Crônicas
de um Velho Chefe Escoteiro.
Será
este o nosso escotismo moderno?
Outro dia fiz um artigo
ainda não publicado sobre a organização dos Desbravadores no Brasil. Fiquei dias
e dias pesquisando e no final me senti um peixe fora d’água. Uma organização
que prima pela disciplina, pela apresentação pessoal, pelo garbo e pela religiosidade
não tem como discordar. Em menos de trinta anos estão com a estupenda marca de
quase 250.000 membros registrados no Brasil. Dizer o que? Sei que tem muitos a
discordarem pelos seus princípios religiosos, pela forma que adotaram de ordem
unida e pouco sistema de patrulhas, mas afinal, eles não estão formando cidadãos
cônscios de suas responsabilidades? Sim eu sei que fugiram um pouco da
metodologia Badeniana, mas nossa velha UEB não fez isto e se tornou uma
associação déspota, dona da verdade? Ela não criou normas que só interessa aos
dirigentes para perpetuarem no poder?
Rodei por aí em sites e
blogs dos desbravadores. Não vi nenhuma nota que os desabonasse na apresentação
pessoal. Um primor de apresentação. Muito bem uniformizados. Todos sem exceção.
Sem querer me esbarro com fotos de membros do escotismo brasileiros nos nossos
principais fóruns nacionais. Sei que eles se acham corretamente vestidos à
escoteira. Demostram orgulho pelo que vestem. Tem até chapéu de palhinha, chapéu
de boiadeiro sem contar as cores do uniforme. Isto sem discorrer da vestimenta
que no modo de entender do Velho e atrasado Chefe Escoteiro é um desastre
total. Voltando aos Desbravadores são 230.000 participantes. Fizeram um Campori
(para nós Jamboree) em Barretos e colocaram lá 35.000 participantes. Como? Não
sei pergunte a eles. A meninada se esbaldava com disciplina, com amizade e
fraternidade. Da vontade de tirar meu chapéu e fazer um reverencia para eles.
Aí vêm aqueles que dizem conhecer o escotismo e que somos diferentes. Somos
sim, cobramos os olhos da cara para uma participação num jamboree nacional e
conseguir 5.000 e poucos e isto é motivo de palmas e caixa para os dirigentes
nacionais.
Somos mesmos. Somos perfeitos,
somos educadores da melhor estirpe baseada na formação dos alunos da
Universidade de Harvard ou da famosa Universidade de Cambridge, um primor
inglês da terra de Lord Baden-Powell. Temos tantos a falar do nosso escotismo
moderno que me recolho a minha humilde formação intelectual que nada sabe nada aprendeu
a não serem uns parcos conhecimentos da Escola da Vida. Nossos dirigentes
enchem o peito em dizer da nova metodologia baseada nos princípios modernos da
educação. Ora viva! Isto é demais. Discutem tudo. Aqui parece uma democracia
autêntica. Os princípios elementares da formação escoteira são falados,
pensados e discutidos de norte a sul. Sem desmerecer tem os bons ouvintes, os sábios
que nada sabem os famosos formadores da educação escoteira sem contar que temos
o que os desbravadores não têm: - Um APF (assessor pessoal de formação).
Bombástico isto!
Aqui nada se cria e tudo
se copia. Os ingleses de B-P já aprovaram uma promessa para o homofóbico, para
os ateístas, e nós como sempre corremos atrás. Nada contra, por sinal muito a
favor, mas quantos destes realmente querem fazer escotismo? Será que temos a
nata representante desta juventude a brigar por um lugar ao sol? Temos
seminários, indabas, assembleias, encontros e desencontros em todo Brasil a
discutir os novos rumos escoteiros no Brasil. A empáfia está solta no ar. Os
comportamentos de superioridade, do orgulho da arrogância e da soberba estão à
solta nos melhores centros escoteiros do país. Cada um dos novos ou antigos
dirigentes tem cabedais formidáveis para fazer do Brasil a maior nação
escoteira do mundo. Não faltam projetos, não faltam planos. Nosso patrimônio da
simplicidade e humildade perdeu para a riqueza o acervo e a arrogância de ser
melhor. Não se discute mais a simplicidade os bens morais, a importância de uma
educação dentro dos métodos de Baden-Powell considerados pelos novos B-Ps como
atrasados e ineficazes.
Retorno novamente para os
Desbravadores. Quase não vejo nenhum deles se jactando, se lançando na aventura
do poder acima de tudo. Da luta por uma direção, de se mostrar diferente usando
peças de fardamento que nada tem a ver com nossas antigas tradições. Dizer a
eles? Falar o que? Eles terão mil respostas, terão motivos para dizer que estão
dentro dos padrões escoteiros. Padrões? Bem é direito irrevogável que cada um
pense como quiser. Os estados brasileiros que possuem o escotismo estão às
voltas com novas eleições. Na maioria sabemos que a situação vai continuar. A
uma aceitação hipócrita que não permite dar oportunidade a outros para pelo
menos chegar ao poder e tentar mudar. Mudar? Sei não, mas acredito que a continuidade
de um partido único não traz benefício algum. Quem vai dizer ao Congresso
Nacional que não somos nada? Quem não temos representatividade na sociedade
brasileira? Que os órgãos da UEB só querem poder e serem reverenciados? Os
estados que elegeram nova direção?
Eu só digo com
sinceridade. Que os Desbravadores se divirtam na ordem unida, que marchem garbosos
com suas fanfarras, que eles rezem a mais não poder. Que a igreja dê a eles o
que precisam para desenvolver suas potencialidades, que o sistema de patrulha
deles não seja perfeito, mas é uma moçada supimpa. Alegre, feliz, confraternizando
e sem medo de ser feliz. Não estão preocupados com os novos pedagogos, com os
novos pensadores ou com a politica do Brasil. Não estão a copiar o que os
outros fazem. Já sabem onde pisar para que sua juventude possa um dia se
orgulhar de ter aprendido que a honra faz parte dos honestos, que a ética é uma
das virtudes Escoteiras, que a apresentação pessoal é tudo na vida de alguém que
respeita e sabe respeitar. 230.000! Ah! E os valorosos e grandiosos dirigentes
estão rindo atoa porque neste ano chegamos aos 80.000!