Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Escotismo de
resultados.
Nota: A maioria dos comentários aqui anotados são de autoria da escritora Ivone Boechat a quem agradeço.
Nota: A maioria dos comentários aqui anotados são de autoria da escritora Ivone Boechat a quem agradeço.
Que nossos chefes se
divertem no escotismo, não se discute. Que nossos chefes estão imbuídos em
fazer uma juventude melhor não temos dúvida. Temos que parabenizar a eles pelo
seu esforço pessoal em tentar atingir os resultados propostos. E quais são os
resultados? Formar homens e mulheres para que a nossa sociedade tenha em suas
fileiras pessoas capazes, honradas, de palavra e ética. Pessoas quem podemos
confiar. Resultados é consequência de um trabalho realizado dentro de um
programa e ou um método condizente a que se propõe a organização ou associação.
Vivemos hoje em um mundo onde as esperanças borbulham em cada mente em cada
coração. Esperanças de um país onde se acredita na honestidade e nos trabalhos
realizados por nossos homens e mulheres que se propuseram a dirigir a nação.
Chegamos a tal ponto que não temos certeza se nossas pretensões estão atingindo
o que sempre sonhamos. O escotismo tem tudo para dar sua contribuição, mas como?
Estamos desacreditados. Em
todas ás áreas há sempre uma dúvida se nossos objetivos estão atingindo os
resultados esperados. Ainda estamos em duvida se podemos confiar hoje nas organizações
Empresariais, politicas e mesmo as religiosas. Nosso movimento pela sua própria
excência deveria cumprir seu papel. Procuramos de todas as formas mostrar que
somos um movimento apolítico, educacional e com uma metodologia única, uma
forma simples de atrair o jovem pela sua simplicidade, fazendo com que ele
mesmo se eduque sob a supervisão de adultos. O método Escoteiro é único e desde
sua implantação vem sendo copiado por uma gama de organizações e associações
que acreditaram nos seus resultados e os estão pondo em prática. A Arte de
fazer fazendo, a formação individual pelo próprio jovem, atividades ao ar livre
que torna mais simples a permanência do jovem que ainda tem o sonho da aventura;
sonho de viver como seus heróis aprendendo técnicas mateiras e vivenciando bem
perto a natureza, uma escola que ninguém pode desmerecer.
Caráter é o termo que
designa o aspecto da personalidade responsável, pela forma habitual e constante
de agir, peculiar a cada indivíduo. É somente pelos resultados que podemos
saber se atingimos nossos objetivos. Ivone Boechat disse que Ensinar é aprender. Ensinar não é
transmitir conhecimentos. O educador não tem o vírus da sabedoria. Ele orienta
a aprendizagem, ajuda a formular conceitos, a despertar as potencialidades
inatas dos indivíduos para que se forme um consenso em torno de verdades e eles
próprios encontrem as suas opções. E porque então não estamos atingindo o
objetivo que nos propusemos a fazer? No
escotismo temos uma liderança representativa. Muitos acreditam que ela é a
melhor maneira de desenvolver e fortalecer o escotismo brasileiro. Não se pensa
em outra forma de direção. Tornou-se um tabu falar sobre este tema. A própria
liderança que é menos de 0,2% dos voluntários que colaboram tomam decisões que
são acatadas por todos sem discutir. Não existe transparência. Tudo é feito sem
consultas, sem pesquisas e poucos ficam sabendo até que se torna realidade.
Poderíamos citar diversos
itens. Vejamos o uniforme e o programa. O programa foi modificado duas vezes. Quanto
ao programa muitos não gostaram. Se os jovens ainda não sentiram o valor de
continuar e estão abandonando o escotismo é porque os resultados não são bons.
Mas quem levanta a voz? A representatividade não nos dá este direito. Sim eu
sei que nos encontros nacionais chamados de seminários, congressos, assembléias
dizem que todos temos o direito de mostrar nosso descontentamento. Mas sabemos
na realidade que isto é praticamente impossível. Destes os primórdios que
nossos uniformes foram alterados vez ou outra. O Caqui ficou por muitos anos e
permanece até hoje. Com a criação do Uniforme Social, que mais tarde foi
chamado de traje, por falta de uma fiscalização mais objetiva, as escolhas individuais
muitas vezes deixavam a desejar nossa representatividade junto à comunidade.
Por dois anos ou mais em surdina
discutiram uma nova postura de uniformização. Deram poder a um órgão não
eletivo e poucos sabiam o que acontecia nas discussões e aprovações. Foi
comentado com os voluntários que desta vez os lideres iriam surpreender e dar
uma guinada de noventa graus na apresentação Escoteira no país. Em uma
Assembleia no norte do país ele foi apresentado. Uma festa, ali se viu quase
dezenove tipos a escolher. Para muitos uma apoteose. Duvidas surgiram. A
liderança nunca veio a público para se explicar como e porque fizeram esta
escolha. Como sempre deixaram para outros o fazerem. Alguns até disseram que houve
sim pesquisa. Desconheço. Até hoje não vi ninguém dizer que foi consultado.
Pequenos contatos de e-mail telefones etc. solicitava que todos os membros das
direções nacionais estaduais e muitos da Equipe de Formação dessem exemplo e
usassem a nova vestimenta.
Disseram que a vestimenta
não seria uma forma de obrigação. O caqui ainda continuaria prevalecendo e
somente o traje iria desaparecer. O mote que muitos copiaram é que ela a
vestimenta seria agora um atrativo para não só os jovens cuja “pesquisa” (que pesquisa?)
diziam não gostar dos nossos uniformes. Iriamos atrair muitos retraídos jovens
e adultos pela postura da nova da vestimenta, que surgiu de uma importante
organização voltada para este tipo de trabalho radicado em São Paulo. Sugeriram
que democraticamente (agora?) cada unidade local através de seu lideres e
participantes decidissem qual seria a escolha para o Grupo Escoteiro. O Caqui e
a vestimenta. Uma verdadeira torre de babel. Chefes já se apresentando com a
vestimenta e fazendo marketing. O caqui que antes havia nas lojas Escoteiras desapareceu.
Durante todo o tempo desta
celeuma em nenhuma vez os lideres da UEB vieram a publico para se explicar.
Quem sempre defende são chefes ou alguns membros de outras direções estaduais as
posições da UEB. Certo ou errado fica a pergunta: - Onde estão os resultados?
Temos representatividade nos meios educacionais? Nos meios Políticos? Nos meios
Empresariais? Temos exemplos de grandes cérebros ou mesmo com respeito devido
defendendo nossa forma educacional? Temos bons conferencistas a cruzarem o país
levando a boa nova do escotismo? Onde andam os profissionais Escoteiros para
uma cruzada de norte a sul visando à expansão Escoteira? Pelo que sei nossos
resultados são pífios. A frente Parlamentar até hoje não disse para que veio.
As mudanças eu sei que irão continuar, mas sei também que nossa evasão Escoteira
não vai parar. O futuro dirá aonde chegamos ou podemos chegar! E sempre bato na
mesma tecla: Porque quase seis mil associados deixaram o escotismo em 2014?