Crônicas
de um Velho Chefe Escoteiro.
“liberta
quae sera tamen”
(“liberdade
ainda que tardia”. Palavras de Virgílio, tomadas como lema pelos chefes da
Inconfidência Mineira e que figuram na bandeira daquele Estado).
Há muitos anos depois de
revezes de saúde que me impediram voar junto à juventude escoteira a escoteirar
pelos campos, trilhas e caminhos fazendo bons acampamentos, explorando novos
rumos, florestas e rios eu pensei que não poderia deixar de dar meu testemunho
do escotismo que conheci e que aprendi. Acreditava que muitos gostariam de
saber o que fizemos e com isto ter novas idéias de programas para aplicarem em
suas sessões. Assim eu precisava passar meus conhecimentos aos que tivessem
interesse e que quisessem aprender mais. São quase sete anos de Facebook mais
uns dois no Ex-Orkut. Aqui escrevo conto histórias, tento mostrar novos
caminhos, escrevo sobre honra, ética, valores, palavra, verdade e o que tenho
preso no meu coração: - O amor ao próximo à fraternidade não importando que
classe, raça credo ou escotismo faça. Não me envolvi com mais nada. A politica
ficou a margem, e apesar de espiritualista o pragmatismo religioso nunca foi
discutido. A aceitação da escolha é uma questão de liberdade que não abro mão.
Aos poucos surgiu três paginas
cujo alcance superam os treze mil participantes. Seis grupos que quase esbarram
nos vinte mil simpatizantes. Uma Fanpage que tem diariamente mais de oitocentas
pessoas alcançadas. Sei que não mais que uma dezena levam a sério o que
escrevo. Sei que o escotismo hoje tem visões diferentes do passado e muitos
ainda acreditam no que fazem conforme os ensinamentos que receberam. A
aceitação da imposição, da soberba, a forma com que se dividem em castas as
diversas lideranças, a maneira autoritária com que somos conduzidos onde a
ética e a democracia são esquecidos fazem da União dos Escoteiros do Brasil de
hoje um órgão que muitos estão deixando de acreditar. Enquanto publicações de
B-P, de aprendizado e de fatos marcantes de místicas e simbolismo são bem
aceitos quando publico outros ficam no esquecimento.
Com toda minha
cantilena, ou se quiserem sermão ou lengalenga, não desisto e nunca
desisti. Meus princípios foi um só
mostrar um escotismo autêntico, sem meios termos, sonhando fazer dele um
orgulho da nação. Sempre acreditei que formando jovens formaremos homens dignos
para o crescimento do país. Não me meti
em outras searas. Até poderia com os conhecimentos que adquiri na escola da
vida. Afinal engulo diariamente dois jornais que assino e semanalmente algumas
revistas que mostram ou acreditam mostrar a realidade brasileira. Tenho setenta
e cinco anos, não precisaria mais dar meu testemunho nas eleições exercendo meu
direito de escolher e votar. Mas disto não abro mão. Sempre fiz questão da
isenção completa. Na minha família a escolha era e é um direito de cada um.
Todos foram escoteiros e alguns em idades já para seniores ou pioneiros. Todos
eles tiveram o livre arbítrio para escolher a hora de entrar e sair. Tenho um
time do coração, mas nenhum deles foi induzido a me seguir. Quando tomaram
decisões e me procuraram dei os conselhos para mostrar se o caminho era certo
ou não. Aprende-se a fazer fazendo. Tenho orgulho de todos eles. Pais de família
conscienciosos sabem o que é a honra, a ética e a palavra empenhada.
Não tenho pretensão de
dar subsídios em áreas onde acredito que cada um sabe onde andar com suas
próprias pernas. Estamos passando por uma situação “sui generis”. Há uma
revolta no ar. Uma mágoa e ódio de apoiadores e opositores de autoridades constituídas
ribombeia nos céus como trovões de gente raivosa querendo dizer que o caminho é
o seu. Poderia fazer um artigo, poderia discordar discorrer dos meus pensamentos.
Eu sei que muitos choram as escolhas que fizeram. Os que perderam os empregos,
os que fizeram empréstimos e não tem como pagar, os que acreditaram em um dia
melhor. O nosso Brasil vive tempos de turbulências. Não temos heróis para
chegar e dizer Shazan! Ou até mesmo aqueles que se aproveitaram do “Abre-te
Sésamo da Petrobras”. Eu sei que muitos tem amigos por sinal diferentes
daqueles que alguns portentosos tem. Sei que nenhum vai pagar suas contas,
emprestar seus sítios ou casas a beira mar. Fico ainda Com São Francisco que
nos legou lindos sonhos, nos deixou uma oração que a tudo explica:
- Senhor, fazei-me instrumento de
vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu
leve o perdão; Onde houver discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvida,
que eu leve a fé; Onde houver erro, que eu leve a verdade; Onde houver
desespero, que eu leve a esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a
alegria; Onde houver trevas, que eu leve a luz. Tem mais, muito mais. Preciso
pensar que os maiores homens da história primaram pelo amor, pela trilha do
perdão, pela benevolência e pela paz. Martin Luther King, Mahatma Gandhi e até
mesmo Nelson Mandela. Todos eles terão sempre seu lugar na história muito
diferente dos que enganam que nada fizeram induzindo a acreditarem nas suas
benfeitorias esquecendo o amanhã que nunca morre. Eu sei que a esperança é uma
coisa boa, talvez a melhor de todas e nada que é bom deve morrer!