Conversa
ao pé do fogo.
Melhor
possível!
Na edição original do livro "Escotismo
para Rapazes", Baden Powell não fixou um limite de idade para o ingresso
dos meninos no Movimento Escoteiro. Como consequência, as idades nas tropas
variavam entre 9 a 18 anos. Os primeiros esforços de trabalhar com meninos
menores não tiveram sucesso. A tropa desestruturou-se, os mais velhos não
desejavam misturar-se com os pequenos e estes não conseguiram acompanhar as
vigorosas atividades feitas pelos escoteiros. Em janeiro de 1910, o Reverendo
A.R. Brow, publicou um artigo no "Headquarters Gazette", onde
questionava: O que iremos fazer com os meninos menores de 12 anos? Baden Powell
preocupava-se que um ramo para atender às crianças tivesse suas próprias
características, não fosse uma versão simplificada do programa escoteiro:
"Um ponto essencial é manter o Lobismo tão diferente, quanto o possível do
Escotismo, de forma que o lobinho tenha desejo de chegar a ser escoteiro quando
estiver na idade adequada".
B.P. Então,
solicitou a Percy W. Everett que estudasse o que estava fazendo e que redigisse
um esquema provisório. Em novembro de 1913, Everett lhe apresentou um projeto
intitulado: Regras para escoteiros menores. No final do ano de 1913 sugeria-se
para nome do Ramo: Juniores Scouts, Beavers (castores) ou Wolf Cubs (lobinhos)
ou Cubs (filhotes) ou Colts (potros) ou. Trappers (ajudante de caçador).
Segundo B.P. o nome "Lobinho" ou "Cachorro" seria muito
adequado para designar os Pata Tenra. Quanto ao uniforme disse que um boné,
semelhante ao usado no jogo de criket e um suéter estaria muito de acordo com a
elegância e praticidade necessária. Com mudanças e emendas, em 1914, foi
publicado o esquema para "Lobinho" ou "Jovem Escoteiro" que
não era mais que uma forma modificada de adestramento de escoteiros; incluía
uma forma de saudação, um emblema em forma de cabeça de lobo, a promessa
simples de servir e cumprir o dever e alguns testes simples adaptados à faixa.
Com a 1ª guerra mundial
foi permitido o ingresso de mulheres no Movimento. Suas idéias foram de grande
valia na elucidação de problemas especiais que surgiam no adestramento dos
pequenos. Entre elas estava a Srta. Vera Barclay, que se tornou o braço direito
do Fundador, no Ramo Lobinho. Ela, que a princípio interessava-se somente pelos
escoteiros, foi conquistada pelos pequenos e de tudo fez para que eles fossem
aceitos na fraternidade escoteira. Dedicou-se com entusiasmo na organização do
Manual do Lobinho, intercalando ao famoso manuscrito de B.P. recortes e
desenhos. O Manual do Lobinho, publicado em 02/12/16 (data considerada como a
da fundação do Ramo Lobinho) está impregnado de suas influências, feitas com
entusiasmo e imaginação e de um grande conhecimento da natureza de meninos
pequenos. Foi Comissária do Quartel General para Lobinhos até 1927.
O que revolucionou
completamente o esquema do Ramo Lobinho foi o Livro da Jângal de Rudyard
Kipling, publicado em 1904, que respondia à procura de Baden Powell por algo
atraente, especial, capaz de sustentar a fantasia e contribuir com a formação
da criança. Kipling um bom amigo do Escotismo desde os primeiros dias autor da
música oficial do Escotismo e pai de um escoteiro, autorizou o uso de sua obra
como base do Lobismo, que conferiu ao Ramo o divertimento, interesse e
atividade que as crianças necessitavam. A partir de 1920 Gilwell Park abriu as
portas para os chefes de Lobinhos e em 1923 as regras completas do Lobismo
foram reconhecidas. Desde então, "ensinamos pequenas coisas brincando para
que os lobinhos possam, futuramente, fazer grandes coisas a sério".
A atmosfera que
criamos na Alcatéia está ligada a uma fantasia, um fundo de cena motivador que
se reflete nas diversas atividades, colocando ao alcance das crianças a
compreensão de formas de comportamento e modelos de sociedade através de
imagens e símbolos e não de idéias e conceitos. O fundo de cena que oferecemos
às crianças e que anima o Ramo Lobinho está associado à obra de Rudyard
Kipling, “O LIVRO DA SELVA”. Para que as crianças sintam que fazem parte das
aventuras de Mowgli, precisam ser conduzidas pelos escotistas pelos caminhos da
Jângal. A evocação constante dos episódios lá ocorridos introduzidos em nossas
conversas com os lobinhos, nos relatos, nas dramatizações, nos cantos e danças,
nos jogos e brincadeiras, que as crianças vivenciam de maneira divertida como
atores e não como expectadores, cativam suas mentes e estimulam sua imaginação
fazendo-as sentir que conhecem e convivem com os personagens e os lugares da
Jângal. O Fundo de Cena aliado ao Método Escoteiro cria uma atração
irresistível às crianças e não menospreza a sua capacidade para perceber onde
termina a fantasia e começa a realidade.