Conversa ao pé do fogo.
Programas de reuniões de Tropa.
Você gostaria que eu fizesse cem programas de reuniões de tropa para
você? Será isto mesmo correto? Bem se você está acostumado a se matar as noites
com seus assistentes para preparar programas a curto médio e longo prazo e
gostaria de ter tudo de mão beijada, tudo bem. Desculpe, mas é um problema seu.
Eu sei que sua Tropa vai sorrir e muito com o estupendo programa do seu Chefe.
Lembro que em muitos cursos quando os alunos chefes discutiam em bases sobre
tais assuntos, eram tantas ideias que ao debater em plenário ficávamos
abismados com a criatividade de muitos. Daria para escrever um livro de
duzentas ou trezentas folhas. Mas se quer mesmo saber este não é o caminho.
Afinal se todos receberem de mão beijada hoje o programa pode ser ótimo, mas
com o tempo não chegaremos a lugar algum com o que pretendemos na formação dos
nossos jovens Escoteiros.
Não gosto muito de dar muitos
pitacos em programas de reuniões de tropa. Na minha vida de Chefe no inicio sem
saber eu fiz milhares deles e participei como jovens sugerindo outros tantos. Custei
para chegar à conclusão que programas só são bons quando tem a mão dos
escoteiros e principalmente dos monitores. Confiar neles é tão valido como
parabenizar suas conversas com seus amigos de rua ou de bairro. Lá fazem
programas na hora. E olhem eles adoram. Porque não deixar boa parte do programa
na mão da patrulha? Deixar fazer e não ficar dando pitacos. Deixa-os fazerem e
depois que discutam entre si as vantagens e desvantagens. Eles são quem devem
decidir qual o melhor, sem esquecer que você está ali para orientá-los no
caminho certo. Não foi assim que BP criou o método Escoteiro e o Sistema de
Patrulhas? Acho que isto deve estar sendo discutido nos cursos de hoje. Se não
está temos alguma coisa errada. – Programando o Programa tem de ser a
preocupação máxima de um Chefe Escoteiro. Vejamos o que alguns escotistas de tropa hoje em dia estão fazendo para
montar seus programas:
- Na semana ou no mês, com auxilio de assistentes
(ou mesmo só) em casa de um deles, prepararam o programa. Costumam fazer até
cinco ou seis e conheci alguns que faziam para todo o trimestre. Sempre eles
decidindo tudo. Como o adestramento ou formação das atividades técnicas e
etapas progressivas ficam nas mãos dos monitores, eu sabia que tal programa
iria deixar a desejar no crescimento individual de cada um. – Não vamos
esquecer do sábio que deixa tudo para o sábado. Antes ou depois do almoço ele
rabisca o que acha que será seu programa de Tropa. Eles eu sobe que alguns ainda
vestem o uniforme na sede. Bonito exemplo ele está dando.
- Tem aqueles que jactam-se de ter tudo na memória. Sabemos
que ele é um ótimo Chefe, com muitos conhecimentos e sabe como improvisar
quando preciso. Ele já decorou – BOIA! – Bandeira, oração Inspeção e caramba, esqueci
o que seria o A. risos. A garotada se diverte com um “racha” de bola, ou jogos
já batidos, mas que fazem sucesso sempre que colocados em ação. No sábado seguinte ele verifica que
alguns não vieram. Hora de mandar um aviso ameaçando os faltosos disto e
daquilo. Sei que muitos fazem o certo. Bons programas do que foi proposto no Sistema
de patrulhas. Bom Chefe é saber ouvir e ser um coadjuvante. Se a tropa aplica o
sistema de patrulha não tem erro. Não sei se hoje em dia em qualquer reunião de
tropa é dado tempo para que as patrulhas se reúnam entre elas e os monitores
liderar como deveriam liderar. É nesta hora que surge boas ideias e se dá
liberdade aos patrulheiros de opinar e divergir. Minha opinião (posso estar
errado) como deveria funcionar o verdadeiro sistema de Patrulhas. Alguns
exemplos:
- Conselho de
Patrulha - Reunião programada pelo monitor, semanalmente, antes ou depois da
reunião, onde se discutirá além de outros assuntos de interesse da patrulha, as
sugestões de programas, visando o adestramento progressivo, e sugerindo outras
atividades extra sede que porventura podem dar mais conhecimentos a patrulha.
Muitas patrulhas bem formadas costumam fazer suas atividades ao ar livre sem a
presença dos chefes. Claro que todos os cuidados serão tomados.
- Conselho de Monitores – Ideal para montar
programas de reunião, com sugestões discutidas nas patrulhas. Um Conselho de
Monitores não precisa da presença do Chefe afinal ele é informal, sem místicas,
apenas uma reunião de amigos para colaborar com o Chefe. Tudo ali discutido vai
passar pelo crivo da Corte de Honra. Ele pode ser feito na sede ou na casa de
um dos monitores. Algumas tropas fazem mensalmente e outras de dois em dois
meses. Os monitores podem convidar o Chefe ou assistentes quando acharem que
precisam de opiniões. Como disse ele é informal e não ter poderes de decisão.
Aprender a fazer fazendo, faz parte do programa escoteiro e talvez um
dos principais. Se a patrulha não tem esta liberdade ela não cria, não cresce
individualmente e muitos jovens se sentem alijados. Motivo pela qual muitas
vezes não participam das reuniões e preferem deixar o escotismo. Posso até dizer
e a experiência tem demonstrado que as tropas que fazem seus próprios programa
e em alguns casos atividades ao ar livre sem a supervisão direta dos chefes,
mantém em suas fileiras por mais tempo seus membros. Conheci Grupos Escoteiros
que nunca dispensavam a colaboração dos monitores e dos próprios escoteiros.
O Sistema de Patrulhas e a razão da existência de uma Tropa Escoteira.
Dizer que está ultrapassado e que B-P hoje pensaria diferente é tentar enganar
o bom escotismo que devemos fazer. Os adultos são meros colaboradores e
responsáveis pelo desenvolvimento da Tropa e de cada Escoteiro individualmente.
Não cabe a eles fazer e nem tomarem a frente de tudo. Conheço tropas que em
muitos casos os monitores que mantem viva a chama escoteira e elas funcionam
até em casos excepcionais da falta do Chefe. Elas valorizam muito quando tem
sua própria patrulha de monitores e acampam com seus chefes aprendendo e
trocando ideias. Um bom Chefe lidera como irmão mais velho sua tropa e está de
mãos dadas com a Patrulha de Monitores. Acampamentos, atividades e passeios com
os monitores e subs fazem do chefe um líder amigo cujos benefícios serão
conhecidos em pouco tempo.
Sei de muitos chefes que procedem de outra forma. Não sou contra.
Baden-Powell sempre disse que o importante é o resultado. Se ele acontece nada
deve ser alterado. A melhor maneira de analisar se tudo vai bem é ver se a
evasão é pequena. Ela sim pode dar a visão exata do sucesso na Tropa escoteira.
Aqueles que têm boas patrulhas, bons monitores, patrulheiros/patrulheiras
motivados e com mais de um ano de atividade estão no caminho certo do sucesso.
A melhor tropa é aquela que está sempre se motivando, procurando fazer o que
gostam se sentindo parte do todo e dificilmente deixando as fileiras
escoteiras.