quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. 21 meninos embarcaram em um barco no porto de Poole...



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
21 meninos embarcaram em um barco no porto de Poole...

- O mundo gira, as coisas vão acontecendo e num piscar de olhos tudo se transforma... Será que alguém lembrou um dia que esses 21 meninos são os responsáveis por você estar escoteirando? Gira mundo, gira. E me traz algo de bom. - Eles não tinham como saber que estavam promovendo um movimento que no futuro seriam de milhões e milhões de jovens em todo o mundo. Quantos depois deles gritaram ao mundo que seriam Escoteiros por toda a vida? Será que estes 21 meninos de Brownsea em sua velhice contaram suas experiências vividas e nunca esquecidas?

- Fico pensando que em cada acampamento, em cada excursão estes 21 meninos depois transformados em milhões nunca esqueceram como tudo começou, uma terra nova, inexplorada, e eles entrando na história como embrião de uma nova era... De uma nova vida... Que seria perpetuada para sempre!

- Mais de um século se passou. Foi realmente um momento sublime, importante, como um raio de sol se espalhando por toda a terra quando eles no porto de Poole embarcaram para Brownsea...

- Será que seus pais ficaram preocupados? Deram mil listas de preocupações ao general Inglês? Sir! Onde fica Brownsea? O que eles irão fazer lá? E se alguém quiser voltar como o Senhor General vai nos comunicar? Ah! Ainda não existia o celular. Ainda bem se não a história seria outra.

- Uma pequena Ilha. Na costa meridional da Inglaterra. Um dia qualquer de julho a agosto no ano escoteiro de 1907. Queria estar na mente de Sir Percy Everett um dos adultos privilegiados que estavam lá. Foi ele quem conseguiu autorização de um amigo Senhor Charles Van Raalte para que 21 meninos acampassem lá.

- Sir, disse seu amigo, a ilha tem duas milhas de comprimento e uma de largura. Bosques? Muitos. Lagos? Dois. Como disse aquele general: - “Um bom terreno para escoteirar”. “Ali o campo surgiu e esses 21 meninos nunca poderiam prever quantos campos de Patrulhas iriam surgir depois de Brownsea”...

- O pai de um deles leu pausadamente o bilhete do General: Meu caro Senhor “Eu proponho” fazer um acampamento com 21 meninos para aprender “Scouting”. Em agosto uma semana nas férias escolares, se autorizar nós seremos os primeiros a criar um movimento a quem irei chamar de Escoteiros. Será incrível o que vamos fazer na ilha chamada Brownsea! Seus filhos irão se orgulhar. Irão aprender a cozinhar seu próprio alimento, aprender a lavar suas roupas, fazer sozinho a higiene no campo. Olhe Senhor, diga para ele aprender três nós simples, o direito, o Escoto e o Fiel. Hã! Bendito nós. Qual escoteiro de hoje não os sabe fazer?

- Alguém disse não? Meu filho ir para o mato? E as cobras? Os escorpiões? O velho herói de Mafeking sorriu quando todos autorizaram e disseram sim. Eles sabiam quem seria o Chefe. Seu nome já era conhecido em toda a Inglaterra que diziam ser o país onde o sol nunca se põe! Afinal o General defendeu Mafeking um verdadeiro herói e teria a colaboração dos seus companheiros de armas lá em Brownsea.

- 21 meninos... Na Ilha de Brownsea. Nem sabiam que estavam abrindo um leque para o futuro. Quem esqueceu os Corvos? Os Lobos, os Maçaricos e os Touros? Quem não daria sua vida para estarem nestas patrulhas as primeiras do mundo? Ainda vejo sentado na ponta da fogueira, Sir Percy Everett sorrindo e pensando:

- Tudo foi espetacular demais. E nunca mais vou esquecer em minha vida os Fogos de Conselho, antes das orações e do apagar das luzes, ele ao redor do fogo contando histórias assustadoras, cantando o Eengonyama e atraindo a atenção de todos. Como um fantástico Chefe, diante da luz da fogueira, cheio de alegria e de vida, com momentos graves e alegres, respondendo a todos, imitando o chamado dos pássaros, ensinando como tocaiar um animal selvagem, dançando e cantando ao redor do fogo, com uma moral não apenas em palavras, mas convencendo a todos, jovens e adultos do novo escotismo. E sei que até hoje todos que o viam estavam prontos a segui-lo em qualquer direção!

- 21 meninos! Eles nunca pensaram que estavam promovendo um movimento único, nem pensaram que um dia ele iria se expandir em todos os rincões da terra. E quando eles envelheceram devem ter contado suas experiências aos seus filhos, aos netos dizendo: Foi ali... Em Brownsea que “Tudo começou”.

- Eu sei que cada menino de hoje, que fez sua promessa, também tem seu “Momento na Ilha de Brownsea”. No seu primeiro acampamento ele se sente como um Corvo, um Touro, um Lobo ou um Maçarico vivendo naquela terra nova e inexplorada como se fossem mais um daqueles 21 meninos um século atrás!

- E na bruma cinza caindo na cidade de Londres, eu ainda vejo em sonho aqueles pais dos primeiros Scouts, no porto de Poole vendo seus filhos naquele barco indo para Brownsea para viver uma nova aventura. E quando o barco desapareceu no horizonte aqueles pais sorriram... Vá com Deus meu filho. Estarei sorrindo mesmo ficando para trás!

Nota - Escrevi hoje. Com bastante dificuldade. Deu-me uma enorme vontade de escrever. Eu sei quando não conseguir mais será o meu fim. Por isso mesmo contra a vontade do meu corpo eu farei tudo para soletrar palavras do escotismo, a quem amo e sempre amei! – “E eu ainda vejo nos meus sonhos aqueles 21 meninos, os primeiros Scouts, no porto de Poole indo para Brownsea para viver uma nova aventura. E sei sem estar lá, que quando o barco desapareceu no horizonte aqueles pais sorriram... Vá com Deus meu filho. Estarei sorrindo mesmo ficando para trás”!