O Velho Chefe
dançou e quase se escafedeu!
De longe eu vi a multidão na porta da minha
casinha. - Pegou fogo? Morreu alguém? Respirei fundo e tentei correr. E quem
disse que consegui? Só doze passos e mais nada. As pernas que não colaboravam
me deixaram na mão. Ofegante tentei o passo escoteiro e nada. Um vizinho veio
correndo me encontrar: - “Seu” Osvaldo, calma é a Policia Federal e a Ministra
Carmem Lucia presidente do Supremo. – Putz grila! Qual o motivo de sua visita?
Será que falei demais? Será que ela está de conluio com a DEN e o CAN dos Escoteiros
do Brasil? Cheguei de mansinho. Célia servia um cafezinho mineiro para ela.
Tinha feito um bolo de chocolate na véspera e ambas parlavam coisas de mulher. –
Bom dia! Cumprimentei. Ele me olhou enviesada. – Seu marido? Celia balançou a
cabeça. Desculpe Célia, mas ele é feio demais!
- Vado Escoteiro, sou mulher
de poucas palavras, portanto vamos aos entretantos e os finalmente agora. –
Estou convidando o Senhor para Substituir o Ministro Teori Zavascki na Lava
Jato. Não confio em ninguém e me disseram que o senhor além de chato de galocha,
é danadamente ético escoteiramente. Já reservei uma casa à beira do lago
Paranoá para o senhor e Dona Celia morar enquanto estiverem em Brasília. Terá
quinze juízes da segunda instância como auxiliares. Convoquei vinte chefes quatro
tacos e a diretoria da UEB para servir a suas ordens. - Dona Presidenta
desculpe, mas dispense a turma da UEB. Eles não são confiáveis, pois não gostam
de confiar e nem de trocar ideias com os demais voluntários escoteiros. Se aceitar
eu mesmo irei convidar o Chefe Mané e o escoteirinho de Brejo Seco. Com eles me
sinto melhor e trabalharei com vontade.
- Olhe Chefão, - Presidenta,
não me chame de chefão, sou uma simples ordenança a ajudar quem precisa. –
Certo, arrume sua bagagem e vamos partir! – Poxa Presidenta, dá um tempo, pois
tenho que retirar minha mochila do Baú onde guardo minha tralha usada no tempo
das diligencias. – Eis que de supetão adentra na sala o Presidente Temer. –
Carmem, ele disse – Não combinamos em promover o Kinder Ovo? (apelido dado pelo
Simão da Folha ao Ministro Alexandre de Morais) - Porque levar este Chefe que
está mais prá lá do que prá cá? Se quiser mando um jato da FAB levá-lo
diretamente para a Penitenciária de Alcaçuz no Rio Grande do Norte! – Olhe eu
gostava do Temer, mas agora o danado me desafiou. – Célia me faz um favor, pegue
meu bastão com ponteira de aço de duas e meia polegada no porão. Vou mostrar a
esta cambada da presidência com quantos paus se faz uma canoa!
- Nem vi o Ministro Gilmar
Mendes entrando. – Foi logo falando: - Carminha, a vaga não era minha? – O Lewandowski
ministro gritou lá do portão: - Artigo 35 do Regimento Interno, alínea C,
nenhum pé rapado do escotismo pode assumir cargo no Supremo! – Este moço
precisa de uma bastonada – pensei. Isto está virando um escambal. Nem bem o
nosso querido Teori Zavascki foi para sua estrela no céu e aqui em baixo todo
mundo querendo seu cargo. – Um grito se fez ouvir na rua em frente a minha
casa. – Alguns dos chefões da EB chegaram com o Juiz Sérgio Mouro amarrado a um
tripé com sisal velho de acampamento e gritando para botar fogo nele! Quando
dei por mim meu bastão de duas e meia polegada com ponteira de aço estava
zunindo no ar!
A Ministra desamarrou
Sergio Moro e me ajudou a fugir daquela bagunça na Rua onde Moro. Ops! Não confundir
com o Juiz. O Presidente Temer me pegou pelo ombro. – Chefe! Desculpe, sei que
é limpo de corpo e alma, mas as 76 delações premiadas vão me levar para
Curitiba! Precisa me ajudar! Estava gostando da ministrada do Temer, dos
senadores e deputados tremendo de medo das delações. Que eles pagassem pelo que
fizeram. – Falei então a Presidente Carmem: - Olhe aceito, mas que o Lula passe
uma temporada na Papuda em Brasília e mais uns três anos no Complexo
Médico-Penal de Curitiba. A rua ficou tomada de Policiais da PM, Federais, e no
céu trinta helicópteros da Aeronáutica sobrevoavam minha simples mansão onde
mora o Balu, o urso que hibernava em Osasco.
Um cara de vestimenta com
a camisa fora da calça e de chinelinho de dedo se dizendo “devogado da EB” gritava
que ia me levar às barras dos tribunais! Outros chefes amigos que estavam de
caqui bem uniformizados e lindos de morrer gritavam sem parar: - Viva
Baden-Powell! Levei uma mosquetada na cabeça, muito sangue, caí zonzo. – Cadê meu
bastão? Gritava sem parar... Celia de novo me socorreu, marido, marido! Acorde!
Chega destes pesadelos! – Acordei e vi pela minha janela pardais cantando como
a saudar um novo dia. Porque sonhar
assim? Não me meto não quero ser o salvador da pátria. Alguém bateu a porta.
Célia finja que não tem ninguém em casa. Não quero ser ministro, presidente e
nem Escoteiro Chefe. – O Carteiro desistiu e deixou a correspondência no
portão. Era uma cobrança antiga que não paguei!