quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

UM TRIBUTO A BADEN-POWELL. LORD ROBERT BADEN-POWELL E LADY OLAVE BADEN-POWELL.


UM TRIBUTO A BADEN-POWELL.
LORD ROBERT BADEN-POWELL E LADY OLAVE BADEN-POWELL.

                    Manhã de céu azul. Convite a uma boa leitura. Na minha pequena biblioteca peguei um livro qualquer, há tempos que não lia uma boa história e estava precisando. “Não matem as flores” de J.M. Simmel. Antigo e já tinha lido, mas fazia tanto tempo que resolvi ler de novo. A praça era perto da minha casa. Lá muitas árvores e minha preferida era um Jacarandá centenário. Vazia a praça. Cedo ainda e o banco que gostava de ficar não havia ninguém. Sentei. Abri o livro na primeira página. Comecei a ler e parei. Uma senhora simpaticíssima de uma idade indecifrável me interrompeu. – Boa tarde Senhor! Olhei para ela, me levantei e retribui – Boa tarde senhora! – Ela sorriu. Nunca vi um sorriso tão lindo. Cabelos brancos em um coque muito bem feito. Vestia um simples vestido azul celeste, gola alta e manga até o tornozelo. Uma botinha preta enfeitava seus pés. – Posso me sentar ao seu lado? – Sorri. – Porque não Senhora? Uma honra para mim! Ela sentou devagar. Sentada parecia uma Lady. Seria que não era uma?

                 - O Senhor sabe que dia é hoje? – Olhei espantado para ela – dia oito de janeiro senhora. – O Senhor não se lembra de nada? – Olhei para ela novamente. Teria que me lembrar e não sabia do que ela falava – Oito de Janeiro Senhor Chefe Osvaldo! – Nossa! Ela sabia meu nome e que era Escoteiro. – E agora lembra? Continuou? – Data que Baden-Powell faleceu? Isto mesmo Senhor Chefe Osvaldo. Faz setenta e quatro anos que ele se foi! – Levantei as sobrancelhas e não disse nada. Ele foi para as estrelas na madrugada do dia oito. Dizem que morreu dormindo. Será? Ela continuou. – Uma parte da história que não conhecia – Pois é Senhor Chefe Osvaldo, ele se foi segurando a mão de Olave, o senhor sabe que eles se amavam? – Outra parte da história que eu desconhecia. – Pois é veja bem, falava a Senhora. - Ele já estava com cinquenta e cinco anos e ela com vinte e três quando se casaram. Conheceram-se em uma viagem as Índias Ocidentais. Viajavam no mesmo navio. O “Arcadian”. Ela já sabia de sua fama no exército e no novo movimento de jovens que surgia. Foi um amigo de seu pai que a apresentou a Baden-Powell. Foi ali que nasceu um grande amor, pois eles possuíam as mesmas idéias e aspirações.

              Eu não dizia nada. A senhora me dava uma verdadeira aula de história de Baden-Powell e Lady Olave. – Ela sorria um sorriso maravilhoso. -  Pois é Senhor Chefe Osvaldo, mesmo sendo de boa família, seu pai Professor catedrático em Oxford e sua mãe filha de um grande Almirante Inglês lhe deram uma educação primorosa. Quando pediu Olave em casamento ouve um reboliço não só na Inglaterra, mas em várias partes do mundo onde já nascia o Escotismo.  Afinal havia uma grande diferença de idade e muitos disseram que ele fez isto porque precisava mostrar ao Movimento Escoteiro que seu líder mundial devia dar o exemplo de Deus, Pátria e Família. Mas olhe meu Amigo Senhor Chefe Osvaldo eles se amavam e eu sou testemunha. O Senhor sabe que eles tiveram três lindos filhos? – Betty Clay, Peter Baden-Powell e Heather Grace Baden-Powell. Quando se casaram foram passar a lua de mel na África. A segunda pátria dele. Muitos anos depois ele e ela resolveram fixar residência no Quénia. Escolheram um lugar lindo, panorama maravilhoso, floresta de quilômetros de extensão e picos cobertos de neve.

                 - Eu estava embasbacado. Como aquela senhora conhecia tanto da vida de BP? – Ela sorria, que sorriso maravilhoso meu Deus! Quem era ela? – Ela continuou - Nyeri nunca foi esquecido por ele. O Senhor sabe que existem mais de trinta e sete milhões de Escoteiros no mundo? Agora pense em todos que um dia passaram nas fileiras Escoteiras, qual seria o número exato? Difícil de imaginar! Quando ele faleceu, Olave estava ao lado dele, segurou sua mão e ele deu um sorriso. Ela prometeu a ele continuar sua obra e assim o fez até sua morte em vinte e cinco de junho de 1977. Faleceu rodeada de entes queridos na Capela de Westminster, presentes membros da nobreza, corpo diplomático e oficiais ingleses amigos de Baden-Powell. - Ela sorria para mim e eu cada vez mais abismado com aquela mulher. Deus meu! Quem era ela? – Pois é Senhor Chefe Osvaldo, vim aqui para falar de Baden-Powell e acabei falando de Olave. Sabe que ela pediu que não enviassem flores e nem presentes na hora de sua morte? Pediu insistentemente que enviassem sim para um fundo especial, pois gostaria de ver terminado a sede da WAGGGS em Londres. Depois de terminada foi batizada de Centro Olave em recordação a sua residência no Quênia com seu amado esposo que tinha o nome de PAXTU!

              Ela se levantou. Levantei-me também. Ela sorriu para mim. Hora de partir! Ele me espera! Hoje temos de ir a vários lugares, rever amigos, abraçar outros tantos! – Ele quem Senhora? – Ora ela disse o Senhor não o conhece? Lá está ele! – Olhei espantado, na esquina da rua que morava alguém me acenava com a mão. Olhei melhor, era ele! Impossível mas era ele! Lord Robert Baden-Powell! Quase chorei de emoção. Ela sorria para mim. Peguei a mão daquela senhora e dei um beijo suave. Ela pôs a mão na minha cabeça e disse – Fique com Deus Chefe! E partiu devagar. – Gritei alto, e a senhora qual o seu nome? – Senhor Chefe Osvaldo, não me reconheceu? Eu sou Lady Olave Baden-Powell! Deu as mãos ao seu amado e olhando para trás falaram juntos calmamente com uma simpatia que nunca mais esqueci – Sempre Alerta Chefe Osvaldo. Esperamos o senhor em breve na estrela Paxtu! – Somos muitos lá! Sorriram e pegaram carona em uma nuvem branca que desceu do céu especialmente para transportá-los!