Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Não deixe o
vento levar o seu sonho.
Lá estava ele, altaneiro,
cheio de vida, correndo com o vento amigo que o levava onde ele queria ir. Ele
sabia de sua importância, sabia que todos sempre pensavam nele e não queria
decepcionar ninguém. Afinal ele era um Sonho e fazer os sonhos dos que pensavam
nele realizarem o fazia feliz muito feliz... Ele sabia que nem sempre conseguia
seus intentos, sonhar e ele ver o a realização do sonhador. Tinha a experiência
de ver tantos sonhos realizados, de ver a força de vontade em fazer lembrando
sempre que sem isto nada poderia realizar. Ele gostava muito daquele que dizia
gostar de sonhar mesmo sabendo que os sonhos são impossíveis. E quando ele os
realizava, um sorriso enorme ele dava sentando na nuvem branca onde moram os
sonhos. Nunca se importou quando o chamavam de utopia, aquele sonho que não
existe. Para estes ele deixava que eles pudessem ver o sol sem cor, a lua sem
brilho as estrelas tão longe de se tocar.
Ele sabia que o vento não
tinha sonhos, nem a brisa da manhã ao nascer o sol. A nuvem branca que o levava
para todo lugar agora estava atravessando um enorme oceano. Seus outros amigos
sonhos diziam que eram o oceano dos grandes amores, onde a felicidade existe e
ali navegavam felizes para sempre. Ele se lembrou de Conchita. Linda menina
sonhadora. Morava em uma cabana no alto da montanha de Cristal. Todas as tardes
ela sentava em um pequeno banquinho e nem notava a cor púrpura do sol que se
punha no horizonte. Sua mente viajava sem destino, ela nem se lembrava de que
um dia alguém disse a ela que se podemos sonhar, também podemos tornar nossos
sonhos realidade. È Conchita é bom acreditar, pois naquele dia o Sonho ali
passou e ouviu o que ela queria. Não era impossível, não para ele. Ele viu seus
olhos cheios de lágrimas por viver sozinha naquele canto da montanha sem
ninguém. Tinha sua mãe e seu pai, mas sonhava com um príncipe encantado para viver
com ele para sempre.
Ah! O Sonho pensou que o sonho de
Conchita podia se realizar. Não se sabe como uma manhã linda de sol vermelho,
subindo a montanha vinha oito Escoteiros alegres e cantantes sob a luz do sol
vermelho. Junto Miguelito o Chefe que adorava acampar. Solteiro quando viu
Conchita na porta da cabana de madeira vermelha ele disse para si: Vais ser
minha princesa, você terá tudo de mim. Farei de você a moça mais feliz do
universo, darei a você de presente todas as estrelas no céu. À noite rezarei
para você e quando a lua cheia surgir irei pedir a ela para iluminar seus
caminhos por onde o sol se for. O Sonho sabia que meses depois eles se casaram
e viveram felizes para sempre. O Sonho agora atravessava a majestosa floresta
verde e formosa de um país tropical. O Sonho sentiu que precisava realizar o
sonho de alguém, mas pensava o porquê de muitos se esquecerem de sonhar. Ele
sabia que um sonho para ser realizado o sonhador tem de acreditar, tem de
partir na estrada dos sonhos e alcançá-lo nas luzes das estrelas e lutar para
que ele seja real. Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho
impossível só porque não acreditou.
Viu um homem perdido nas
matas verdes do pais tropical, tropeçando, caminhando sem rumo, pensando que
não ia sobreviver. Ele não sonhava, lutava pela vida, pois sabia que em poucos
dias ia morrer. O Sonho sorriu, é hora de trabalhar. O homem se chamava Molusco
fora no passado um Escoteiro. Aprendeu a navegar, aprendeu onde o norte se
encontrava com o sul, nunca precisou de bussola para achar o seu caminho. Tinha
vivido em florestas, aproveitou muitas vezes quando menino o que ela poderia
oferecer. Um brilho passou diante dos seus olhos. Afinal isto é um sonho? Sonho
ou não eu posso vencer! – Ele pensou. Olhou para as árvores, as folhas amarelas
que podiam lhe dar um rumo. Um resga do sol lhe mostrou o caminho a seguir.
Enquanto caminhava pensava no seu filhinho que deixou na cidade, de Mariazinha
sua amada tão pequenina. Um riacho encontrou, uma jangada ele fez. Dois dias
depois uma cidade apareceu na curva do rio das almas perdidas. Molusco um
Escoteiro estava salvo. Correu a encontrar seus amores, Picolino e Mariazinha
sua amada ele foi abraçar.
Era hora de dormir
para os humanos do mundo. O Sonho não dormia, mas se recolhia quando as noites
quentes não deixavam ninguém sonhar. Ele imaginou que tantos poderiam sonhar
sonhos lindos mesmo com aquele calor imenso. Ele sabia que poemas não são
feitos para serem entendidos. Isso é utopia. Bastam aos poetas que seus poemas
e sonhos sejam sentidos. Tiquinho ainda não tinha dez anos. Insistia com seus
pais em ser um escoteiro. Nunca foi e este era seu maior sonho. Dom Casmurro
tinha um bigodão que todos temiam. A maior fábrica de tecidos era dele.
Funcionários tremiam só em olhar para seus olhos. Tiquinho seu filho sabia que
ele nunca iria deixar. Uma noite de verão todos os funcionários foram para
casa. Ele mesmo fechou as portas e o portão. Altas horas da noite foram lhe
chamar: - A fabrica começou a pegar fogo, mas um menino conseguiu apagar. O
menino estava queimado deitado na cama do hospital.
- Como foi? Ele
perguntou. Senhor ele é Juquinha Escoteiro filho de Filó das Mercês sua
funcionária. Ele esperava sua mãe pelo fim do turno. Ela não sabia. Dormiu
encostado no Varão da Sala Grande. Quando viu a fumaça, já treinado nos
Escoteiros pelos bombeiros ele correu e conseguiu o fogo apagar. Um herói Dom
Casmurro. Sem ele o senhor estaria pobre e sem sua fabrica querida. Tiquinho
teve seu sonho realizado. Promessado com as vistas de seu pai. Uma alegria sem
par. O Sonho ali a lembrar dos tempos dos acampamentos, das alegrias que
Tiquinho passou a ter. Ah! Os sonhos. Eles têm um destino, um lugar para ficar,
um lugar para realizar todas as vontades de quem acredita neles. O Sonho partiu
rumo à além mar. Havia outros lugares para ir, encontrar meninos e meninas
Escoteiras que sonham e ele na sua sina iria fazer os sonhos deles realizar. E
você? Acredita nos seus sonhos? Um sonho verdadeiro pode ser realizado. Um sonho
sonhado, amado por aqueles que um dia acreditaram. Como dizia Augusto dos Anjos
a Esperança não murcha, ela não
cansa, também como ela não sucumbe a Crença, Vão-se sonhos nas asas
da Descrença, Voltam sonhos nas asas da Esperança.