terça-feira, 1 de março de 2016

Melhor possível!


Conversa ao pé do fogo.
Melhor possível!

                                 Na edição original do livro "Escotismo para Rapazes", Baden Powell não fixou um limite de idade para o ingresso dos meninos no Movimento Escoteiro. Como consequência, as idades nas tropas variavam entre 9 a 18 anos. Os primeiros esforços de trabalhar com meninos menores não tiveram sucesso. A tropa desestruturou-se, os mais velhos não desejavam misturar-se com os pequenos e estes não conseguiram acompanhar as vigorosas atividades feitas pelos escoteiros. Em janeiro de 1910, o Reverendo A.R. Brow, publicou um artigo no "Headquarters Gazette", onde questionava: O que iremos fazer com os meninos menores de 12 anos? Baden Powell preocupava-se que um ramo para atender às crianças tivesse suas próprias características, não fosse uma versão simplificada do programa escoteiro: "Um ponto essencial é manter o Lobismo tão diferente, quanto o possível do Escotismo, de forma que o lobinho tenha desejo de chegar a ser escoteiro quando estiver na idade adequada".

                              B.P. Então, solicitou a Percy W. Everett que estudasse o que estava fazendo e que redigisse um esquema provisório. Em novembro de 1913, Everett lhe apresentou um projeto intitulado: Regras para escoteiros menores. No final do ano de 1913 sugeria-se para nome do Ramo: Juniores Scouts, Beavers (castores) ou Wolf Cubs (lobinhos) ou Cubs (filhotes) ou Colts (potros) ou. Trappers (ajudante de caçador). Segundo B.P. o nome "Lobinho" ou "Cachorro" seria muito adequado para designar os Pata Tenra. Quanto ao uniforme disse que um boné, semelhante ao usado no jogo de criket e um suéter estaria muito de acordo com a elegância e praticidade necessária. Com mudanças e emendas, em 1914, foi publicado o esquema para "Lobinho" ou "Jovem Escoteiro" que não era mais que uma forma modificada de adestramento de escoteiros; incluía uma forma de saudação, um emblema em forma de cabeça de lobo, a promessa simples de servir e cumprir o dever e alguns testes simples adaptados à faixa.

                         Com a 1ª guerra mundial foi permitido o ingresso de mulheres no Movimento. Suas idéias foram de grande valia na elucidação de problemas especiais que surgiam no adestramento dos pequenos. Entre elas estava a Srta. Vera Barclay, que se tornou o braço direito do Fundador, no Ramo Lobinho. Ela, que a princípio interessava-se somente pelos escoteiros, foi conquistada pelos pequenos e de tudo fez para que eles fossem aceitos na fraternidade escoteira. Dedicou-se com entusiasmo na organização do Manual do Lobinho, intercalando ao famoso manuscrito de B.P. recortes e desenhos. O Manual do Lobinho, publicado em 02/12/16 (data considerada como a da fundação do Ramo Lobinho) está impregnado de suas influências, feitas com entusiasmo e imaginação e de um grande conhecimento da natureza de meninos pequenos. Foi Comissária do Quartel General para Lobinhos até 1927.

                       O que revolucionou completamente o esquema do Ramo Lobinho foi o Livro da Jângal de Rudyard Kipling, publicado em 1904, que respondia à procura de Baden Powell por algo atraente, especial, capaz de sustentar a fantasia e contribuir com a formação da criança. Kipling um bom amigo do Escotismo desde os primeiros dias autor da música oficial do Escotismo e pai de um escoteiro, autorizou o uso de sua obra como base do Lobismo, que conferiu ao Ramo o divertimento, interesse e atividade que as crianças necessitavam. A partir de 1920 Gilwell Park abriu as portas para os chefes de Lobinhos e em 1923 as regras completas do Lobismo foram reconhecidas. Desde então, "ensinamos pequenas coisas brincando para que os lobinhos possam, futuramente, fazer grandes coisas a sério".


                         A atmosfera que criamos na Alcatéia está ligada a uma fantasia, um fundo de cena motivador que se reflete nas diversas atividades, colocando ao alcance das crianças a compreensão de formas de comportamento e modelos de sociedade através de imagens e símbolos e não de idéias e conceitos. O fundo de cena que oferecemos às crianças e que anima o Ramo Lobinho está associado à obra de Rudyard Kipling, “O LIVRO DA SELVA”. Para que as crianças sintam que fazem parte das aventuras de Mowgli, precisam ser conduzidas pelos escotistas pelos caminhos da Jângal. A evocação constante dos episódios lá ocorridos introduzidos em nossas conversas com os lobinhos, nos relatos, nas dramatizações, nos cantos e danças, nos jogos e brincadeiras, que as crianças vivenciam de maneira divertida como atores e não como expectadores, cativam suas mentes e estimulam sua imaginação fazendo-as sentir que conhecem e convivem com os personagens e os lugares da Jângal. O Fundo de Cena aliado ao Método Escoteiro cria uma atração irresistível às crianças e não menospreza a sua capacidade para perceber onde termina a fantasia e começa a realidade.