terça-feira, 8 de agosto de 2017

Aplicando o Sistema de Patrulhas.


Conversa ao pé do fogo.
Aplicando o Sistema de Patrulhas.

                       Falar aqui sobre o Sistema de Patrulhas é demasiado para muitos Chefes Escoteiros. A maioria conhece melhor que eu. Afinal sem ele não existiria o Escotismo. Verdade? Vejamos. Será que todo tem consciência da importância de uma patrulha completa na tropa por anos e anos com os mesmos patrulheiros masculinos ou femininos com evasão mínima? Como manter a unidade? Quando jovem participei por anos em uma Patrulha escoteira e uma sênior. Todas duas com poucos saindo e quase ninguém entrando. Quando fiz meus primeiros Cursos Escoteiros já adulto senti a dificuldade em manter a unidade na Patrulha no início. Mesmo ficando cinco dias ou mais acampados, dependendo o curso, não foi muito fácil para nós. Nos primeiros dias todos cavalheiros e cortesia demasiada. Todos eram irmãos. Beleza! Como dizem os jovens hoje.

                      A simpatia e a cortesia impera nos primeiros dias depois a dúvida aparece, pois começamos a nos conhecer melhor. Já sabemos quem é preguiçoso, o mandão, o dorminhoco, o bobão (tem sim, desculpe) o bajulador, o metido a sabe tudo. Não esquecer o doente, sempre reclamando. Claro eu era perfeito! A amizade era um vai e vem que a cada dia transparece de uma forma. Nos últimos dias começávamos a nos entender. Mais amigos e respeitando um ao outro. A união dos Touros, dos Lobos dos Maçaricos e Corvos começava a se desabrochar. Diferente do meu tempo na Patrulha onde fazíamos escotismo todos os dias, sempre juntos, decidíamos, a casa de um e outro podia ser a sede para uma reunião. Já éramos amigos de longa data.

                     Quando comecei a atuar como Chefe escoteiro em outros grupos notei que muitas vezes os jovens eram advindos de comunidades diferentes. Normas de condutas diferentes. Formação individual diferente. Não se conheciam. Características que devem prevalecer até hoje. Quando se aplica corretamente o Sistema de Patrulha demora-se meses e anos para que todos adquiram o respeito e a amizade que deve existir entre um e outro em uma equipe. Aprendi muito estudando e observando como manter uma união duradoura. Tenho visto hoje e claro havia naqueles tempos também patrulhas que só servem para jogos, para alegria do chefe em ver um grito de patrulha e a sua satisfação em receber uma apresentação dos meninos.

                      Patrulha? Não. Conta-se a dedo uma Patrulha que os meninos permanecem nela por toda a vida no ramo escoteiro ou sênior. Três ou quatro anos dependendo a idade que se inicia. Isto era e é uma dificuldade imensa para fazer um bom programa de tropa. Sei de muitas tropas que andam desmanchando as patrulhas para formar outras. Jogos? Os touros têm três? Tira dois da lobo. Por quê? Por quê? Para que servia a união de uma patrulha? Que tipo de amizade iria sair dalí? Era o começo para desistir. O programa na minha rua é melhor deviam pensar. Lá meus amigos me respeitam. – Os acampamentos não tinham a consistência que se espera. Os campos de Patrulha eram um abandono com ninguém se interessando.

                        Não sei vocês chefes, mas me dói formar uma tropa e lá ver patrulhas com três ou quatro e quando se vai realizar um jogo começa o tal complemento. Tira um para por ali, tira outro para por acolá. Esta é a hora para meditar e analisar o porquê as patrulhas não ficam completas. Onde erraram? Sei e até compreendo que muitos chefes não admitem estar errados. Acham-se mais velhos, experientes e até dizem a todos que sabem o que o jovem quer. Reclamar de reuniões ruins? Reclamar do Monitor mandão? Reclamar de ficar tempo ouvido palestras do Chefe de ficar tempo demais no cerimonial de bandeira e sem contar jogos sem graça e sem motivação?

                        Pergunto-me sempre se os chefes tem conversas individuais com seus escoteiros, se frequentam suas casas, se procuram saber o porquê estão faltando ou mesmo porque saíram do escotismo. Sei de muitos que ainda não se colocaram na posição de educadores. Não tem culpa. Não aprenderam como fazer e agir. Conheço alguns que estão no lugar errado. Esquecem-se dos monitores e eles mesmos saem a ensinar ou adestrar seus escoteiros, não perguntam não pedem opiniões. Sei que tem alguns mais durões, com aquele rompante em dizer que ser Escoteiro é ser homem. Ou então vir com aquela frase que se não tem amor pelo escotismo é melhor sair.

                       Tenho minhas dúvidas de quantos chefes temos que procuram entender, ouvir sem ficar retrucando e se explicando. Tropa com patrulhas de três ou quatro significa mau programa, má formação dos monitores (ou mau chefe, risos) enfim, uma série de fatores que só mesmo os dirigentes da tropa podem analisar com carinho olhando para dentro de sí.
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                         Não posso afirmar, pois não estou atualizado, mas antes cursos eram feitos no sistema de Patrulha. Seja lá o curso que for. As sessões, as unidades didáticas tudo era feito de maneira que ficasse claro a todos que esta é a base correta para termos a metodologia Badeniana. Ensinávamos as vantagens de aprender fazendo, a ouvir e corrigir se necessário. Não adianta repicar que o escotismo é para os jovens se o chefe se acha perfeito, acha que sabe o que fazer e se julga superior aos jovens e sabendo o que ele quer. Posso afirmar sem ser antipático que a evasão é culpa da formação inadequada do Chefe Escoteiro. Nenhuma Tropa ou Alcateia sobrevive sem ter chefes preparados para orientar e dirigir.

                           Baden-Powell colocou todas suas fichas no Sistema de Patrulha e na formação dos monitores. Temos que nos atualizar, aprender e compreender como atuar na liderança de uma sessão. O Chefe deve procurar ler muito e principalmente os livros do fundador. Ouvir, sorrir, entender, ler e participar sem ser o dono quem sabe seria a fonte inesgotável de como podemos ter sucesso. Mas antes e preciso ver. Muitos não querem ver. Não sabem o porquê o jovem saiu, não aceitam que a evasão em sua sessão é uma realidade.


                          Faça o “feijão com arroz”. Não complique muito. Estamos caminhando para um escotismo pedagógico cheio de verdades que não as de Baden-Powell. Converse com seus monitores. Ensine-os aprenda com eles e a tropa vai andar firme no rumo ao caminho do sucesso! E lembre-se você Chefe é o único responsável para isto dar certo!

Nota de rodapé: -  Nada que a maioria dos chefes não conhecem. Outros assim pensam também, mas a verdade é que ainda não se tocaram o porquê muitos estão saindo. É difícil ter jovens por mais de dois ou três anos na tropa e olhe, Baden-Powell dizia que dez anos seria o mínimo necessário. Será que estamos caminhando rumo ao sucesso com esta enorme evasão?