quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Desculpe, mas este escotismo não é o meu!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Desculpe, mas este escotismo não é o meu!

              Ando meio “tantan” com o escotismo moderno. Estes dias li dois comentários e fiquei meditando se é este o escotismo que B-P pensou quando fundou as bases do movimento Escoteiro. Dizem que ele era milico, exigente, mandão, mas confesso que nas suas fotos ela representa toda a antítese destas análises que fazem sobre ele. Melhor abrir a crônica com os comentários lidos:

Primeira – Uma Chefe escreve dizendo aos seus amigos que está saindo do movimento Escoteiro. Treze anos em atividade, colaborou em curso, dedicou com amor a causa por acreditar que no escotismo ela poderia tentar ajudar a deixar um mundo melhor. Neste período ela ajudou algumas pessoas a seguir os ensinamento do fundador. Alega que por não concordar com algumas coisas que acontecem e sabe que irão continuar a acontecer não dá mais para prosseguir. Interessante que ela diz palavras já conhecidas tais como que o maior problema do movimento são os adultos. Perfeito. Termina agradecendo a todos que lhe deram apoio e deixando um alerta e um abraço aos amigos que fez. Não entra em detalhes sobre o que aconteceu.

Segundo – Um Chefe consultou a UEB na figura de um profissional ou Consultor Jurídico sobre a participação de Grupos que não possuíam o certificado de autorização emitido pela UEB. Sua resposta foi curta e grossa: Leia o artigo 6º da Resolução 05/2014. Ele é explicito sobre isto. O Grupo Escoteiro que não possuir o Certificado de Autorização de Funcionamento Anual não pode promover e participar de atividades de qualquer natureza, nem fazer uso dos direitos previstos no Estatuto e Regulamento da UEB. Perfeito. Sua Excelência com toda sua sapiência fechou a questão.

                      Como se pode observar um assunto nada tem de relevante com o outro. Mas será isto mesmo? Eu na minha insignificância fico pensando nos tipos, estereótipo, vulgar e banal que hoje temos no escotismo. É bom possivel que estes tipos sempre existiram desde que Adão descobriu o Éden e aprontou. Fico pensando com meus botões, porque existem no escotismo pessoas de má índole, intolerantes, prepotentes, donos da verdade e o pior aqueles que querem estar acima dos demais? Estamos cheios destes tipos por aí. Eles se agarraram na Liderança da UEB em algumas Regiões, em distritos e o pior existem até nos Grupos Escoteiros. Consideram-se uma raça ou quem sabe uma casta a parte. Gostam de citar normas, artigos, POR e se gabam de ter conhecimentos acima de qualquer mortal escoteiro.  

                       Afinal o exemplo vem de cima. A UEB é supra sumo do escotismo brasileiro. Está em um grau mais elevado que os demais mortais escoteiros. Ela determina, manda, não pergunta a ninguém, não discute, não faz pesquisa se acha na posição máxima de ditar o que quer e o que não quer. Não me venham dizer que ela é a entidade máxima do escotismo nacional. Na verdade se pensarmos em termos democráticos ela sempre foi eleita por menos de 0,2% do efetivo adulto Escoteiro e quem sabe menos de 0,001% de todo o efetivo nacional Escoteiro. Por favor, não venha me mostrar os estatutos, esta ínfima percentagem foi ela quem determinou e escreveu. Não representa a vontade de todo o escotismo brasileiro. Nunca em tempo algum ela perguntou se estava acertando. Nunca em tempo algum ela pesquisou se era isto mesmo que seria de interesse dos escoteiros do Brasil.

                       Sem perguntar a ninguém definiu um emaranhado de vestimentas sempre com um ou outro a defender. Não deu oportunidade a ninguém de dizer que não devia ser assim. Jogou o pano, o feitio, a confecção e os preços para cima dos grupos e determinou a tal votação para escolher entre o caqui e a vestimenta. Dizer o que? Se antes disto ela determinou a todos seus comandados com mais “status” a darem o exemplo usando a vestimenta falar mais o que? Mas não é este o tema que queria escrever. É sobre os dois comentários que abriu esta crônica. Alguém sabe por acaso se o Doutor em leis da UEB se preocupou com a saída da Chefe com 13 anos de atividade? A UEB por acaso mandou para ela um e-mail, deu um telefonema, nomeou algum representante para ouvir suas razões e quem sabe pelo menos tentar entender sua atitude? Isto seria uma piada se acontecesse. A UEB é onipotente!

                       Agora o escoteirinho de Brejo Seco e o Zé das Quantas seu Chefe tirem o cavalo da chuva. Se não registrar e fazer escotismo pode ser processado. Os grupos que não satisfazerem as normas esqueçam-se de participar com seus irmãos escoteiros. Olhe, sei da necessidade do registro, mas estamos caminhando para um fascismo puro e líquido. Hoje não se vê mais o amor, o abraço, o sonho impossível de dormir sob as estrelas. Não se vê mais um Sempre Alerta, um melhor possivel gostoso de um Lobinho ou mesmo o Servir do Pioneiro. Agora é a vez do SAPS, do oi, do olhar direito que se aprende nas escolas do direito. Será que nós chefes não estamos seguindo o mesmo caminho? Onde estão os sonhos aventureiros dos meninos e meninas? Onde está a mística da Jângal no olhar do Lobinho e da Lobinha? Ontem mesmo um Chefe me contou que sua Chefe voltou de um curso e disse que acabou A TRILHA ESCOTEIRA! É assim? Sem mais nem menos? Sem perguntar se deviam mudar e o porquê quando e como?

                       Eu fui Presidente de uma Região Escoteira. Faz tempo, muito tempo. Quantas atividades nacionais e regionais organizei? Nunca coloquei na inscrição a obrigatoriedade do registro. Todos eram bem vindos. Não importa a cor, o credo, não importava o uniforme não importava as leis e normas. Para mim o importante era o sorriso do jovem. Sempre dei muito valor aos acampamentos bem feitos. Hoje não se fala mais nisto. Embolam jovens de todas as idades onde o Sistema de Patrulha, os acampamentos de Gilwell estão desaparecendo como o vento perdidos nas tempestades e não sabe aonde ir. Não sei e não afirmo, mas estes dirigentes presunçosos, cheio de saber, querendo se mostrar os tais no escotismo não fizeram o verdadeiro escotismo de B-P. Eles quem sabe se ressentem de não ter recebido um aperto de mão sincero, um abraço, um sorriso e nunca ouviram alguém dizer: - Chefe seja bem vindo, sem você não somos ninguém, pois a fraternidade não tem fronteiras.


Termino com poucas palavras: - Não tenho registro na UEB, amo o escotismo de B-P, sou Escoteiro deste os sete anos e hoje nos meus setenta e quatro anos eu sei que vou morrer Escoteiro. Não sou de outra associação, tenho minha maneira de pensar e sou livre para dizer o que penso. A Escotista que está saindo tem razão e muita razão – OS ÚNICOS CAPAZES E POSSÍVEIS DE PÔR O ESCOTISMO A PERDER SÃO OS PRÓPRIOS CHEFES E DIRIGENTES.