terça-feira, 8 de maio de 2018

Conversa ao pé do fogo. Escotismo tradicional



Conversa ao pé do fogo.
Escotismo tradicional

- Escotismo tradicional. Sim. Este é o tema da moda. Muitos deixam a EB (Escoteiros do Brasil) acreditando que em outras associações encontrarão o Escotismo Tradicional. O que seria tradicional? Cada um de nós temos uma interpretação. Alguns procuraram copiar o Escotismo Inglês nos seus primórdios. Outros se agarram ao Adestramento de Gilwell Park que para muitos é o berço do Escotismo Tradicional. E tem aqueles que se seguram no seu passado escoteiro e os mais novos analisam pedagogicamente levando em consideração a evolução dos tempos. Para esses o tradicionalismo não é importante.

- Lembro que aprendi e vi os resultados de fazer fazendo. Era um escotismo feito de maneira alegre, que sempre atraiu o jovem pela sua própria simplicidade. Recorríamos a uma linguagem fácil, bem diferente dos termos técnicos e pedagógicos utilizados hoje. Foi uma época divertida onde o jovem ficava anos e anos. Isso hoje não acontece mais. Apenas uns poucos continuam. Poucas são as tropas que fazem o escotismo da demonstração e da descoberta, atividades ao ar livre, aprendizado por patrulhas, e técnicas escoteiras que sempre foram à essência do Escotismo.

- Infelizmente alguns dos novos chefes comentam que por termos repetido muitas vezes essas técnicas, jogos sem atrativos e até a ausência do método correto nas atividades de tropa, trouxe desinteresse e demonstrando a muitos educadores modernos nos consideram como atrasados e ineficazes no domínio da educação. Perdemos o nosso rumo.

- Alguns acham que sem o tradicional fugimos do verdadeiro escotismo de Baden-Powell. Concordo que hoje em muitos casos o Escotismo perdeu a graça, a motivação diminuiu e dificilmente a maioria dos jovens permanecem mais de dois anos, o que na visão do fundador seria necessário pelo menos dez. O pensamento do jovem de hoje mudou. Ainda penso que muitos rapazes e moças ainda sonham em viver como um herói, um explorador e fazendo um escotismo aventureiro. Ele quer fazer e aprender. Estamos dando isso a ele em quatro paredes? Entres muros?

- Não somos um movimento educacional como se faz na escola com as técnicas moderna de ensino. Poderíamos sim ter continuado com a metodologia que nos deu Baden-Powell e fazer se necessário pequenas adaptações modernas. Se antes o Chefe era um aconselhador, um técnico em artes mateiras, um exemplo de uniformidade e apresentação na comunidade não é mais assim. A liberdade de ação nas Patrulhas antes simples e descomplicada, ouvir o jovem e entender seu ponto de vista, a força do hábito de fazer fazendo foi esquecido e aposentado. Muitos pensam até diferente ao dizer “Escoteiro Tradicional”. Muitos esquecem dos resultados. Compete a EB ver se eles estão acontecendo, ela, no entanto não faz assim.

- Nossa nação precisa urgente de resultados que o escotismo oferece. Honra caráter, ética, responsabilidade, respeito às leis, e claro a formação não só moral como espiritual e acadêmica. O Uniforme Caqui não deve ser confundido como tradicional. Ele foi em uma época usado em todo o mundo. Hoje diversas nações alteram seu estilo e cor. Qualquer uniforme desde que usado com orgulho, com garbo com disciplina pode ser considerado como uma nova tradição a seguir.

- Hoje em dia não há nada mais fundamental e atual do que estar bem consigo mesmo, usar o que gosta e se sentir confortável. Mas somos uma associação de formação individual. Pretendemos ter uma boa apresentação para o publico, isto nos diferencia e diz o que somos. A uniformidade no passado, o garbo, a apresentação sempre foi ponto de honra. Dar agora diferenciação em dezenove tipos de escolha, vestir o que achar melhor não condiz com uma associação que se pretende ser séria na formação da juventude como previu BP.

- Quando BP reuniu em 1907 na ilha de Brownsea na Inglaterra 20 jovens de diferentes meios socioeconômicos e educativos, ele trouxe uma enorme contribuição educacional que, na época estava estagnado. O Escotismo deu uma visão mais abrangente às escolas e estas é que estão tirando partido das técnicas escoteiras de demonstração, observação e dedução, aplicando-as às suas classes. Às técnicas de aprender fazendo e tentar fazer sem saber, até descobrir o certo através do erro, sempre foram partes do método Escoteiro.

- Se ser tradicional é confiar no rapaz para que ele próprio seja responsável pela sua autoeducação e disciplina, dar liberdade ao espirito de competição e da aventura, através de jogos, acampamentos e excursões então podemos dizer que este sim seria o Programa Escoteiro tradicional e que bem realizado se mantém na liderança das técnicas até hoje empregadas.

- Ainda é cedo para dizer que fora da Escoteiros do Brasil se faz o escotismo tradicional, conforme desenhado por Baden-Powell e confirmado nos cursos de Gilwell Park. A EB com essas alterações impingidas no programa escoteiro, queira ou não está desfazendo a imagem do escoteiro Sempre Alerta, de uma só palavra, do escoteiro das boas ações, do escoteiro com bandeiras desfraldadas pelos montes e campos e pela maneira pseudo escolar impingindo aos seus chefes ensinamentos teóricos e não práticos.

- Se as novas associações atingirem seus propósitos que chamam de tradicional meus parabéns. Só o tempo dirá. Até hoje não vejo com bons olhos o que a Escoteiros do Brasil vem fazendo com sua maneira autocrática e exigência de fidelidade o que está afastando muitos do seio Uebeano. As demais não tenho conhecimento. Elas permanecem desde sua fundação sob a liderança do seu fundador. Não sabemos se este é o melhor caminho para que a verdadeira democracia exista em suas hostes.

- Acredito que possa haver um dia uma guinada neste caminho pedregoso que a Escoteiros do Brasil está seguindo. Não sei. Ela deixou um passado glorioso quando na reunificação das diversas associações existentes. Quem viver verá se os resultados e um e outro foram satisfatórios. Sempre Alerta!

Nota – “É uma pena que um homem tenha que viver sessenta anos para adquirir alguma experiência de vida e a leve para o túmulo, cabendo aos que o seguem começar tudo de novo, cometendo os mesmos erros e enfrentando os mesmos problemas”... B-P. – Os antigos não tem mais voz e voto. Poucos têm. Esse é o melhor caminho para percorrer o escotismo de hoje? Sempre Alerta!