quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Ainda o uniforme?


Conversa ao pé do fogo.
Ainda o uniforme?

               Um tema que tinha decidido não mais comentar. As paixões as vissitudes e escolhas foram tantas que cheguei à conclusão que não era mais um problema meu. Perdi a conta de quantos artigos fiz e o retorno não foi satisfatório. Sei que muitos escolhem e decidem conforme as regras atuais. Se uma direção nacional toma uma decisão sem consulta sem pesquisa e autoritariamente decide em nome de todos não sou eu quem deve contradizer. Afinal eu sou um Velho Escoteiro que presa à tradição e mesmo sendo contradito que a modernidade não pode ficar esquecida, já era hora de deixar cada um escolher o que vestir e o que achar que fica bem na sua apresentação. Lendo na internet o significado vi que a farda o uniforme, traje e vestimenta são roupas padrões que geralmente identificam os participantes de uma organização ou associação. Desde que entramos para uma escola, colégio e afins aprendemos a usar um uniforme.

               Lembro-me de uma época que os colégios mais modernos abriram mão do seu uniforme e as escolhas pessoais foram tantas que voltaram a exigir o uso. Hoje nota-se um certo garbo e padrão em cada aluno o que é exigido pelo colégio, pois sabem que isto faz parte do reconhecimento da sociedade local. Alguns dizem que o espírito da Lei e Promessa de cada um na filosofia é mais importante do que vestir um uniforme. Não sei se concordo. As roupas usadas pelas organizações e associações nós sabemos que é uma norma e não uma escolha pessoal, pois o uso nos identifica e também é uma forma de fazer marketing mesmo que involuntário da organização ou associação que pertencemos. Apesar de não sermos militares somos oriundos de um militar que se dispôs um dia a criar o Movimento Escoteiro que se tornou uma epidemia mundial. Sabemos que as forças militares tais como a polícia, serviços de emergências, seguranças e muitas empresas usam o uniforme. Com ele são identificados rapidamente e isto faz bem a liderança funcional.

                Criamos por dezenas de anos uma imagem junto ao público sobre o Movimento Escoteiro. Éramos reconhecidos em toda parte onde atuamos e para acompanhar a nova época que surgia alguns lideres chegaram à conclusão que precisávamos mudar. Isto tem acontecido em alguns países de primeiro mundo e sabemos que adoramos copiar. Infelizmente as mudanças não foram levados em consideração o que pensavam a maioria. Ninguém foi ouvido, não ouve pesquisa e nem foi discutido em termos nacionais. Não tivemos em nenhum momento o lampejo de uma democracia participativa. Sabemos que abrir o leque para opiniões e escolhas costuma nos levam a situações estapafúrdias, mas é isto que chamamos democracia. Portanto a maneira que a UEB decidiu sem ouvir os membros associados deixou a desejar para um movimento que se diz aberto a todos os participantes. Mantiveram secretamente o que estavam fazendo e alguns pequenos senões vieram a público. Criaram uma expectativa e numa bombástica apresentação finalmente os associados da UEB puderam conhecer o novo uniforme chamado de vestimenta.

                 Certo ou errado para que ela fosse logo reconhecida exigiu-se que a liderança seja ela nacional regional ou distrital usassem. Isto para que todos seguissem seus exemplos. Extinguiu-se o traje e num gesto de boa vontade permitiu-se o uso do caqui. Ele serviu como base de escolha das unidades locais (Grupos Escoteiros) que podiam decidir democraticamente o que usar. Sinceramente? Isto não foi lá muito correto. Primeiro alguns poucos decidiram sem consulta, segundo foi determinante que os lideres locais informassem o que estava sendo proposto e então votassem. Uma votação onde jovens e adultos tinham o mesmo peso de voto. Correto? Tenho lá minhas dúvidas. O Chefe sempre é visto como o professor o exemplo o irmão mais velho. Sua palavra serve de base para que todos o sigam.
              
                   Onde o Chefe tinha como escolha o caqui este foi escolhido. Onde o Chefe tinha simpatia pela vestimenta idem. Até aí tudo bem. O que ficou foi à impressão pouco explicada sobre uma vestimenta cuja confecção e preço deixa a desejar. Desbota, o tecido é pobre na durabilidade e tem um preço alto para a maioria dos associados. Lembremos que somente a UEB tem autorização para confecção e venda. No entanto a vestimenta foi escolhida pela maioria dos associados no país. Até aí tudo bem, mas a apresentação da vestimenta não está sendo benéfico para nosso reconhecimento como um movimento educacional. Todos nós sabemos que não temos prestígios com as autoridades locais, regionais e nacionais. A maioria dos Grupos Escoteiros lutam quase inteiramente sós. Se na sociedade local não nos levam a sério e o uniforme e a vestimenta são parte fundamental na apresentação em pouco tempo o escotismo deixará sequelas que podem durar por muitos anos.

                   Sei que existe uma autorização no POR no uso da vestimenta. Dizem que são mais de 18 tipos e a escolha é de cada um. Muitos Grupos Escoteiros fazem questão da boa apresentação de todos. Não é o jovem quem decide se usa camisa para fora, para dentro, se usa calça comprida ou curta se usa meia branca, preta e etc. A decisão é tomada por todos. Pelo menos se vê ainda algum resquício de uma apresentação formal, baseada no garbo, no espírito Escoteiro e no Marketing que tanto precisamos. Alguns defendem que devíamos ficar somente com um uniforme. Hoje a vestimenta. Abolir-se quem sabe as escolhas da modalidade do ar e mar. Vai ser uma luta inglória, pois estas duas modalidades mantem um pé na tradição e não abrem mão. Não vamos discutir as possibilidades de uso da vestimenta. Quem as fez não pensou que levamos mais de cem anos para ser reconhecido com o caqui e vamos levar outros tantos com a vestimenta.   


                   Todos nós somos responsáveis por nosso futuro. Seja o caqui ou a vestimenta seremos responsáveis pelo que a sociedade brasileira pensará no futuro a nosso respeito. Daqui a vinte trinta anos deixaremos nossa marca e nossa individualidade escoteira. Cabe a cada um de nós ser dignos de uma boa apresentação. Temos um compromisso com o jovem, mas ele advém da comunidade. E ela é quem nos julgará se somos um movimento sério e responsável para colaborar na sua formação para que seja um cidadão de caráter em nosso amanhã.