domingo, 31 de março de 2019

Conversas ao Pé do fogo. Meus tempos, minhas saudades. (- “Os versos são de Cassimiro de Abreu – Meus oito anos!”).




Conversas ao Pé do fogo.
Meus tempos, minhas saudades.
(- “Os versos são de Cassimiro de Abreu – Meus oito anos!”).

Prologo: - Oh! Que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais! O céu bordado d’estrelas, a terra de aromas cheia, as ondas beijando o mar! Oh! Dias da minha infância! Oh! Meu céu de primavera! Que doce à vida não era nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, eu tinha nessas delicias de minha mãe as caricias e beijos da minha irmã!

- Onde andam? Onde andam as patrulhas com suas bandeiras nas montanhas verdejantes deste meu belo país? Correndo saltitantes pelos caminhos do mundo? Onde anda aquele bastão, nas mãos de um escoteiro procurando trilhas para novos rumos a seguir? Onde andam aqueles belos campos de patrulhas, cozinheiros de mão cheia fazendo quitutes para os sorrisos e bem estar dos seus patrulheiros? Onde anda o trinado dos talheres, dos pratos de esmalte, sendo batidos dolentes com os escoteiros sorridentes esperando o seu jantar?

- Aonde anda o orgulho de ser mais um, de poder ajudar, participar e crescer nas sendas da educação escoteira? Não vejo mais um cordão Vermelho e Branco, um Dourado, uma Correia de Mateiro, será que foram extintos? Onde estão os Lis de Ouro, os Escoteiros da Pátria? São pequenos pingos a cair na cascata da ilusão? Meninos valentes, bandeiras ao vento cantando o Rataplã! Onde estão? Só vejo na sede, só vejo na cidade, quanta maldade fazendo deles meninos sem estrelas, sem estradas, sem caminhos ou trilhas do porvir.

- Saudades de uma inspeção, do lava mão, da faca e do facão, da colher perdida, da toalha sumida, quantas coisas não vejo mais... Aonde anda o chapelão, a botina Vulcabrás? Onde anda a liberdade de ir e vir, descobrindo novos campos, moitas de bambus, folhas secas para dormir... Onde anda o sonho escoteiro, de um belo fogo de conselho, debaixo de um céu de estrelas, algumas cantantes ao brilhar. Só vejo chefes, recebendo condecorações, comendas e medalhões. Lá estão eles em cursos, em fraternos abraços, Insígnias e tantos mais. E os meninos?

- Chefe Vado um deles me diz, são lindos, parecem meus filhos a escoteirar sob as asas das mães e dos pais. Estamos aqui junto deles, fazendo escotismo aprendendo o que nem sabíamos. Hoje descobrimos como fazer ajudar e vencer! E eu, maroto e saudoso meto a viola no saco e saio por aí sem poder cantar: - E os meninos? Aprendem a caminhar com as próprias pernas? E suas condecorações, seus distintivos? Para eles nenhuma saudação, nenhuma palma um parabéns uma foto de esguelha pelo menos para mostrar que são viventes? E fico pensando onde foi à primavera, que doce à vida não era naquelas risonhas manhãs.

- Como dizia Casimiro de Abreu: - Eu ia bem satisfeito, de camisa aberta o peito, pés descalços e braços nus. Correndo pelas campinas, a roda das cachoeiras, atrás das asas ligeiras das borboletas azuis! Naqueles tempos ditosos eu ia colher pitangas, trepava a tirar mangas, brincava a beira do mar... Oh! Que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, naquelas tardes fagueiras, a sombra das bananeiras debaixo dos laranjais!