Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
A experiência
serve para que?
Um famoso pedagogo e
pensador respondeu assim: - Para muito pouco. Só que o pouco para qual ela se
presta é muito importante. E completou: - “Experiência é aquela coisa
maravilhosa que lhe possibilita reconhecer um erro quando você o comete de
novo”. Como ele eu acredito em experiência. Acredito em erros e acertos. E
completou dizendo, ou melhor, lembrando B-P que o erro seja o pai dos acertos.
Experiência é como escrever um livro. Você vai juntando as palavras e quando vê
está tudo completo. Quando vejo hoje dezenas de lideres novos fazendo
experiências no escotismo fico preocupado. Mais de vinte anos e até hoje nenhum
resultado. Ou melhor, tem sim, aparecem mais e mais adultos para fazerem novas
experiências. O escotismo é uma fonte enorme para muitos aventureiros que
acreditam mesmo que tudo precisa mudar. Não consultam ninguém. Fecham-se em
seus “ninhos” de poder e com um sorriso nos lábios vão apresentando suas novas
ideias, que não são mais que copias de outros que assim também pensaram e
escreveram.
Francamente, eu não bato
palmas para estes que se intitulam lideres e lá vão a fazer das suas. As fontes
do poder é um prato cheio para eles. Fazem de tudo para ter o poder, ser mais
um da corte, quem sabe sorrir por saber que agora é da casta dos Lordes
Escoteiros. Adoram e depois começam a alardear suas ideias. Não são sugestões,
pois eles já tem tudo definido. Como não existe uma punição para seus erros já
que ninguém irá cobrar no futuro eles se sentem prestigiados. Falam bonito.
Quem os houve ou lê fica admirado ou pasmo porque ainda não tinham pensado
nisto. Como sou um Velho Chefe Escoteiro carcomido pelo tempo não me empolgo.
Afinal já vi tantas coisas nesta minha vida que nada mais me surpreende. Mas
caramba! E a experiência deles? Porque não exigimos certezas e não dúvidas,
resultados e não só experiências? Tudo bem. B-P já dizia quem nunca errou nunca
experimentou nada novo. Dou risadas quando leio Marisa Martins em seu blog – “Existem
pessoas que tem o cérebro “mais pequeno” do que uma formiga, a boca maior do
que um elefante, e ainda se acham os Reis da Selva”!
Joaquim aquele português
bonachão dono da padaria da esquina nunca foi Escoteiro. – Chefe Osvaldo, eu
digo sempre para o padeiro: Quem não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão.
Estamos cheios de aprendizes de padeiro nas lideranças Escoteiras. Tratam seus
associados como “vaquinhas de presépio. Não consultam, não fazem pesquisa, não
são transparentes e nem reconhecem quando deu tudo errado. E mesmo assim lá
estão eles com suas propostas incríveis para fazer do escotismo brasileiro um
orgulho nacional”. É triste quem se acha dono de tudo, dono das ideias. Esquecem
que as pessoas têm sentimentos, constroem sonhos, criam laços e não sabem que
um dia o que acreditaram não existe mais. O tempo passa, o Escotista
desestimula, põe seu boné e lá vai ele para nunca mais voltar. Eles irão
guardar os momentos mágicos que passaram com sua garotada. Nada, além disto, a
não ser a decepção de pensar que poderia ter sido diferente. Vez ou outra
encontra alguém, fala do passado e hoje no presente passa longe do que se
acreditou ser uma filosofia de vida para sempre.
E “cá prá nos” você acha que
os donos do poder estão preocupados? Nem pensar. Para eles se foi embora já foi
tarde. Afinal eles sabem que centenas de novos aparecerão. Eles compraram as
novas ideias e nunca em tempo algum irão reclamar. Irão pagar as taxas com
gosto, ficarão anos juntando seu dinheiro suado para ir a uma Aventura
Escoteira Nacional. E aqueles mais bem abençoados financeiramente irão sorrir
quando pegarem suas mochilas e partir para um Jamboree qualquer nas “Oropa”. É
sempre assim. Para cada dois meninos cem adultos viajando para alardearem que
estiveram lá. E eu que pensei que o escotismo fosse para os jovens. Enquanto os
mais abastados vibram e participam de tudo os menos abençoados ficam lá nas
suas tropas nas suas alcateias tentando sobreviver. Afinal eles são imaturos na
arte de arrecadar dinheiro, e sorriem quando tentam entender a prestação de
contas da sua associação ou região, pois nada entendem disto. Eles aprenderam
que o caixa é mais importante que o amor Escoteiro, o abraço Escoteiro a
lealdade e o aperto de mão.
Eu um Velho Chefe
Escoteiro calejado já vi coisas do arco da velha. Dou-me ao luxo de desaprovar,
censurar e condenar tais lideres que para mim não sabem “fazer a massa e querem
fazer o pão”. Posso falar de cátedra. Já fui um dirigente regional, nos tempos da
diligencia eu rodei meu estado, nenhum grupo ficou sem uma visita. Fiz realizar
Indabas distritais e regionais, precisava saber o que todos pensavam e por em
prática. Realizei com a ajuda de grandes assistentes vários acampamentos
regionais. E os cursos? Muitos gratuitos. Outros dizíamos a taxa é mínima se
não puder pagar venha assim mesmo. A luta era para conseguir doações e não para
fazer caixa. Quantas correspondências enviamos? Quantos parabéns a você?
Quantas cartinhas perguntando: - Porque saiu? Podemos ajudar? Estas mudanças,
estes sorrisos de vencedores nas fotos quando eles se reúnem me dói fundo. Sei
que não o futuro que sonhei dificilmente irá realizar.
Posso ser um “garganta”.
Metido a profissional Escoteiro, mas não sou amador. Eu e uma equipe formidável
que lutou pelo escotismo no passado fizemos o impossível. Hoje não, agora só
doutor, pedagogos, copiadores do mau escotismo em alguns países aonde vão a
buscar suas experiências para aplicar aos cobaias de um escotismo que tenta se
levantar. Quando digo isto muitos se revoltam. Mas revoltar por quê? Quem nos
reconhece como um movimento educacional na sociedade Brasileira? Quem nos dá o
valor devido nas esferas governamentais e empresariais? Uns gatos pingados.
Enquanto isto lá estão eles dizendo que vamos entrar em uma nova era. Que estamos
crescendo (quanta potoca, quanta embromação). O que eles sabem fazer mesmo e
ainda fazem muito mal é abrir processos judiciais contra aqueles que não querem
ser desta associação e fizeram a sua, gastando o dinheiro dos associados, não
dando satisfações de quanto foi se perderam ou ganharam. Enfim estou Velho
demais para ver que o caminho do sucesso não é este. Quando um “Chefe” me
escreve dizendo que temos que viver o presente e o passado só serve para
lembrar fico triste. Triste por ele.
E lá estou eu neste dia sombrio, na
minha varanda, sonhando o impossível que ainda tenho dois braços fortes e duas
pernas para andar como disse Caio. Mas a verdade é outra. São recordações que
vagueiam a mente no passado e no presente. São boas lembranças que nos faziam
felizes, momentos inolvidáveis e inesquecíveis. Se pudesse ter o dom de voltar
atrás e decidir estes momentos que vivem na memória eu não mudaria uma vírgula
que fosse. Mesmo que as reticências do presente assim o exigissem. Meu passado
me ensinou sim, pois hoje eu sei “Fazer a massa e sei fazer o pão”.