho Escoteiro que presa à tradição e mesmo
sendo contradito que a modernidade não pode ficar esquecida, já era hora de
deixar cada um escolher o que vestir e o que achar que fica bem na sua
apresentação. Lendo na internet o significado vi que a farda o uniforme, traje
e vestimenta são roupas padrões que geralmente identificam os participantes de
uma organização ou associação. Desde que entramos para uma escola, colégio e
afins aprendemos a usar um uniforme.
Lembro-me de uma época que os
colégios mais modernos abriram mão do seu uniforme e as escolhas pessoais foram
tantas que voltaram a exigir o uso. Hoje nota-se um certo garbo e padrão em
cada aluno o que é exigido pelo colégio, pois sabem que isto faz parte do
reconhecimento da sociedade local. Alguns dizem que o espírito da Lei e
Promessa de cada um na filosofia é mais importante do que vestir um uniforme.
Não sei se concordo. As roupas usadas pelas organizações e associações nós
sabemos que é uma norma e não uma escolha pessoal, pois o uso nos identifica e
também é uma forma de fazer marketing mesmo que involuntário da organização ou
associação que pertencemos. Apesar de não sermos militares somos oriundos de um
militar que se dispôs um dia a criar o Movimento Escoteiro que se tornou uma
epidemia mundial. Sabemos que as forças militares tais como a polícia, serviços
de emergências, seguranças e muitas empresas usam o uniforme. Com ele são identificados
rapidamente e isto faz bem a liderança funcional.
Criamos por dezenas de anos uma
imagem junto ao público sobre o Movimento Escoteiro. Éramos reconhecidos em
toda parte onde atuamos e para acompanhar a nova época que surgia alguns
lideres chegaram à conclusão que precisávamos mudar. Isto tem acontecido em
alguns países de primeiro mundo e sabemos que adoramos copiar. Infelizmente as
mudanças não foram levados em consideração o que pensavam a maioria. Ninguém
foi ouvido, não ouve pesquisa e nem foi discutido em termos nacionais. Não
tivemos em nenhum momento o lampejo de uma democracia participativa. Sabemos
que abrir o leque para opiniões e escolhas costuma nos levam a situações
estapafúrdias, mas é isto que chamamos democracia. Portanto a maneira que a UEB
decidiu sem ouvir os membros associados deixou a desejar para um movimento que
se diz aberto a todos os participantes. Mantiveram secretamente o que estavam
fazendo e alguns pequenos senões vieram a público. Criaram uma expectativa e
numa bombástica apresentação finalmente os associados da UEB puderam conhecer o
novo uniforme chamado de vestimenta.
Certo ou errado para que ela
fosse logo reconhecida exigiu-se que a liderança seja ela nacional regional ou
distrital usassem. Isto para que todos seguissem seus exemplos. Extinguiu-se o
traje e num gesto de boa vontade permitiu-se o uso do caqui. Ele serviu como
base de escolha das unidades locais (Grupos Escoteiros) que podiam decidir
democraticamente o que usar. Sinceramente? Isto não foi lá muito correto.
Primeiro alguns poucos decidiram sem consulta, segundo foi determinante que os
lideres locais informassem o que estava sendo proposto e então votassem. Uma
votação onde jovens e adultos tinham o mesmo peso de voto. Correto? Tenho lá
minhas dúvidas. O Chefe sempre é visto como o professor o exemplo o irmão mais
velho. Sua palavra serve de base para que todos o sigam.
Onde o Chefe tinha como
escolha o caqui este foi escolhido. Onde o Chefe tinha simpatia pela vestimenta
idem. Até aí tudo bem. O que ficou foi à impressão pouco explicada sobre uma
vestimenta cuja confecção e preço deixa a desejar. Desbota, o tecido é pobre na
durabilidade e tem um preço alto para a maioria dos associados. Lembremos que
somente a UEB tem autorização para confecção e venda. No entanto a vestimenta
foi escolhida pela maioria dos associados no país. Até aí tudo bem, mas a
apresentação da vestimenta não está sendo benéfico para nosso reconhecimento
como um movimento educacional. Todos nós sabemos que não temos prestígios com
as autoridades locais, regionais e nacionais. A maioria dos Grupos Escoteiros
lutam quase inteiramente sós. Se na sociedade local não nos levam a sério e o
uniforme e a vestimenta são parte fundamental na apresentação em pouco tempo o
escotismo deixará sequelas que podem durar por muitos anos.
Sei que existe uma
autorização no POR no uso da vestimenta. Dizem que são mais de 18 tipos e a
escolha é de cada um. Muitos Grupos Escoteiros fazem questão da boa
apresentação de todos. Não é o jovem quem decide se usa camisa para fora, para
dentro, se usa calça comprida ou curta se usa meia branca, preta e etc. A
decisão é tomada por todos. Pelo menos se vê ainda algum resquício de uma
apresentação formal, baseada no garbo, no espírito Escoteiro e no Marketing que
tanto precisamos. Alguns defendem que devíamos ficar somente com um uniforme.
Hoje a vestimenta. Abolir-se quem sabe as escolhas da modalidade do ar e mar.
Vai ser uma luta inglória, pois estas duas modalidades mantem um pé na tradição
e não abrem mão. Não vamos discutir as possibilidades de uso da vestimenta.
Quem as fez não pensou que levamos mais de cem anos para ser reconhecido com o
caqui e vamos levar outros tantos com a vestimenta.
Todos nós somos responsáveis
por nosso futuro. Seja o caqui ou a vestimenta seremos responsáveis pelo que a
sociedade brasileira pensará no futuro a nosso respeito. Daqui a vinte trinta
anos deixaremos nossa marca e nossa individualidade escoteira. Cabe a cada um
de nós ser dignos de uma boa apresentação. Temos um compromisso com o jovem,
mas ele advém da comunidade. E ela é quem nos julgará se somos um movimento
sério e responsável para colaborar na sua formação para que seja um cidadão de
caráter em nosso amanhã.