Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Desculpe, mas este escotismo não é o meu!
Ando meio “tantan”
com o escotismo moderno. Estes dias li dois comentários e fiquei meditando se é
este o escotismo que B-P pensou quando fundou as bases do movimento Escoteiro.
Dizem que ele era milico, exigente, mandão, mas confesso que nas suas fotos ela
representa toda a antítese destas análises que fazem sobre ele. Melhor abrir a
crônica com os comentários lidos:
Primeira – Uma Chefe escreve dizendo aos seus amigos que está
saindo do movimento Escoteiro. Treze anos em atividade, colaborou em curso,
dedicou com amor a causa por acreditar que no escotismo ela poderia tentar
ajudar a deixar um mundo melhor. Neste período ela ajudou algumas pessoas a
seguir os ensinamento do fundador. Alega que por não concordar com algumas
coisas que acontecem e sabe que irão continuar a acontecer não dá mais para
prosseguir. Interessante que ela diz palavras já conhecidas tais como que o
maior problema do movimento são os adultos. Perfeito. Termina agradecendo a
todos que lhe deram apoio e deixando um alerta e um abraço aos amigos que fez.
Não entra em detalhes sobre o que aconteceu.
Segundo – Um Chefe consultou a UEB na figura de um profissional ou
Consultor Jurídico sobre a participação de Grupos que não possuíam o
certificado de autorização emitido pela UEB. Sua resposta foi curta e grossa:
Leia o artigo 6º da Resolução 05/2014. Ele é explicito sobre isto. O Grupo
Escoteiro que não possuir o Certificado de Autorização de Funcionamento Anual
não pode promover e participar de atividades de qualquer natureza, nem fazer
uso dos direitos previstos no Estatuto e Regulamento da UEB. Perfeito. Sua Excelência
com toda sua sapiência fechou a questão.
Como
se pode observar um assunto nada tem de relevante com o outro. Mas será isto
mesmo? Eu na minha insignificância fico pensando nos tipos, estereótipo, vulgar
e banal que hoje temos no escotismo. É bom possivel que estes tipos sempre
existiram desde que Adão descobriu o Éden e aprontou. Fico pensando com meus
botões, porque existem no escotismo pessoas de má índole, intolerantes, prepotentes,
donos da verdade e o pior aqueles que querem estar acima dos demais? Estamos
cheios destes tipos por aí. Eles se agarraram na Liderança da UEB em algumas
Regiões, em distritos e o pior existem até nos Grupos Escoteiros. Consideram-se
uma raça ou quem sabe uma casta a parte. Gostam de citar normas, artigos, POR e
se gabam de ter conhecimentos acima de qualquer mortal escoteiro.
Afinal o exemplo vem de cima. A UEB é supra sumo do escotismo
brasileiro. Está em um grau mais elevado que os demais mortais escoteiros. Ela
determina, manda, não pergunta a ninguém, não discute, não faz pesquisa se acha
na posição máxima de ditar o que quer e o que não quer. Não me venham dizer que
ela é a entidade máxima do escotismo nacional. Na verdade se pensarmos em
termos democráticos ela sempre foi eleita por menos de 0,2% do efetivo adulto Escoteiro
e quem sabe menos de 0,001% de todo o efetivo nacional Escoteiro. Por favor,
não venha me mostrar os estatutos, esta ínfima percentagem foi ela quem determinou
e escreveu. Não representa a vontade de todo o escotismo brasileiro. Nunca em
tempo algum ela perguntou se estava acertando. Nunca em tempo algum ela
pesquisou se era isto mesmo que seria de interesse dos escoteiros do Brasil.
Sem
perguntar a ninguém definiu um emaranhado de vestimentas sempre com um ou outro
a defender. Não deu oportunidade a ninguém de dizer que não devia ser assim.
Jogou o pano, o feitio, a confecção e os preços para cima dos grupos e
determinou a tal votação para escolher entre o caqui e a vestimenta. Dizer o
que? Se antes disto ela determinou a todos seus comandados com mais “status” a
darem o exemplo usando a vestimenta falar mais o que? Mas não é este o tema que
queria escrever. É sobre os dois comentários que abriu esta crônica. Alguém sabe
por acaso se o Doutor em leis da UEB se preocupou com a saída da Chefe com 13
anos de atividade? A UEB por acaso mandou para ela um e-mail, deu um
telefonema, nomeou algum representante para ouvir suas razões e quem sabe pelo
menos tentar entender sua atitude? Isto seria uma piada se acontecesse. A UEB é
onipotente!
Agora o escoteirinho de Brejo Seco e o Zé das Quantas seu Chefe tirem o
cavalo da chuva. Se não registrar e fazer escotismo pode ser processado. Os
grupos que não satisfazerem as normas esqueçam-se de participar com seus irmãos
escoteiros. Olhe, sei da necessidade do registro, mas estamos caminhando para
um fascismo puro e líquido. Hoje não se vê mais o amor, o abraço, o sonho impossível
de dormir sob as estrelas. Não se vê mais um Sempre Alerta, um melhor possivel
gostoso de um Lobinho ou mesmo o Servir do Pioneiro. Agora é a vez do SAPS, do oi,
do olhar direito que se aprende nas escolas do direito. Será que nós chefes não
estamos seguindo o mesmo caminho? Onde estão os sonhos aventureiros dos meninos
e meninas? Onde está a mística da Jângal no olhar do Lobinho e da Lobinha?
Ontem mesmo um Chefe me contou que sua Chefe voltou de um curso e disse que
acabou A TRILHA ESCOTEIRA! É assim? Sem mais nem menos? Sem perguntar se deviam
mudar e o porquê quando e como?
Eu
fui Presidente de uma Região Escoteira. Faz tempo, muito tempo. Quantas
atividades nacionais e regionais organizei? Nunca coloquei na inscrição a
obrigatoriedade do registro. Todos eram bem vindos. Não importa a cor, o credo,
não importava o uniforme não importava as leis e normas. Para mim o importante
era o sorriso do jovem. Sempre dei muito valor aos acampamentos bem feitos.
Hoje não se fala mais nisto. Embolam jovens de todas as idades onde o Sistema
de Patrulha, os acampamentos de Gilwell estão desaparecendo como o vento
perdidos nas tempestades e não sabe aonde ir. Não sei e não afirmo, mas estes
dirigentes presunçosos, cheio de saber, querendo se mostrar os tais no
escotismo não fizeram o verdadeiro escotismo de B-P. Eles quem sabe se ressentem
de não ter recebido um aperto de mão sincero, um abraço, um sorriso e nunca
ouviram alguém dizer: - Chefe seja bem vindo, sem você não somos ninguém, pois
a fraternidade não tem fronteiras.
Termino com poucas palavras: - Não tenho registro na UEB, amo o
escotismo de B-P, sou Escoteiro deste os sete anos e hoje nos meus setenta e
quatro anos eu sei que vou morrer Escoteiro. Não sou de outra associação, tenho
minha maneira de pensar e sou livre para dizer o que penso. A Escotista que
está saindo tem razão e muita razão – OS ÚNICOS
CAPAZES E POSSÍVEIS DE PÔR O ESCOTISMO A PERDER SÃO OS PRÓPRIOS CHEFES E
DIRIGENTES.