Conversa
ao pé do fogo.
Passagem
para o Ramo Escoteiro
Não raro
encontramo-nos frente à situação de que excelentes Lobinhos, Cruzeiro do Sul,
com várias especialidades, Primo ou Sub-Primo, quando passam para o Ramo
Escoteiro, ficam alguns meses, começam a se desinteressar e faltar, e até
abandonam o grupo. Por quê? Talvez fosse mais cômodo, para nós, Chefes de
Alcatéia encerrar a questão com afirmações tais como: “Esse Chefe de Ramo
Escoteiro é ruim!”; Porém, as coisas não são bem assim, a responsabilidade da
permanência do menino no Grupo Escoteiro é de todos os Chefes dos ramos que o
jovem passa, em última analise é responsabilidade do Conselho de Chefes.
Baden Powell no
livro Guia do Chefe Escoteiro menciona textualmente “os objetivos do Movimento
(...) para serem sentidos em sua verdadeira grandeza, devem ser avaliados por
seus efeitos no futuro e por um prazo nunca inferior a 10 anos. Esta é a real
unidade de medida que deve ser usada no Movimento”. Assim, nossa
responsabilidade como educador é garantir a permanência do jovem por um lapso
de tempo suficiente para que possa extrair do Escotismo os efeitos benéficos.
Portanto, a passagem de um ramo para outro merece muita atenção. É primordial
que levemos em consideração, primeiramente, que é nessa idade que se desperta a
faculdade emotiva e se desenvolve a sensibilidade de alma, ou seja, o jovem em
uma fase de transição, carente de cuidados especiais.
Desperta-se a consciência
de sua personalidade, começa a sentir e pesquisar mais as coisas, sente o peso
de suas responsabilidades, e nasce um pudor que esconde seus desejos, temores,
dúvidas e desapontamentos. E a ideia de acabar com sua antiga vida de Lobinho e
ressuscitar como escoteiro parece-lhe uma aventura extraordinária, ao lado
desse estado emocional próprio da idade. Outros fatores influenciam a aceitação
da vida na Tropa, quais sejam: Perda de Status: O sistema de insígnias, ou
seja, para cada avanço conquistado um símbolo (distintivo) que evidencie esta
situação que tanto estimula os Lobinhos e escoteiros, pois influir
negativamente na passagem, pois seja o Lobinho tão adestrado (e “enfeitado” no
seu uniforme) vê-se de repente, sem nada, começando tudo outra vez, vai daí um
motivo a mais para que trabalhemos para a conquista do Cruzeiro do Sul, pois o
ex-Lobinho o ostentará no uniforme até 21 anos de idade, evidentemente é
importante que o Chefe de Tropa faça seus escoteiros conhecer e valorizar este
símbolo!
Outro dado importante é
que o Chefe da Alcatéia evidencie na oportunidade da “trilha escoteira” que o adestramento obtido na Alcatéia é o início
de um caminho e a base de conhecimento e aptidões que ele vai desenvolver
paralelamente ao seu crescimento. Devemos mostrar ao Lobinho que os nós
aprendidos na Alcatéia serão de valia em atividade de acampamento, jogos e
grandes pioneirías como uma ponte, por exemplo; que cada especialidade tirada
como Lobinho continuará valendo, e que surgirão novos desafios para aquela sua
aptidão!
Mudança
de Ambiente: Qualquer um de nós já sentiu o quanto é
desagradável adentrar (e se familiarizar) com um ambiente completamente novo e
a Tropa, é algo muito novo para os Lobinhos, seja quanto à mística, como quanto
à forma e organização, ou costumes e uniformes. É preciso por este ambiente o
mais familiar possível antes da passagem. Por isso a “Trilha Escoteira” deve
ser levada a sério.
Façamos,
portanto, a conversa com Chefe de Tropa, deixemos o Lobinho conhecer bem seu
monitor, sua patrulha e seu canto de patrulha e façamos que participe de 1 ou 2
reuniões com a Tropa. Esses contatos devem ser preparados meticulosamente pela
Chefia de Tropa levando-se em consideração a presença do Lobinho,
provavelmente, é evidente, mas vale a pena lembrar que a acolhida da Tropa
deverá ser familiar, sempre a de mostrar o júbilo em receber mais um elemento
que contribuirá com crescimento quantitativo e qualitativo da patrulha e Tropa.
Transformar
a palavra Lobinho em adjetivo pejorativo ou usar expressões como “praga azul”
poderá ser útil a Chefes que procuram uma identificação barata com seus
escoteiros tampando sua incapacidade de manipular o verdadeiro método
utilizando-se do mais fraco, mas certamente será humilhante e desestimulante
para o Lobinho.