quinta-feira, 26 de março de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Paranoia!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Paranoia!

... – Epa! Fiquei em dúvida... Paranoia com acento ou sem acento? Corro no Google para tirar a duvida. – Lá está: - “Segundo as regras de acentuação do novo acordo ortográfico, foi abolido o acento agudo nos ditongos abertos oi e ei nas palavras paroxítonas”. Muito bom! Melhor assim, pois temos que tomar cuidado com os “Professores do Facebook” que estão prontos a te corrigir com palavras simples ou ásperas. Afinal sou um eterno analfabeto das palavras do alfabeto. Rs.

- Mas vamos lá, estou entrando pouco nas redes sociais. Preocupado. Muito. Há uma espécie de alienação, insensatez, um desvario de alguns poucos “facebocucanos”. De um lado, “Todos os homens do Presidente” (parece que tem um filme com este título) e do outro os “Eu sou contra o Presidente”. Ainda bem que tem os Cavalheiros, as Damas todos repletos na formação escoteira, ou melhor, imbuídos na cortesia, na gentileza e no uso das palavras sem ofender ao oponente. É uma luta sem igual. Por um lado os primeiros dão um viva ao Presidente pela sua esplêndida atuação, por outro lado os segundos duvidam da palavra do presidente. Razões são expostas de ambos os lados. Uma contenda que seria interessante se ficasse restrita na fidalguia escoteira (ela existe?).

Cai no deslize de postar um artigo de um famoso articulista sobre os dizeres do Presidente. Deixei que comentassem e não retruquei. Como é mesmo aquela frase que tantos gostam? – “Me reservo o direito de ficar calado como cantou o Grupo Inglês Depeche Mode na musica Enjoy the silence”. – Emoções são intensas e palavras são banais. Entretanto as lutas linguísticas “batem perna” em todos os cantos. (língua tem perna?) Rs. Me eximo de dizer o que penso. Não vale a pena. Cada um sabe onde enfiar a “viola no saco”. Todas as noites ao dormir tenho sonhos alguns interessantes outros mortuários. Anteontem pensei em me mudar para Fernando de Noronha. Com uma população de pouco mais de três mil habitantes seria fácil controlar o “Corona”. Pensando bem se o turismo dá sustentação à ilha e agora “turiscar” está fora de cogitação, é melhor seguir o conselho do meu Espelho: - “Se cuida meu velho, tu tá mais prá lá do que prá cá”!

Enquanto evito ler a as “escreveduras” dos valorosos defensores e das “agruras” dos acusadores, vou me cuidado e tentando lembrar-me do meu sonho da semana passada. De novo meu espelho a bafejar suas ponderações que às vezes sigo e outras não. – Dizia ele: - Vado Escoteiro, rezar “tu” reza demais, é hora de fazer seu testamento, sua carta de despedida e seu epitáfio em letras góticas para cravar na lápide do seu tumulo. Boa lembrança. Mas o que deixarei para a escoteirada? Minha família sabe que sou um aposentado “duro” sem “Money” e só posso deixar para eles doar umas poucas calças, camisas meias e cuecas furadas. Quem vai querer? Quanto aos meus amigos escoteiros pretendo ser incinerado com meu uniforme caqui, me lenço de IM, minhas duas contas (devolvi duas ao Dono da Formação em 1998), minhas “mixas” medalhas, e mais nada. Meu baú a Wells Fargo levou e os índios Cherokee esganaram o condutor ao ver que estava vazio.

Continuo na moleza de andar pela casa, zanzar na porta, e quando alguém se aproxima ou bate palma dou cinco passos para trás e de longe falo sem voz: Bum dia! Eita quarentena querida por uns odiadas por outros amadas. É por ela que alguns se pegam defendendo seu ponto de vista. O meu é: - Levantar cedo, alguns exercícios leves de velho xexelento, que como dizem por aí... Empregos sim, velhos enterrem na curva do rio enrolado em um lençol ou saco de amianto. Opa! Enterrem? Se morrer do Corona dizem que nem terei exéquias. Meus amigos corneteiros já se foram, não terei direito ao toque do silêncio e serei queimado na fogueira do crematório. As cinzas só serão entregues meses depois. Ainda bem que sempre amei ficar olhando as brasas adormecidas de um fogo de conselho, quem sabe poderei assistir as fagulhas baterem no teto do crematório.

Enfim, meus filhos exceto um que trabalha em casa os demais foram dispensados pela sua empresa. “Daqui a quinze dias nos falamos” disseram os patrões. Portanto não adianta esta alegoria desfigurada de dizer que devemos voltar ao trabalho. Eu todo dia primeiro tiro meus minguados proventos da minha aposentadoria (E o salário oh!). Nem quero saber se a “mula é manca” se eles perderem o emprego a culpa será do Dória ou do Presidente! Opa criei novamente uma celeuma? Nenhum deles tem culpa, a culpa é do Zé das Quantas, aquele Chefe pobretão de Brejo Seco que mandou seus escoteiros para casa e ficou de quarentena sem um tostão. Enquanto isso vamos orar, orar faz bem, não enche barriga, mas nos aproxima de Deus, nos fortalece e nos prepara para enfrentar as dificuldades da vida.

E vou parando por aqui. O Velho Chefe Escoteiro ainda cansado, às vezes senil, sem ar, sem voz e dores aqui e ali. A tosse é velha companheira, amiga escoteira de longa data nas barracas de duas lonas nos acampamentos que fiz quando virei um caminheiro nas trilhas da velhice. Sinceramente não tenho medo do “Corona”. Se ele ou ela vier que venha, sei que entubado terei poucas horas de vida, mas se foi essa minha sina escrita no meu livro da vida, aceitarei sem reclamar. Mas ainda vou viver muito, sem epitáfio, sem carta de despedida. Anrê... Só B.-P. teve este privilegio, só peço a Deus uma coisa, uma “coisita” só, se tiver que ir para o Grande Acampamento que seja uma estadia breve, pois pegarei uma carona no primeiro cometa que passar e me mando para o espaço sideral. E como se estivesse na nave espacial Enterprise direi: - “Espaço, a fronteira final. Estas são as viagens do Falecido Chefe Vado, prosseguindo em sua missão de conhecer novos mundos, procurar novas formas de vida novos escoteiros e novas Associações tradicionais Interplanetárias, para audaciosamente ir onde ninguém jamais esteve.”.