Conversa ao pé do fogo.
Espírito Escoteiro
Como seria o verdadeiro Espirito Escoteiro? Conheço uma infinidade de
definições. Claro existe a clássica onde dizem – Cumpridor da Lei Escoteira
fiel e digno de sua Promessa. Essa é simples. Como dizem por aí, curta, seca e
grossa. Risos. Mas eu gosto dela. Tem aqueles que exaltam o escotismo com
tiradas tais como: Escotismo é minha vida! – Escotismo mudou todo meu modo de
pensar! – Viver e morrer pelo Escotismo (esta é boa mesmo, eu não sei se eu
morreria – risos). Mas todas elas são frases que podem de algum modo definir o
Espírito Escoteiro.
Conheci centenas de jovens que sonhavam com o escotismo. Sempre falando nele. Ao
chegar à sede se você olhasse com atenção, veria em seu sorriso, em sua voz e
em seu Sempre Alerta, uma emoção que poderia sem sombra de dúvida dizer que este
sim era o Espírito Escoteiro. Outro dia vi uma foto que me chamou a atenção, a
tropa formada, alguém fazendo a promessa e ele sorrindo ao lado do Monitor na
formatura e olhando com uma expressão extraordinária ao promessado. Ele o
Monitor na minha modesta opinião tinha o Espírito Escoteiro. Aqui mesmo, vejo
fotos em que mesmo sem conhecer o Escoteiro acredito que em seu coração o
Espirito Escoteiro existe. Outros dizem que quem obedece à lei e a promessa
também tem o Espírito Escoteiro. Esta é difícil. Muito. Obedecer a Lei no seu
todo não é para qualquer um.
Olhe não me levem a mal. Notarem que falo muito em jovens. Sempre falo neles.
Gosto de fotos com eles. De vê-los sorrindo em um acampamento, em marcha de
estrada, principalmente quando não tem chefes no meio deles. Risos.
Escotistas para mim são irmãos mais velhos, pacientes, calmos, serenos e tranquilos
para colaborar com a formação dos jovens e, portanto não vou dizer muito sobre
eles. Mas sem sombra de dúvida que tem muitos chefes com Espírito Escoteiro. Vou
mais além, o Espírito Escoteiro nos acompanha através de décadas. Eu que o
diga. Deste pequeno até hoje. E não pensem que tenho o Espírito Escoteiro. Acho
que não. Infelizmente tem muitos chefes que têm e outros que ainda não.
Juram que tem e muitos não dizem nada a ninguém, mas no seu pensamento são
mestres em dizer que eles são mais que os outros no Espírito Escoteiro.
O que adianta falar que os jovens é que são importantes, que estamos aqui por
causa deles, que sem eles o escotismo não teria razão de ser? Não sei. Isto é
falado comentado e repetido, mas sempre vejo os adultos na frente, resolvendo,
fazendo e não se lembram de que não estão aqui para isto. E têm aqueles outros
que acreditam que devemos dar as mãos, perdoar, dizem belas palavras, mas será
que estão fazendo o escotismo conforme o Espírito Escoteiro que todos pensam?
Mas o que eu penso? E você? Pensamos da mesma maneira? Não acredito. Podemos
ter até as mesmas ideias, os mesmo ideais, mas a maneira de agir nem sempre são
as mesmas.
Por outro lado, aqueles que se rebelam, que acham que as coisas deveriam ser de
outro modo, que não concordam com tudo que os dirigentes determinam, estes tem
ou não o Espírito Escoteiro? Já disse aqui muitas vezes sobre as próprias
palavras de BP. Olhar além da ponta do seu nariz. Descobrir novos horizontes.
Pensar sobre tudo mesmo sem concordar com tudo. Claro não foi assim que ele
escreveu, mas parecido. Se alguém não concorda logo dizem “gatos e lebres”
sobre ele. Não tem Espírito Escoteiro, não sabe o sétimo artigo da lei. E assim
vai. Somos mestres a julgar os outros sem pensarmos que devemos nos julgar
também.
Mas olhe ainda bem que temos o Espírito Escoteiro como filosofia escoteira.
Duas palavras que ajudam em muito nossa chama de motivação escoteira. Se não
fosse elas (as palavras) seriamos hoje uma Torre de Babel. Onde todos falariam
uma língua diferente e ninguém se entenderia. Em Hamlet, a tragédia da dúvida
do solitário príncipe e da violência do mundo, William Shakespeare escreveu que
“há mais coisas entre o céu e a terra, do que supõe vossa vã filosofia”. Acho
que temos muito ainda para aprender sobre o Espírito Escoteiro.
E afinal se cada um de nós está imbuído no Espírito Escoteiro que achamos ter,
quem sabe iremos encontrar o caminho a seguir, olhando e vivenciando com
aqueles que viveram os “Velhos Tempos” e iremos olhar um pouco adiante do nosso
nariz, passar também a pensar, pois acredito que ninguém nasceu para gansinho
(“Daquele que vai atrás, nas pegadas do pai ganso que nem sabe aonde vai”) e
poderíamos afinal achar o nosso Caminho para o Sucesso?
E para terminar, parodiando ainda
Shakespeare, quando ainda acredito que estamos procurando o nosso caminho em
uma estrada fácil de ser seguida, eis que o Espírito Escoteiro nos aparece em
uma bifurcação como a nos dizer: SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO! E você? Tem ou
não tem o Espírito Escoteiro?