Conversa ao
pé do fogo.
Você lembra
do penacho usado no chapéu escoteiro?
Publiquei este artigo há
pouco tempo. Muitos chefes, no entanto me escreveram perguntando o que era o
penacho e outros por que foi desatualizado. Quando ao que era respondi
prontamente e porque foi retirado até hoje não sei por quê. Acredito que
queriam acabar com o chapelão escoteiro e o penacho não teria lugar para ficar.
São conjecturas somente. O penacho sempre foi uma tradição, sendo usado no chapéu,
na boina e em outras coberturas. Dava status o penacho. A cor identificava o
ramo e o cargo na chefia. Se os dirigentes tivessem feito uma consulta às bases
garanto que ele estava sendo usado até hoje. São coisas que a gente vê, sente
falta e não sabe o porquê.
Com o penacho muitos símbolos desapareceram.
As estrelas de atividade de metal um sabido disse que eram perigosas e substituíram
pela de pano. Houve uma época que criaram um distintivo de Chefe por ramos e
modalidade. Ficou por pouco tempo. Foi criado o uniforme Social, avacalharam
com ele e foi extinto. Agora temos uma vestimenta que cada um veste como quer. A
jarreteira com exceção dos escoteiros portugueses foram extintas. Interessante
é que meia dúzia na liderança nacional decide e nem pergunta as bases o que
elas acham. Assim as tradições vão desaparecendo como se fosse um planejamento
não escrito para tudo mudar e um novo escotismo surgir. Sempre pensei que
extinguindo uma tradição estamos perdendo parte de nós mesmos. Estamos apagando
o passado e esquecendo parte de nossa memória. Já estamos sendo um movimento
sem memória.
Sei que o penacho assim como a
jarreteira são usados em alguns países que não perderam suas tradições principalmente
em Portugal onde é levada a sério. A preocupação em ter o distintivo de lapela,
a moeda da boa ação e as estrelas de metal ficou no passado e quase ninguém fala
mais deles. Não é mesmo uma piada dizerem que a estrela de metal poderia
provocar acidentes? Poxa! Usei por muitos anos e nunca vi ninguém acidentar. O
chapéu escoteiro também virou peça de museu. Alguns usam outros não. Pelo que
saiba não é obrigatório. Soube que se encontra nas Lojas escoteiras, mas com
preços proibitivos.
O penacho foi usado por muitos
anos identificando o ramo e modalidades de todos participantes do escotismo. Mesmo
não me lembrando ele tinha suas cores para identificação dos ramos, modalidades
ou cargos. O amarelo era para lobos, verde para escoteiros, marrom ou grená
para os seniores, vermelho para os pioneiros e os chefes de ramo usavam as
cores de sua sessão meio a meio com sua posição de chefe. Dirigentes, Diretor
Técnico e formadores usavam o azul. Mas como surgiu o penacho? A explicação
logica é que ele é geralmente colocado acima da cabeça, nos elmos, capacetes,
cocares, chapéu e etc., expressam o esforço do ser para elevar-se a uma posição
além da que se encontra. Pode também representar o amor, a alma e a
personalidade.
Sei que até hoje existe muitas reclamações da
extinção do uso do penacho. Muitos chefes se ressentem de não ter nenhum
distintivo de identificação. A IM o Anel de Gilwell não são todos que
conquistam. As estrelas de pano não dão visibilidade. Insisto que não dá para
fazer comparação entre as de pano e as de metal. O simbolismo, a apresentação o
orgulho em mostrar seu tempo de escotismo sempre era destacada com as estrelas
de metal. O penacho trazia uma mística própria. Usei o penacho por anos até sua
extinção quando Chefe escoteiro. Sei que hoje no Brasil não se encontra para
comprar. Se alguém quiser ter um para recordação quem sabe no exterior. Soube
que na Inglaterra se encontra fácil nas lojas Escoteiras. Bom mesmo os
ingleses. Ainda mantém muitos distintivos do passado e o chapéu de abas largas nunca
é esquecido. Sua Loja Escoteira tem sempre em estoque.
Dizem que sou um critico nato
de muitas coisas realizadas pela Liderança da UEB. Mas não dá para engolir um
dirigente resolver mudar alguma coisa, na Reunião do CAN ou similar apresenta
suas questões e lá vem uma resolução mudando. Muitas vezes nem dão satisfação e
se alguém pergunta as respostas não vêm. Milhares de escoteiros, lobos, sêniores
pioneiros e voluntários que não são perguntados, não puderam opinar e muitos já
aprenderam que é melhor sorrir e aceitar. Veja o caso da Flor de lis. Dizem que
a nova é estilizada (tirar o máximo de detalhes de uma figura para que se possa
ser identificada). Será mesmo este o motivo para sua mudança? Um desenho de
muitos anos é trocado sem mais nem menos?
O que acho interessante é
que os dirigentes nunca aparecem para dar explicações. Dizem que isto só pode
ser feito nos Congressos ou nas Assembleias. Mais interessante ainda é que a
UEB tem dezenas de chefes para defender sem ao menos ter estado presente na
hora da mudança. Soube que é obrigatório o uso da vestimenta nas atividades
internacionais. Verdade? Ainda bem que temos uma plêiade de chefes que não
estão nem aí para determinações da EB. Vejo dezenas de chapéu de pano, bibico
de pato, cores diferentes até na vestimenta, uma verdadeira Torre de Babel. Sei
que a cada geração sempre aparece os sabidos para mudar. Tudo é vendido. O
distintivo de Patrulha, o da monitoria, agora é de pano pelo preço X.
Tivemos muitas tradições
que se perderam nos escaninhos da UEB. Muitas delas agora são lembradas em
órgãos especializados com a Memória Escoteira. A sede do lucro vai mudando a
fim de beneficiar o caixa que dizem não pode nunca dar prejuízo. Enquanto em Portugal
fizeram um Acampamento Nacional com mais de 27.000 participantes pela módica
quantia de noventa euros, (cinco dias), enquanto os desbravadores na mesma
arena onde vai ser realizado o Jamboree Brasileiro teve taxa de menos de trezentos
reais (muitos não concordam, sempre tem eles para defender o indefensável),
iremos ter nosso Jamboree por módica quantia de seiscentos e poucos reais sem
alimentação. E a petição para reduzir o preço parece que a EB nem tomou
conhecimento. Servir ou ser servido? É... Viramos sim pedintes da UEB!
Dizem que saudosismo não enche
barriga. Dizem que agora somos modernos e temos uma nova era pela frente. O
passado ficou só na lembrança e o presente sim irá dar uma nova mentalidade ao
escotismo do Brasil. Sou um Velho Escoteiro feliz. Usei minha jarreteira, meu
penacho, meu chapelão, minhas estrelas de metal, meu cinto com fivela que não entorta
minha flor de lis de lapela, minha medalha da boa ação e andava por aí de lenço
no uniforme com nó nas pontas para não esquecer que o “ESCOTEIRO FAZ TODOS OS
DIAS UMA BOA AÇÃO”!
Nota de rodapé: - Este artigo do penacho escrevi há
tempos atrás com outras palavras. Alguns chefes me pediram para explicar o que significava
e o porquê foi extinto. Resolvi reescrever agora mais ácido, pois não me abstenho
de criticar as mudanças e as tradições que no Brasil são feitas por tempos em
tempos. Estamos sem memória, sempre tem um que quer ficar na história mudando o
que nunca deveria ser mudado. Ele poderia ter esse direito sem consultar ninguém?