domingo, 18 de janeiro de 2015

Ser pequeno é uma arte.


Crônicas de um Velho Escoteiro.
Ser pequeno é uma arte.

              Dizem que você pode escolher em ser grande, mas sem estrutura ou ser pequeno e ter uma bela estrutura. Poxa! Isto seria bom demais. Já pensou a União dos Escoteiros do Brasil pensando assim? Olhe não falo mal da UEB por falar, saiba que a tenho no meu coração. Nunca vou mudar apesar de que não sou reconhecido por ela. Não tenho registro e nem vou fazer. Não vou me sujeitar aos politicamente corretos, às comissões de ética e patrulhamentos ideológicos coisas que são comuns por parte dos seus dirigentes. Eu já fui registrado, fui formador, dirigi centenas de cursos, fui Comissário ou se quiser podem chamar de Presidente (?) fui tantas coisas que já esqueci a maioria. Lidei com gente “bacana” bonita, simpática, mas lidei também com gente prepotente, vaidosos, soberbamente superiores, portanto acho que tenho algum conhecimento para comentar. Se vocês um dia puderem fazer um condensado dos meus escritos verão que em quase todos escrevo sobre um escotismo aberto, franco, sincero, amigo, leal, sem hipocrisias, na maioria das vezes feita por jovens, no campo, fazendo atividades aventureiras ou lembrando-se de um fato ou ato acontecido em sua vida que marcou.

                   Deixo na doçura das estrelas escrito aquele escotismo puro, fidedigno, sonhador e realista. Nos meus contos tem sim alguns finais que são tristes, mas esta é a vida e ela não é feita só de rosas. Elas também têm seus espinhos. Falo muito dos caminhos que estamos aventurando, trilhas feitas e outras trilhas desfeitas sem alcançar um final de pista feliz para todos os participantes. Se somos ainda pequenos, se existem sonhos de expansão deveríamos nos preocupar com o que temos. Afirmo que existe um completo abandono dos dirigentes em boa parte dos Grupos Escoteiros. Existe uma noção capitalista que quem entra anda e se mexe ou então fique na sua e se manda. Sempre tem os politicamente corretos a dizerem que temos tudo basta fazer corretamente. Suas palavras soam como se fossemos todos iguais, que temos que pisar corretamente na trilha do sucesso conforme muitos pisaram. Não importa se são ricos ou pobres, se são doutores ou lavradores, a lei é igual. As normas também. Até certo ponto eu concordo.

                     Uns alardeiam que estamos crescendo assustadoramente. Já temos nova vestimenta, novos distintivos, novo programa, e normas para domar o ímpeto daqueles mais afoitos em fazerem seu próprio escotismo. Todos os dias aparece algum novo. Mudaram o programa dos lobos, dos Escoteiros, dos seniores e dos pioneiros eu não sei. Eles são adultos e melhor é passar de lado. Somos uma organização perfeita ou quase no entender dos lideres nacionais. Os que não se enquadram fazemos questão de mostrar a eles o caminho da lei dizem. Eles é que deveriam se enquadrar no que somos. Portanto é perfeitamente justificável processá-los. Acontece que o feitiço aos poucos vai virando contra o feiticeiro. Perdemos todas as ações e estão agora a nos processar, pode? Esquecemos que um sorriso, um aperto de mão um abraço vale mais que mil chamadas de atenção, mil normas mil exigências. Isto não existe para nossos dirigentes hoje.

                    Gritam-se aos quatro ventos que somos democráticos, que fazemos tudo para o bem dos associados. Claro, eles são levados a aceitarem, pois caso contrário iremos pedir sua saída. Porque consultá-los? Porque pedir opinião? Será que eles estão devidamente preparados para isto? Porque eles não vão onde podem sugerir, mudar o que acreditam deva ser mudado. Eles estão indo as Assembleias? Não vão e ficam a criticar. Eita cretinice. Mas vamos ver até onde chegamos. Dei uma olhada e vi que cinco estados são o sustentáculo do nosso crescimento. Ainda não medi os resultados, homens que passaram pelo escotismo e hoje dão todo apoio ao nosso crescimento. Se tínhamos em 2003 63.000 associados e hoje somos mais de 85.000 é um salto gigantesco não? Em dez anos crescemos mais de 20.000 membros. Média de 2.000 por ano. Kkkkk. Da vontade de rir.

                     Dei outra olhada e vi que temos mais ou menos 1.130 Grupos Escoteiros no Brasil. Um país continental com mais de 5.600 municípios e pensando que muitos grupos estão localizados em uma só cidade nosso crescimento é gigantesco. E em efetivo por estado? Melhor parar por aqui. Faz pena. Estados maiores crescem, mas nada de anormal ano a ano, isto comparativamente com a população infantil e juvenil no Brasil. Vejam vocês soube que o Jamboree deste ano foi considerado bom. Isto é ótimo e olhe que lá estavam mais de 4.200 participantes. Deixo de relevar a quantidade de chefes. A meninada sorria. E não é que deste total São Paulo levou uma delegação de quase 1.200 participantes? Sobrou para os demais 3.000 vagas bem preenchidas. Não sei se teve algum estado que não foi. Ainda não vi o relatório claro, se o fizerem.

                     Agora será em São Paulo, Barretos propriamente dito. Uma estrutura tradicional. Tudo de grande escoteiramente falando se faz ali. Tirei um tempo para dar uma olhada nos Acampamentos de Férias que cobram uma fortuna para quem quiser ficar uns dias lá. Dei uma olhada no que  fazem. Podia ser copiados se já não foi. A procura é enorme. Não vamos esperar sistema de patrulhas, sub campos, tropas chegando e dizendo Sempre Alerta. Todos garbosamente uniformizados. Nada disto. Alguns grupos sim bem montados e presentes, mas a maioria é gato pingado de um a seis, três jovens e quatro chefes (são maioria) lenço amarrado ao pescoço, sorriso nos lábios e mais um jamboree. Deus meu porque fui dar uma olhada em outros fora do Brasil? Putz! Que marketing, que apresentação! Enfim, volto ao inicio da minha crônica. Se somos pequenos devemos cuidar melhor dos que precisam de nós, se somos grandes devemos pensar grande e facilitar ao máximo o crescimento de novos grupos, dar apoio irrestrito, marchar ombro a ombro.


                    Falo muito? Critico muito? Deus meu, será que não perceberam que nosso crescimento não é nada comparativamente com o crescimento populacional? Será que não perceberam que em mais de 4.800 municípios brasileiros não tem escotismo? Será que não perceberam que não temos apoio, não temos quem nos representante na sociedade brasileira? Caramba, onde foi que o marketing deste jamboree alcançou toda a mídia falada, televisada e escrita? Aqui mesmo na internet, que falam tanto, onde estão os “homes” da UEB? Colando um artigo, ou um comentário ou qualquer coisa! Quem sabe eles estão fazendo farinha de mandioca no pilão da dona Maria? É melhor calar por hoje. Já falei demais!