sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Programas de reuniões de Tropa.


Conversa ao pé do fogo.
Programas de reuniões de Tropa.

                  Você gostaria que eu fizesse cem programas de reuniões de tropa para você? Será isto mesmo correto? Bem se você está acostumado a se matar as noites com seus assistentes para preparar programas a curto médio e longo prazo e gostaria de ter tudo de mão beijada, tudo bem. Desculpe, mas é um problema seu. Eu sei que sua Tropa vai sorrir e muito com o estupendo programa do seu Chefe. Lembro que em muitos cursos quando os alunos chefes discutiam em bases sobre tais assuntos, eram tantas ideias que ao debater em plenário ficávamos abismados com a criatividade de muitos. Daria para escrever um livro de duzentas ou trezentas folhas. Mas se quer mesmo saber este não é o caminho. Afinal se todos receberem de mão beijada hoje o programa pode ser ótimo, mas com o tempo não chegaremos a lugar algum com o que pretendemos na formação dos nossos jovens Escoteiros.

                  Não gosto muito de dar muitos pitacos em programas de reuniões de tropa. Na minha vida de Chefe no inicio sem saber eu fiz milhares deles e participei como jovens sugerindo outros tantos. Custei para chegar à conclusão que programas só são bons quando tem a mão dos escoteiros e principalmente dos monitores. Confiar neles é tão valido como parabenizar suas conversas com seus amigos de rua ou de bairro. Lá fazem programas na hora. E olhem eles adoram. Porque não deixar boa parte do programa na mão da patrulha? Deixar fazer e não ficar dando pitacos. Deixa-os fazerem e depois que discutam entre si as vantagens e desvantagens. Eles são quem devem decidir qual o melhor, sem esquecer que você está ali para orientá-los no caminho certo. Não foi assim que BP criou o método Escoteiro e o Sistema de Patrulhas? Acho que isto deve estar sendo discutido nos cursos de hoje. Se não está temos alguma coisa errada. – Programando o Programa tem de ser a preocupação máxima de um Chefe Escoteiro. Vejamos o que alguns escotistas de tropa hoje em dia estão fazendo para montar seus programas:

- Na semana ou no mês, com auxilio de assistentes (ou mesmo só) em casa de um deles, prepararam o programa. Costumam fazer até cinco ou seis e conheci alguns que faziam para todo o trimestre. Sempre eles decidindo tudo. Como o adestramento ou formação das atividades técnicas e etapas progressivas ficam nas mãos dos monitores, eu sabia que tal programa iria deixar a desejar no crescimento individual de cada um. – Não vamos esquecer do sábio que deixa tudo para o sábado. Antes ou depois do almoço ele rabisca o que acha que será seu programa de Tropa. Eles eu sobe que alguns ainda vestem o uniforme na sede. Bonito exemplo ele está dando.

- Tem aqueles que jactam-se de ter tudo na memória. Sabemos que ele é um ótimo Chefe, com muitos conhecimentos e sabe como improvisar quando preciso. Ele já decorou – BOIA! – Bandeira, oração Inspeção e caramba, esqueci o que seria o A. risos. A garotada se diverte com um “racha” de bola, ou jogos já batidos, mas que fazem sucesso sempre que colocados em ação. No sábado seguinte ele verifica que alguns não vieram. Hora de mandar um aviso ameaçando os faltosos disto e daquilo. Sei que muitos fazem o certo. Bons programas do que foi proposto no Sistema de patrulhas. Bom Chefe é saber ouvir e ser um coadjuvante. Se a tropa aplica o sistema de patrulha não tem erro. Não sei se hoje em dia em qualquer reunião de tropa é dado tempo para que as patrulhas se reúnam entre elas e os monitores liderar como deveriam liderar. É nesta hora que surge boas ideias e se dá liberdade aos patrulheiros de opinar e divergir. Minha opinião (posso estar errado) como deveria funcionar o verdadeiro sistema de Patrulhas. Alguns exemplos:

 - Conselho de Patrulha - Reunião programada pelo monitor, semanalmente, antes ou depois da reunião, onde se discutirá além de outros assuntos de interesse da patrulha, as sugestões de programas, visando o adestramento progressivo, e sugerindo outras atividades extra sede que porventura podem dar mais conhecimentos a patrulha. Muitas patrulhas bem formadas costumam fazer suas atividades ao ar livre sem a presença dos chefes. Claro que todos os cuidados serão tomados.

- Conselho de Monitores – Ideal para montar programas de reunião, com sugestões discutidas nas patrulhas. Um Conselho de Monitores não precisa da presença do Chefe afinal ele é informal, sem místicas, apenas uma reunião de amigos para colaborar com o Chefe. Tudo ali discutido vai passar pelo crivo da Corte de Honra. Ele pode ser feito na sede ou na casa de um dos monitores. Algumas tropas fazem mensalmente e outras de dois em dois meses. Os monitores podem convidar o Chefe ou assistentes quando acharem que precisam de opiniões. Como disse ele é informal e não ter poderes de decisão.

                      Aprender a fazer fazendo, faz parte do programa escoteiro e talvez um dos principais. Se a patrulha não tem esta liberdade ela não cria, não cresce individualmente e muitos jovens se sentem alijados. Motivo pela qual muitas vezes não participam das reuniões e preferem deixar o escotismo. Posso até dizer e a experiência tem demonstrado que as tropas que fazem seus próprios programa e em alguns casos atividades ao ar livre sem a supervisão direta dos chefes, mantém em suas fileiras por mais tempo seus membros. Conheci Grupos Escoteiros que nunca dispensavam a colaboração dos monitores e dos próprios escoteiros.

                    O Sistema de Patrulhas e a razão da existência de uma Tropa Escoteira. Dizer que está ultrapassado e que B-P hoje pensaria diferente é tentar enganar o bom escotismo que devemos fazer. Os adultos são meros colaboradores e responsáveis pelo desenvolvimento da Tropa e de cada Escoteiro individualmente. Não cabe a eles fazer e nem tomarem a frente de tudo. Conheço tropas que em muitos casos os monitores que mantem viva a chama escoteira e elas funcionam até em casos excepcionais da falta do Chefe. Elas valorizam muito quando tem sua própria patrulha de monitores e acampam com seus chefes aprendendo e trocando ideias. Um bom Chefe lidera como irmão mais velho sua tropa e está de mãos dadas com a Patrulha de Monitores. Acampamentos, atividades e passeios com os monitores e subs fazem do chefe um líder amigo cujos benefícios serão conhecidos em pouco tempo.


                  Sei de muitos chefes que procedem de outra forma. Não sou contra. Baden-Powell sempre disse que o importante é o resultado. Se ele acontece nada deve ser alterado. A melhor maneira de analisar se tudo vai bem é ver se a evasão é pequena. Ela sim pode dar a visão exata do sucesso na Tropa escoteira. Aqueles que têm boas patrulhas, bons monitores, patrulheiros/patrulheiras motivados e com mais de um ano de atividade estão no caminho certo do sucesso. A melhor tropa é aquela que está sempre se motivando, procurando fazer o que gostam se sentindo parte do todo e dificilmente deixando as fileiras escoteiras.